Os melhores discos de 2022

The Weeknd, Beyoncé e Tulipa Ruiz estão entre os grandes álbuns do ano.

Na vitrola, no streaming ou no rádio, seja qual for a plataforma, a música permeia o nosso cotidiano. Em 2022, sobraram obras inspiradas, desde artistas octogenários até autores menos experientes trazendo grandes novidades, além de criadores já consolidados reforçando o motivo de serem os astros que são a partir de novas experimentações.

Neste ano, trazemos o top 10 individual com um texto sobre o álbum favorito, além da lista com o top 20 geral a partir dos votos recebidos.

Venha conhecer os melhores discos de 2022!

Top 10 de Cid Souza

10. Elza Soares – Elza Ao Vivo no Municipal

9. Scalene – Labirinto

8. Rosalía – Motomami

7. Tim Bernardes – Mil Coisas Invisíveis

6. Charli XCX – Crash

5. Djavan – D

4. Beyoncé – Renaissance

3. Kendrick Lamar – Mr. Morale & The Big Steppers

2. Criolo – Sobre Viver

1. Bala Desejo – SIM SIM SIM

Com claras inspirações na clássica MPB, o disco vencedor do Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro”, SIM SIM SIM pega a estética setentista, e transporta para a realidade pandêmica, com anseio de dias mais melhores.

O grupo formado por Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra (que trabalha acompanhado de uma banda de apoio) traz, nesse disco de estreia, uma celebração ao corpo, ao toque, a dança, e a nossa cultura, através da coletividade. Composto por uma introdução, dez canções inspiradíssimas, dois interlúdios, e uma finalização, que deixa créditos a todos os envolvidos na feitura do álbum, o projeto nos convida para a celebração vindoura, após momentos traumáticos que vivemos nos últimos anos.

Top 10 de Breno Costa

 10. Ludmilla – Numanice #2

 9. Muse – Will of the People

 8. Mabel – About Last Night…

 7. Bad Bunny – Un Verano Sin Ti

 6. Charli XCX – Crash

 5. Gloria Groove – Lady Leste

 4. The Weeknd – Dawn FM

 3. Tove Lo – Dirt Femme

 2. Rosalía – Motomami

1. Beyoncé – Renaissance

O aguardado novo álbum de Beyoncé não decepcionou. Abraçando com maestria a onda disco-retrô que invadiu boa parte da música pop nos últimos anos, a cantora não economizou nas batidas. Renaissance é um dos raros casos de álbuns cujas músicas funcionam sozinhas e em conjunto. Ouvir as músicas na ordem escolhida é como estar em uma festa que nunca acaba, cada canção transiciona para a próxima organicamente, mas ao mesmo mantendo uma identidade própria para cada uma. Uma clara homenagem ao movimento disco dos anos 70/80, Renaissance é o primeiro ato do que parece ser uma (prometida) trilogia de álbuns. Se os outros beberem da fonte do primeiro, nos próximos anos não vai ter pra mais ninguém.

Top 10 de Darlan Brandt

(sem ordem de preferência)

The Weeknd – Dawn FM

Rosalía – Motomami

Tove Lo – Dirt Femme

Mitski – Laurel Hell

Grace Ives – Janky Star

Charli XCX – Crash

Carly Rae Jepsen – The Loneliest Time

SZA – SOS

2. Lolo Zouai – Playgirl

Não foi fácil decidir qual o meu favorito desse ano. Não sou fã de carteirinha da Beyoncé, mas é inegável e quase unânime que ela entregou o melhor álbum do ano. Sendo assim, resolvi falar do meu segundo álbum favorito de 2022, o Playgirl, da Lolo Zouai. De origem franco-argelina e criada nos EUA, ela lançou em 2019 o álbum High Highs to Low Lows e foi amor à primeira ouvida. Foi um dos meus mais ouvidos naquele ano e ainda figura entre as músicas mais ouvidas desde então nas listas de fim de ano. Em 2022, ela lançou seu segundo álbum, fugindo um pouco da sonoridade do disco anterior, flertando com o R&B em algumas faixas, pop eletrônico e até trap.

A sonoridade pode ter migrado para o som mais pop, mas as músicas não perderam sua principal marca: as letras que contam histórias bem detalhadas nas canções mais lentas, ou jogos de palavras nas mais animadas, incluindo trechos em francês ou das raízes argelinas. É um álbum que melhora a cada ouvida. Destaque para as faixas “Picking Berries”, “Tamagotchi (Intermission)”, “Don’t Buy Me Flowers” e “Gummy Bear”.

1. Beyoncé – Renaissance

Top 10 de Rubens Beghini

10. Moreno Veloso e Beatriz Azevedo – Clarice Clarão

9. Gilberto Gil – Em Casa com os Gil

8. Fernanda Porto – Contemporâne@

7. Alice Caymmi – Alice 10 Anos

6. Érika Machado – Devastei o Meu Jardim Por Você

5. Rachel Reis – Meu Esquema

4. Diogo Strauz – Flight of Sagittarius

3. Illy – O Que Me Cabe

2. Salma e Mac – Voo Livre

1. Tulipa Ruiz – Habilidades Extraordinárias

Tulipa Ruiz: Uma flor que supera a própria primavera

Habilidades Extraordinárias, de Tulipa Ruiz, lançado em setembro deste ano, é um álbum difícil. E a dificuldade está em não se tratar de um trabalho simples. É um álbum denso, encorpado, com canções que precisam ser digeridas com atenção. Poderiam ser nomeadas como pós-pandêmicas com letras que dissertam sobre violências sociais, políticas, ambientais, domésticas, e até trabalhistas. O disco já é o registro de uma época, e fica ainda mais claro nos versos: “Detonou, mas não matou, não matou, mas hematoma apareceu ali” – faixa “Estardalhaço”; “Por danos morais e por maldade, vou te botar no pau, por má fé e pela fraude, por faltar dignidade e humildade, vou te botar no pau” – faixa “Vou te Botar no Pau”; “Se você tem bebê ou se você não tem, se você desafina ou se você canta no tom, tem coisa que não tem tradução, se você nunca errou ou se você errou, tudo bem” – faixa “Habilidades Extraordinárias”.

Tudo embalado numa sonoridade pulsante construída pelo irmão Gustavo Ruiz, com presença da guitarra de Pedro Sá (responsável pela fase rock de Caetano Veloso) e a voz poderosa de Tulipa Ruiz. Aqui ela confirma e reina plena como a maior voz da sua geração, tendo total controle de sua emissão que passeia por qualquer nota ou estilo. Por fim, o disco fecha com suavidade na bossa “O Recado da Flor”, com piano do parceiro João Donato e poema de Celso Sim coroando Tulipa Ruiz com a afirmação “Uma flor que supera a própria primavera”. Sim, ela supera e ninguém tem peito ou voz pra discordar.

Top 10 de Carissa Vieira

10. The Weeknd – Dawn FM

9. Carol Biazin – Beijo de Judas (Ao Vivo)

8. Ludmilla – Numanice #2

7. Gilsons – Pra Gente Acordar

6. Beyoncé – Renaissance

5. Harry Styles – Harry’s House

4. Gloria Groove – Lady Leste

3. Sandy – Nós, VOZ, Eles 2

2. Taylor Swift – Midnights

1. Florence + The Machine – Dance Fever

Escrever sobre Dance Fever não é um trabalho fácil. Na verdade, escrever sobre qualquer álbum de Florence + The Machine é sempre algo que exige um tanto, já que as músicas apresentadas transitam por gêneros variados e possuem um certo tipo de potência muito específico do trabalho de Florence Welch e Isabella Summers. Em Dance Fever, vemos um trabalho extremamente maduro e potente, que também traz muito das dores decorrentes do processo de amadurecimento que acontece na vida. E vai além. O álbum traz canções que dizem bastante sobre experiências passadas por mulheres, tudo isso com uma potência sonora que casa bastante bem com as letras que se relacionam ao íntimo doloroso de uma mulher, que também é capaz de causar dor e crescer com isso. É um álbum que consegue perpassar a intimidade, mas também levar isso para o coletivo. Tudo isso com a voz única que a Florence tem.

Top 10 de Renan Santos

10. JID – The Forever Story

9. Julia Jacklin – PRE PLEASURE

8. SZA – SOS

7. Big Thief – Dragon New Warm Mountain I Believe in You

6. Kendrick Lamar – Mr. Morale & the Big Steppers

5. Beyoncé – Renaissance

4. Weyes Blood – And in the Darkness, Hearts Aglow

3. Beach House – Once Twice a Melody

2. Mitski – Laurel Hell

1. Little Simz – NO THANK YOU

Depois do épico Sometimes I Might Be Introvert, é até surpreendente Little Simz lançar seu álbum sucessor num espaço tão curto de tempo, ainda mais considerando a magnitude e qualidade que SIMBI” possuí e ainda sem receber seu devido reconhecimento. Ela volta com um novo trabalho, anunciado uma semana antes de seu lançamento, aos 45 do segundo tempo de 2022, mas sem qualquer sinal de ter sido feito às pressas, pelo contrário. SIMBI parece ter tirado um peso das costas de Little Simz, e NO THANK YOU apresenta alguém que está no ápice de sua arte, que parece ter encontrado seu auge como artista e emenda uma sequência de álbuns do mais alto nível, com letras, sons e raps que expressam um talento singular, evidenciando que estamos diante de uma das grandes artistas da geração, e cada vez mais segura de si, como percebemos claramente aqui.

NO THANK YOU parece mesclar um pouco dos dois trabalhos excelentes que o antecedem na discografia de Simz, uma gravidade similar a SIMBI e um ritmo a lá GREY Area. Mais sucinto e compacto que o álbum de 2021, mais profundo e também ambicioso que o de 2019. Através de uma variedade de instrumentos e sucintos samples, batidas que emprestam de diferentes culturas e estilos -“X” vai do batuque brasileiro ao gospel negro -, Little Simz vai tecendo, com destaque principalmente para “Gorilla”, “Silhoutte” e “Broken”, além da própria “X”, uma história sobre negritude e como o simples fato da cor de uma pessoa definir o quanto seu trabalho terá que vir embutido de luta, ainda que pouco importe para a maioria o quanto isso custa. NO THANK YOU é um conto sobre como se manter fiel às suas raízes enquanto criando seu próprio caminho numa jornada em que é essencial não se vender para quem não reconhece quem você é, a solidão da negritude e como é possível encontrar algum alento até nos momentos mais sombrios. É Little Simz em sua melhor forma!

Top 10 de Paulo Henrique de Moura

10. Otto – Canicule Sauvage

9. Bala Desejo – SIM SIM SIM

8. Tulipa Ruiz – Habilidades Extraordinárias

7. Criolo – Sobre Viver

6. Claudette Soares, Dóris Monteiro e Eliana Pittman – As Divas do Sambalanço

5. Baco Exu do Blues – QVVJFA?

4. Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz – Moacir de Todos os Santos

3. Juçara Marçal – Delta Estácio Blues

2. Elza Soares – Elza Ao Vivo No Municipal

1. Alaíde Costa – O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim

Alaíde Costa, de 86 anos, participou de reuniões que ajudaram a fundar a Bossa Nova, foi a única mulher a participar do histórico álbum Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, teve colaboração com João Donato. E, mesmo assim, foi esquecida por muito tempo na história da música brasileira em virtude do racismo somado ao próprio machismo. Nos últimos anos, ela vem conseguindo retomar o seu espaço de direito, sendo redescoberta por jovens produtores musicais. Segundo ela própria em entrevista concedida este ano à Veja, vive o melhor momento em sua carreira. No álbum O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim, ela mistura samba, MPB, jazz, trazendo um trabalho delicado e pungente, sobre as dores enfrentadas, mas também certo otimismo. O disco tem produção de Emicida e Marcus Preto (colaborador dos últimos trabalhos de Gal Costa), e faixas compostas por Erasmo Carlos, Guilherme Arantes, Ivan Lins, Nando Reis, Tim Bernardes, entre outros, além da própria cantora.

Top 10 de Rodrigo Ramos

10. Kendrick Lamar – Mr. Morale & The Big Steppers

9. Tulipa Ruiz – Habilidades Extraordinárias

8. Carly Rae Jepsen – The Loneliest Time

7. Baco Exu do Blues – QVVJFA?

6. Rina Sawayama – Hold the Girl

5. Charli XCX – Crash

4. Little Simz – NO THANK YOU

3. Arctic Monkeys – The Car

2. Beyoncé – Renaissance

1. The Weeknd – Dawn FM

Álbuns conceituais me agradam bastante – não por acaso, meus dois discos favoritos do ano seguem esse modelo. Em tempos em que músicas são construídas para serem hits sem obedecer a regras de conjunto ou simplesmente são feitas sob moldes para viralizarem em redes sociais como TikTok e Instagram, é bastante ousado – talvez, até mesmo um luxo – que artistas possam se focar para produzir um disco cujas canções são pensadas para criar um todo e não apenas somarem-se a um conjunto de faixas que não se dialogam.

Dawn FM é uma obra completa, pensada do início ao fim para ser um só – ainda que faixas também se sustentem sozinhas, como os singles “Gasoline” e “Take My Breath”. Idealizada como uma jornada radiofônica percorrendo o purgatório, em busca da luz no fim do túnel, o álbum bebe das fontes certas, respeitando e homenageando funk, new wave e dance music da década de 1980. É notável que The Weeknd faz menção aos irretocáveis Off the Wall e Thriller, de Michael Jackson – a participação de Quincy Jones não é mera coincidência -, e o faz com maestria.

Passando por lugares obscuros através de suas melodias e produção altamente arrojada, o artista canadense canta sobre os casos de amor mal resolvidos, complicados e de uma noite só, mostrando-se disponível emocionalmente até certo ponto, porém, costumeiramente arrependido pelos caminhos tomados. Entretanto, o que faz para ter um destino diferente? Estar no purgatório conceitualmente, talvez, seja um modo de explicar o que ele não consiga na terapia (se é que frequenta).

Dançante, envolvente e até emocional, Dawn FM é um discaço, do tipo que pouco se faz por aí. O melhor de The Weeknd até aqui – e isso por si só já é um grande feito.

Os 20 melhores discos de 2022 – ranking geral

20. Juçara Marçal – Delta Estácio Blues
19. Baco Exu do Blues – QVVJFA?
18. Arctic Monkeys – The Car
17. Salma e Mac – Voo Livre
16. Gloria Groove – Lady Leste
15. Lolo Zouai – Playgirl
14. Tove Lo – Dirt Femme
13. Charli XCX – Crash
12. Elza Soares – Elza Ao Vivo No Municipal
11. Criolo – Sobre Viver
10. Mitski – Laurel Hell
9. Kendrick Lamar – Mr. Morale & The Big Steppers
8. Florence + the Machine – Dance Fever
7. Alaíde Costa – O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim
6. Rosalía – MOTOMAMI
5. Bala Desejo – SIM SIM SIM
4. Tulipa Ruiz – Habilidades Extraordinárias
3. The Weeknd – Dawm FM
2. Little Simz – NO THANK YOU
1. Beyoncé – Renaissance

Fizeram parte desta eleição:
Breno Costa
, roteirista.
Carissa Vieira, roteirista, criadora de conteúdo digital, formada em Cinema e Audiovisual.
Cid Souza, ator e podcaster (Criador/host do SeriousCast e Chat Del Barrio).
Darlan Brandt, bacharel em Letras, Analista de Sistemas e ex-DJ.
Paulo Henrique de Moura, Mestrando em Estudos Culturais pela USP e jornalista com especialização em Mídia, Informação e Cultura. Coordenador de Relações Públicas na agência Seu Gestor de MKT, produz o “365LPs” perfil do Instagram, canal e podcast sobre MPB e vinil. Também é professor do curso livre de Jornalismo Cultural no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
Renan Santos, formado em Cinema, crítico e newsposter no site Cine Eterno.
Rodrigo Ramos, jornalista, assessor de comunicação na Prefeitura de Navegantes, editor do site Previamente.
Rubens Beghini, formado em Comunicação Social, coordenador de marketing digital, formado em Design Editorial no IED, jornalista cultural e dono do perfil @rubensbeghini.

Textos por Breno Costa, Carissa Vieira, Cid Souza, Darlan Brandt, Renan Santos, Rubens Beghini & Rodrigo Ramos

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Por Rodrigo Ramos

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