Melhores Séries da Temporada 2022/2023

Melhores Séries de Comédia

Somebody Somewhere (HBO) — Segunda Temporada

Quando a série é boa, ela sempre te deixa querendo mais. Em sete episódios, a 2ª temporada de Somebody Somewhere conseguiu fazer rir e chorar com facilidade. Com seus 20 e poucos minutos que passavam voando a cada domingo, eu não me importaria de passar mais algumas horas somente vendo a vida de Sam (Britt Everett), Joel (Jeff Hiller) e cia naquela cidadezinha do interior do Kansas. Não precisava nenhum grande acontecimento, só aquele sentimento gostoso de estar com eles. Esse é o poder de uma boa escrita, em que tudo soa tão natural e genuíno e com uma sensibilidade ímpar, que parece até um testemunho da realidade. E essa verossimilhança é possível também graças às fantásticas atuações de Everett, Hill e todo o elenco.

Não à toa é uma das melhores séries no ar, porque pode te fazer gargalhar com uma diarreia compartilhada por telefone, e alguns episódios depois te mostra um duro reflexo da depressão, do luto e te joga no mar de complexidades que é nossa protagonista. E mesmo tratando de temas mais densos, nunca se perde no tom, porque a vida é isso. Uma hora estamos por baixo, outra hora estamos celebrando o amor em um casamento de amigos queridos, como vemos no belíssimo final de temporada. Ainda que tenha as chacoalhadas necessárias que aprofundam os personagens, a série aquece o coração em cada episódio e é como se fosse um abraço apertado daquela pessoa querida que todo mundo precisa de vez em quando. – Filipe Chaves

Disponível na HBO Max.

(HBO)

Abbott Elementary (ABC) – Segunda Temporada

Às vezes, tudo o que a gente precisa é colocar uma série que traga conforto e te faça espairecer. Abbott Elementary acaba preenchendo essa lacuna deixada na TV. Com um elenco bastante entrosado, momentos fofos e piadas quase nada ofensivas, o mockumentary é leve, descompromissado e bem intencionado. Não é exatamente Parks and Recreation e The Good Place, porém, deixa um calorzinho no coração. Talvez seja necessário ousar um pouco mais daqui pra frente, para não cair em algumas armadilhas que o formato lhe oferece com o passar do tempo, mas é amigável o suficiente para assistir depois de um dia ruim, seja por conta do trabalho ou o cancelamento de um show que você gostaria muito de ver. — Rodrigo Ramos

Disponível no Star+.

(ABC)

The Marvelous Mrs. Maisel (Amazon Prime Video) – Quinta Temporada

A passagem do tempo pro futuro dentro da narrativa fez com que Amy–Sherman Palladino deixasse ainda mais maduro os seus melhores traços: os eventos malucos, os diálogos rápidos, o clima de screwball, tipos fascinantes, as apresentações de Midge (Rachel Brosnahan) e o misto de ansiedade, loucura e doçura dando respiros e vidas para todos os personagens valorizando o grande ponto da série: o relacionamento de Midge e Susie (Alex Borstein), brilhantemente interpretadas por suas atrizes. — Diego Quaglia

Disponível na Amazon Prime Video.

(Amazon Prime Video)

Reservation Dogs (FX) – Segunda Temporada

Se no seu primeiro ano Reservation Dogs já deixou uma marca como um coming-of-age maduro, bem escrito e original, na segunda temporada, o texto e as ambições do showrunner Sterlin Harjo, dão passos ainda maiores ao colocar um foco ainda maior no luto e na busca por um lugar num mundo que poda qualquer questão possível de ancestralidade dos povos originários. Aqui, os nossos Rez Dogs precisam se reconectar depois da fuga e traição da Elora, mas nada é fácil ou chapado num viés de quem está certo ou errado e logo, logo estamos encarando as aventuras na reserva em meio ao surrealismo que conferiu charme e emoção para a estreia em 2021.Com participações especiais (a impressionante Lily Gladstone tem um momento chave no episódio da Willie Jack que me deixou aos prantos) e episódios stand-alone memoráveis (o que foi o episódio das Aunties?), tudo se encaminha para um desfecho que poderia ser o final da jornada desses jovens, mas felizmente ainda tivemos mais uma temporada. Carinho e pertencimento em forma de série. Reservation Dogs continua sendo uma das melhores de toda a temporada. — Zé Guilherme

Disponível na Star+.

(FX)

Beef (Netflix)

Um corriqueiro desentendimento no trânsito escalona para acontecimentos impensáveis e se torna uma das melhores séries do ano. Protagonizada por Steven Yeun e Ali Wong, Beef equilibra a comédia e o drama como poucas conseguem fazer. Há muito humor presente em várias situações, às vezes mais escrachado, às vezes mais sutil, e o roteiro brilhantemente escrito sabe dosá-lo com a carga dramática que seus complexos personagens carregam. E é impossível não mencionar a excelente trilha sonora que agrega ainda mais qualidade. Yeun e Wong estão irretocáveis nos papéis, e mostram tamanha versatilidade pra te fazer rir ou chorar, sem jamais apelar para o exagero.E ainda que o exagero esteja presente na série, ele é bem-vindo porque nunca passa do ponto, e não importa o quão absurda seja a situação, ela não parece forçada. A bola de neve que vai se formando através dessas pessoas falhas, quase indefensáveis, mas compreensivelmente humanas com vidas tão conturbadas, tão diferentes e parecidas ao mesmo tempo, culmina no fantástico décimo e último episódio, em que tudo se encaixa como uma luva por meio de diálogos e momentos cheios de sentido que te fazem refletir. Os dez episódios passam voando cheios de dinamismo e reviravoltas pontuais que te fisgam e não te deixam parar de assistir, elevando Beef a figurar entre as grandes. — Filipe Chaves

Disponível na Netflix.

(Netflix)

The Rehearsal (HBO) – Primeira Temporada

Não conseguir distinguir a realidade da ficção pode ser perturbador. O Ensaio (The Rehearsal), originada da mente perturbada de Nathan Fielder, desafia o espectador em uma experiência televisiva maluca e sem precedentes. Na trama, aparentemente real, Fielder ajuda pessoas a se prepararem para situações difíceis através de ensaios para garantir que elas passem por todas as possíveis variáveis antes de confrontar tais situações. Porém, como vai ficando provado, não há como controlar tudo e todos, pois a vida é muito mais complexa e imprevisível. O que Fielder propõe para os participantes do experimento é tão bizarro que parece ser impossível ser verídico, mas ao mesmo tempo quem garante que não é? Não há respostas para isso. É inevitável pensar que se trata de uma grande pegadinha, e por consequência não há como não rir do tom de seriedade que Fielder tenta imprimir ao propor os ensaios, contudo, em meio a tanta maluquice a série, chega um ponto em que as apostas escalam tanto, que a loucura dá a volta e nos deparamos com uma ternura inesperada. O fato é que sendo tudo encenado, parcialmente ou a mais pura verdade, The Rehearsal é uma façanha sem igual, a produção mais original dos últimos 10 anos ou mais. — Rodrigo Ramos

Disponível na HBO Max.

(HBO)

Poker Face (Peacock) – Primeira Temporada

Criada por Rian Johnson (diretor de episódios de Breaking Bad, além dos filmes Star Wars: O Retorno dos Jedi e Entre Facas e Segredos), Poker Face é o puro suco televisivo. Liderada por uma Natasha Lyonne em plena forma, a série homenageia o método procedural da TV, que caiu em desuso, mas que ganha força nesse modo de destrinchar a narrativa, partindo do plot esquisito de uma mulher que tem a capacidade de farejar quando alguém está mentindo, para dar vida a uma road trip divertida e não-convencional, em que cada episódio conta uma história autocontida e cada caso da semana traz ao menos um personagem memorável, sem nunca perder a noção do ridículo e nem se levar a sério em demasia. O modo como Johnson opta por desenrolar a trama favorece as mudanças de linguagem e tom, o que contribui para que o formato procedural não desgaste a série. Johnson faz a homenagem ao formato serializado dos anos 1970 (a referência mais evidente é Columbo, mas há outros), principalmente das séries de investigação policial, mas não se restringe somente a esses elementos, dando sua própria cara a um modelo que todo mundo já conhece. — Rodrigo Ramos

Disponível no Stremio.

(Peacock)

Barry (HBO) – Quarta Temporada

Barry nunca teve medo de brincar com a linha tênue entre comédia e drama, valendo-se frequentemente do humor absurdo como uma de suas principais ferramentas. No entanto, em sua última temporada, Bill Hader ousa cruzar essa linha sem hesitação, conduzindo a série para um território dramático mais intenso e até mesmo sinistro, inclinando-se em direção ao horror.

Essa mudança de tom pode ser considerada arriscada, especialmente em um momento tão crucial da narrativa, mas para aqueles que abraçaram essa transformação, foi uma oportunidade de acompanhar uma história densa e trágica, cujo final não poderia ser outro.

Saímos de um Barry em conflito com suas atitudes para um Barry resoluto e em plena paz com a pessoa que se tornou e com a criação que quer dar para o filho.

Apesar da transição para um tom mais sombrio, a temporada não perde seu toque original e mantém a excelência em todos os aspectos técnicos. Na atuação o destaque fica com a performance de Sarah Goldberg, que nos presenteia com uma Sally vivendo no automático, reprimindo qualquer emoção genuína em relação ao marido e ao filho. 

Além disso, o episódio “The Wizard” merece ser mencionado como uma verdadeira mostra do inegável talento de direção de Bill Hader. A série encerra de forma crua, cínica e bruta e fecha essa narrativa como uma das grandes obras do audiovisual dos últimos anos. — Valeska Uchôa

Disponível na HBO Max.

(HBO)

The White Lotus (HBO) – Segunda Temporada

A primeira temporada de The White Lotus não é boa. Ponto. E foi uma adorável surpresa me deparar com um segundo ano tão ciente e seguro de suas intenções. Ao invés de simplesmente parodiar os ricos, sem qualquer compromisso em contar de fato uma boa história além de fazer gracinha, a escolha de Mike White é… Bem, sim, ele ainda traz problemas de gente rica, entretanto, ele amplia o escopo e consegue contar histórias com personagens, digamos, mais realistas, com problemas verossímeis, ainda que de forma nenhuma deixe de rir de situações absurdas em que eles se encontram. Porém, desta vez, aqueles em cena não parecem caricaturas, mas sim pessoas. É um humor mais refinado, não partindo para o tremendo pastelão, mas construindo peça a peça o absurdo, os dramas, as desconfianças e mistérios que cercam e fazem parte da trama de cada um. — Rodrigo Ramos

Disponível na HBO Max.

The Other Two (HBO Max) – Terceira Temporada

Desde seu início, em 2019, ainda pela Comedy Central, The Other Two se mostrou afiada em relação ao seu humor mordaz em relação à indústria do entretenimento. Na terceira temporada da série, as críticas continuam fortes, sem perder a diversão, indo por caminhos cada mais nonsense. Como esquecer, por exemplo, o episódio em que Brooke fica “invisível” para seus ex-colegas de trabalho em uma festa quando decide pedir demissão (festa essa de Ellen DeGeneres, que preferiu não estar presente para os convidados poderem se divertir). Contudo, como dizem por aí que os melhores dramas possuem momentos fortes de comédia, o mesmo pode ser dito aqui sobre The Other Two: as melhores comédia também possuem momentos fortes de drama. Embora engraçada, cheia de piadas e referências ao universo da música, TV e cinema, a série não nos poupou em sua última temporada de momentos dramáticos e tenros. Impossível não ficar tenso na discussão entre Brooke e Lance, em que eles terminam o relacionamento, ou não ficar sentido pelo fim inevitável da amizade entre Cary e Curtis. Aliás, por mais que seja uma série de muito cinismo, The Other Two nos mostra, em seu series finale, que o que nos leva em qualquer história é a empatia e conexão com seus personagens. Uma série que vai fazer falta. — Breno Costa

Disponível na HBO Max.

Menções honrosas: Ted Lasso (Apple TV+) – Terceira Temporada, Only Murders in the Building (Hulu) – Segunda Temporada, Shrinking (Apple TV+) – Primeira Temporada, Schmigadoon! (Apple TV+) – Segunda Temporada, Cunk on Earth (BBC Two).

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