Gigantes de Aço | Crítica

Real Steel
EUA, 2011 – 127 min
Aventura

Direção:
Shawn Levy
Roteiro:
John Gatins
Elenco:
Hugh Jackman, Dakota Goyo, Evangeline Lilly, Anthony Mackie, Kevin Durand, Hope Davis

Blog de xtraga69 : Cinema, Música e Televisão | Rodrigo Ramos, Gigantes de Aço

Shawn Levy não é um dos diretores mais interessantes de Hollywood. Sua praia é o gênero cômico, onde já fez Recém Casados, A Pantera Cor-de-Rosa, Uma Noite do Museu 1 e 2, e Uma Noite Fora de Série. Desta lista aí, os filmes até divertem, mas certamente não estão na lista de comédias favoritas das pessoas. Indo nesta onda, não me chamava muito a atenção o filme Gigantes de Aço. O trailer, certamente, não é chamativo e a premissa soa pouco interessante. Então por que assisti-lo?

Surpresas são sempre bem vindas, ainda mais quando a expectativa é baixa e estamos num ano precário de boas obras. Ao assistir Gigantes do Aço me senti como uma criança na frente da televisão assistindo aos bons tempos da Sessão da Tarde ou do Cinema em Casa. Hoje em dia, é tarefa árdua fazer uma aventura competente e que não abuse da pieguice. Por mais improvável que alguns pudessem crer, Shawn Levy consegue encontrar o equilíbrio entre a ação e a emoção.


Gigantes de Aço é baseado em uma curta história batizada Steel, de 1956. Apesar do ano ser distante, a premissa é bem moderna. Situado em 2020, Hugh Jackman, o ator boa praça, interpreta Charlie Kenton. Ele é um ex-lutador de boxe. Atualmente, a luta entre humanos é proibida. Conforme os anos se passaram, o público exigia cada vez mais movimentos ousados e violência sem limites. Resguardando a vida humana, o esporte virou exclusividade para robôs. Estes não possuem consciência própria e são controlados para lutarem.

Charlie, que nunca chegou a viver muita glória na época em que era lutador, hoje vive em decadência, arranjando lutas para robôs, mas sempre tomando escolhas imprudentes. Por causa disso, ele deve dinheiro pra muita gente, inclusive para Ricky (Kevin Durand), também ex-boxeador. A quantia é de US$20 mil. Ele também deve aluguel para Bailey Tallet (Evangeline Lilly), amiga de infância de Charlie e dona da academia que serve de refúgio para ele, onde ele treinara na época em que lutava.

No meio desta bagunça, surge o filho dele, Max (Dakota Goyo). Órfão após a morte da mãe, a custódia do garoto de 11 anos ficaria para Charlie, no entanto, ele vê aí uma possibilidade de lucrar (US$100 mil, para ser mais exato) quando a tia do garoto (Hope Davis) quer a custódia e seu marido concorda em pagar a quantia exigida por Charlie em troca do desejo de sua esposa. Para não dar muito na cara a falta de vontade de ter o filho por perto, Charlie acaba acertando em ficar com ele durante o período de férias.

Neste tempo em que está com Max, é claro que vai haver aquela aproximação entre os dois. Num conto como este, é inevitável que isso ocorra. Mas você sabe como é. Mesmo que alguns detalhes sejam previsíveis, o importante é como é contada essa história e, em Gigantes de Aço, este ato é bem feito.

Vale, já de início, destacar o desempenho do elenco. Evangeline Lilly estava merecendo aparecer novamente, sumida desde o término de Lost. Dakota Goyo soa como uma promessa de Hollywood. O garoto mostra aqui que tem várias facetas, tanto de cunho dramático quanto num clima mais descontraído. E Hugh Jackman é a escolha certa para viver este tipo de papel. Ele é a combinação de um protagonista de ação com trejeitos dramáticos, somados ao carisma que poucos hoje possuem. Num papel que se encaixa muito bem com ele, Jackman o desenvolve com perfeição.

Outro destaque é a trilha sonora competente do mestre Danny Elfman. É incrível como seu trabalho influencia diretamente na qualidade do filme. Ela embala tanto os momentos mais delicados, quanto as cenas de ação.

A ação do longa também é bem conduzida por Levy. Apesar de não ser a praia do diretor, ele coordena bem as cenas. Os efeitos especiais estão bem empregados e os robôs (feitos a partir de captura de movimento) parecem muito reais. Ou seja, no quesito técnico, Gigantes de Aço esbanja qualidade.

O mais relevante em Gigantes de Aço é que, apesar de parecer apenas um filme normal e ter algumas obviedades no roteiro, consegue superar isso e consegue criar um vínculo emocional com o público. A química entre Jackman e o novato Dakota Goyo é de dar gosto. A relação deles é um dos pontos altos do filme. Além disso, as lutas são altamente empolgantes e angustiantes. Elas são tão bem montadas que o expectador fica apreensivo e torcendo, se segurando na cadeira. É praticamente um Rocky Balboa de robôs. E o final consegue surpreender.

No fim das contas, Gigantes de Aço é muito competente no que se presta a fazer. Tinha tudo pra ser uma película batida, mas é um baita filme. Divertido, tem ação e emoção, boas atuações e a ótima trilha sonora de Elfman. Vá ao cinema e se divirta.

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