Submarine | Crítica

Submarine
Inglaterra / EUA, 2010 – 97 min
Comédia / Drama

Direção:
Richard Ayoade
Roteiro:
Richard Ayoade
Elenco:
Craig Roberts, Noah Taylor, Paddy Considine, Yasmin Paige, Sally Hawkins

Blog de xtraga69 : Cinema, Música e Televisão | Rodrigo Ramos, Submarine

Começarei mais um texto falando da minha decepção com o ano de 2011 e seus longas-metragens. Já virou clichê dizer isso, mas não deixou de ser verdade. Nestes últimos meses do ano, no entanto, começaram a surgir as obras que podem ser levadas a sério. Apesar de não ter desembarcado no Brasil, descobri uma pérola recentemente. Filmado em 2010, o longa britânico só foi lançado nos Estados Unidos em junho deste ano. Estou falando de Submarine, primeiro trabalho como diretor de cinema de Richard Ayoade.


Por ser novato, Ayoade faz desta sua primeira incursão ao cinema um experimento seu para testar suas habilidades como cineasta. E a partir desta visão diferenciada, ele consegue agarrar o espectador através de um filme revigorante, engraçado e apaixonante.

A história se passa na Inglaterra e é em torno de um garoto de 15 anos chamado Oliver Tate (Craig Roberts). Ele não é exatamente um dos mais populares em seu colégio. Ele tem alguns amigos, mas nunca conseguiu a popularidade que desejara. No momento, ele possui duas preocupações, ou melhor, dois objetivos na sua vida: salvar o casamento de seus pais se intrometendo de tudo quanto é jeito na relação, enquanto o outro é perder a sua virgindade antes que complete mais um aniversário. Ele está de olho em uma guria, Jordana (Yasmin Paige), porém, ela é o tipo de garota que pratica bullying. E, para conseguir se aproximar dela, ele precisa começar a praticar este tipo de preconceito. Tudo em nome do amor, aparentemente.

Para salvar a relação de seus pais (interpretados por Sally Hawkins e Noah Taylor), Oliver está disposto a tudo. Ele tenta sabotar a relação de sua mãe com o novo vizinho – que, por sinal, é um antigo amor dela -, investiga a frequência das relações sexuais deles e até mesmo envia cartas de amor para ela em nome de seu pai. Ao mesmo tempo, ele também engata uma relação com a Jordana, menina com um temperamento forte, que não gosta de melação e tem um problema na sua pele.

A linguagem utilizada pelo diretor é genial, modéstia a parte. Ele divide esta fábula moderna em três partes, e nelas há muito sentimento e competência. A fotografia do longa-metragem é belíssima. Alguns dos takes são filmados em super 8, empregando um estilo mais cult para a produção. Da mesma forma, a trilha sonora incidental é ótima e melhor ainda é a trilha de músicas compostas e interpretadas por Alex Turner, vocalista do Arctic Monkeys. São letras que traduzem minuciosamente as emoções nas telas e embalam suavemente a história.

Cada personagem tem uma peculiaridade. São papéis bem definidos, que possuem profundidade e são muito bem utilizados pelo diretor, e que são interpretados perfeitamente por cada intérprete. A dupla que interpreta Oliver e Jordana é excelente. O timing entre ambos é perfeito. É um mais talentoso do que o outro. E não é só a química entre eles. O roteiro trabalha com fidelidade o que é ser adolescente, algumas angustias, medos, necessidades e desejos da idade. Filmes sobre jovens geralmente são interpretados por jovens adultos (entre 20 e 25 anos), mas Ayoade fez questão de escalar adolescentes de verdade, o que é muito mais convincente. A obra ganha com isso, especialmente pela forma com que a direção cuida da narrativa. Esta é muito rica, tanto pelo texto muito bem montado, como também por passar dentro da cabeça do protagonista. Com isso, o espectador fica ainda mais íntimo com Oliver e todas as suas sensações. É tanto divertido quanto emocionante.

Ayoade não trata a adolescência de forma verborrágica. Ele é honesto com o público e trata de todos os assuntos, até mesmo o sexo, com muita franqueza. Essa honestidade provoca apenas reações positivas e o filme só ganha com isso. Ele consegue trabalhar bem com todos os elementos que coloca na tela, além de ter uma linguagem própria e jovial. Ele captura a essência da juventude e nos fornece uma obra que conquista o espectador desde os minutos inicias e o prende até o seu término. Tocante, engraçado, apaixonante e revigorante. Uma das melhores películas do ano, sem dúvida. Uma pérola que merece ser descoberta pelo público.

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