Com o fim de Succession e Barry, listamos as grandes séries que terminaram na quarta temporada.
Succession e Barry chegaram ao fim neste último domingo, dia 28 de maio. Em celebração aos quatro anos dessas duas grandes obras, lembramos algumas ótimas séries que chegaram ainda relevantes e com alta qualidade, se reinventando e sem cair na mesmice ao seu término após quatro temporadas.
Battlestar Galactica (2004-2009) — Syfy
Criada por Glen A. Larson & Ronald D. Moore
“All of this has happened before and all of this will happen”. Battlestar Galactica (BSG), uma série reimaginada de um clássico sci-fi de mesmo nome dos anos 1970 é um dos mais belos exemplos de como reinventar uma obra. Com de uma premissa realmente digna de ficção científica em que os seres humanos, habitantes de 12 planetas (as chamadas Colônias), sofrem um atentado apocalíptico por uma de suas criações, os robôs Cylons, e precisam, então, fugir pela galáxia e encontrar um novo lar, BSG usou o gênero para refletir e debater os mais variados temas que relacionados a condição humana.
Comentando desde política até espiritualidade, de existencialismo à democracia, e mesclando ciência, misticismo, questões sociais e filosóficas num belíssimo melodrama, tudo entregue por um trabalho bem amarrado de texto, direção e elenco, e ainda com uma das melhores trilhas sonoras da televisão. Apesar de seu tom épico e de suas cenas de batalhas espaciais de tirarem o fôlego, a série se torna inesquecível ao nos presentear com uma galeria de personagens complexos e instigantes, em que muitas vezes os robôs são tão ou até mais humanos que os habitantes das Colônias, num grande ensemble em que cada personagem tem sua própria fascinante jornada.
É uma série para quem ama e também para quem não gosta de ficção científica, onde o cosmos é apenas palco para uma das histórias mais envolventes sobre o que nos faz sermos humanos. “So say we all”.
Atualmente indisponível no Brasil (somente pela lojinha).
The OC (2003-2007) – FOX
Criada por Josh Schwartz
Viúvos de Marissa e haters de Taylor, apenas lamento por vocês. Durante quatro anos e seus 96 episódios (!), The OC foi uma montanha russa de emoções. Imprimiu sua presença na cultura pop, revelou talentos, constantemente foi o motivo da roda de conversas e elevou o gênero dramático teen, além de contar uma trilha sonora inesquecível. Há altos e baixos, disso não negamos, porém, não há como acusá-la de ser irrelevante nem esquecível. Para quem não sabe, The OC traz como protagonista Ryan Atwood (Ben McKenzie), o “estranho no paraíso”, um adolescente problemático que vive se metendo em altas confusões (bem no estilo Sessão da Tarde), e acaba sendo adotado pelo advogado Sandy Cohen (Peter Gallagher). Ele vai viver no paraíso aparente de Orange County, porém, vai descobrir que nem tudo é perfeito por trás das mansões e da riqueza daquele universo. Quem disse que gente rica não tem problemas, não é mesmo?
Atualmente indisponível no Brasil (somente pela lojinha).
Barry (2018-2023) – HBO
Criada por Alec Berg & Bill Hader
Um serial killer em crise de identidade entra numa escola de teatro e descobre sua paixão pela arte. O plot inicial de Barry é original, mas será que é sustentável? A dupla Bill Hader e Alec Berg provou que sim. Durante suas quatro temporadas, Barry foi escalando no absurdo, na violência e na criatividade, e serviu para mostrar que Hader é, além de um ótimo e versátil ator, um excelente diretor e roteirista. Constantemente, a série foge do lugar comum e da obviedade. Normalmente, as apostas se pagam. A metade da temporada final é muito aquém de todo o resto do programa, mas, no saldo geral, ela ainda mantém a sua vaga em nossa lista.
Disponível na HBO Max.
Treme (2010-2013) – HBO
Criada por David Simon & Eric Ellis Overmyer
Poucas vezes lembrada pelos adoradores da tevê, Treme é uma cocriação de David Simon e Eric Ellis Overmyer (dupla que trabalhou junta em The Wire e Homicide) aborda os moradores de Nova Orleans após a passagem do furacão Katrina. A série explora a reconstrução da vida e da cultura desse povo depois da destruição. Com um elenco vasto, incluindo nomes conhecidos como Clarke Peters, Wendell Pierce e John Goodman, e atores locais de Nova Orleans, incluindo muitos dos músicos, Treme se mantém consistente do início ao fim, com uma narrativa densa e poderosa, com performances naturalistas e uma trilha sonora incomparável. A título de informação: a média de suas quatro temporadas no Metacritic é de 85. Não é pra qualquer um.
Disponível na HBO Max.
The Good Place (2016-2020) – NBC
Criada por Michael Schur
O que acontece depois da morte? A pergunta que ninguém sabe responder é o tema inicial de The Good Place, que mostra para onde vão aqueles que partem dessa para melhor — e para pior também. Durante seu percurso, The Good Place recompensou o público com questões filosóficas, plot twists, caminhos bastante originais em se tratando do gênero cômico, ótimas atuações (Janet, você sempre será famosa!) e um quê de otimismo muito bem-vindo nos tempos soturnos vivenciados pela humanidade constantemente. Colorida, viva e boba, mas com o coração no lugar, The Good Place sempre honrou sua proposta e despertou o sorriso do espectador — e, por vezes, até o choro.
Disponível na Netflix.
Halt and Catch Fire (2014-2017) – AMC
Criada por Christopher Cantwell & Christopher C. Rogers
A série inicia na década de 1980 e mostra a evolução do computador pessoal através dos visionários que enfrentam as corporações. À primeira vista, é sobre a tecnologia ao longo do tempo, mas trata-se de um embate entre o profissional e o pessoal, que acabam invadindo o campo um do outro, e como essas pessoas lidam com isso. Iniciada para ser uma opção a Mad Men, hit aclamado do canal AMC, Halt and Catch Fire demorou um pouquinho a encontrar sua identidade. Não me entendam mal, a primeira não é ruim, porém tem problemas de condução por nem saber direito o que queria ser. Do segundo ano em diante, ela assume personalidade própria e se foca em seus personagens, tornando-os irresistíveis, especialmente as duas mulheres, vividas com brilhantismo por Mackenzie Davis e Kerry Bishé. A quarta temporada, inclusive, está entre as melhores temporadas finais que já assisti.
Atualmente indisponível no Brasil (somente pela lojinha).
My Brilliant Friend (2018-2023) – HBO/RAI
Criada por Saverio Costanzo
Esta escolha é um pouco arriscada, pois a quarta e última temporada de A Amiga Genial ainda será lançada em 2023 (ao menos, é a previsão). Porém, levando em consideração as três primeiras temporadas magistrais e o último livro no qual a série é baseado ser tão aclamado quanto, acho que dá pra ousar e colocá-la nesta relação (esperamos não zicar). Baseada na obra de Elena Ferrante, a série narra a amizade e os conflitos ao longo da vida, da infância até a vida adulta, de Lenu e Lila, tendo como ponto de partida a década de 1950, em Nápoles, na Itália.
My Brilliant Friend é um recorte no tempo e mostra como foi crescer para essas duas mulheres e como, mesmo vindo do mesmo bairro, cada uma foi para uma direção diferente. Tem os problemas de bairro, familiares, internos, traumas, debates sobre misoginia, luta de classe, e muito mais. É uma obra dolorosa, profunda e belíssima. É um retrato honesto, cru e nu, sobre a vida feminina. Só falta agora ver a quarta temporada para confirmar que a trama vai ser finalizada do jeito que a gente espera. E se não for boa, futuramente apago este trecho do artigo como se nada tivesse acontecido.
Disponível na HBO Max.
Rectify (2013-2016) – SundanceTV
Criada por Ray McKinnon
Rectify conta a história de Daniel Holden, homem que viveu 19 anos no corredor da morte por ter se declarado culpado pelo estupro e assassinato da sua namorada aos 16 anos. No entanto, um exame de DNA coloca em dúvida a condenação e o liberta. Sendo assim, Daniel precisa reconstruir sua vida.
Apesar de o plot soar como uma ideia que teria facilmente saído das mentes na ABC e fariam todos os tipos de exploração sensacionalista do tema, Rectify vai em direção oposta. A série é densa, respeitosa e trabalha todos os aspectos do recomeço, exibindo como a reinserção do protagonista afeta todos ao seu redor, e não só ele, incluindo amigos, família e toda a comunidade local. É muita dor, sofrimento, momentos de contemplação, diálogos longos e filosóficos, numa pegada bastante naturalista. E tudo sem forçar a mão. São quatro anos irretocáveis (com uma leeeeve queda no último ano, mas nada grave) de uma joia rara que merece ser descoberta pelo público — mas que o Previamente já reconhece há tempos, tendo a eleito uma das melhores séries da década de 2010.
Atualmente indisponível no Brasil (somente pela lojinha).
Succession (2018-2023) – HBO
Criada por Jesse Armstrong
Sou daqueles que não é exatamente fã da primeira temporada de Succession, todavia, entendo que o consenso é de que a série nunca deixou a peteca cair. Particularmente, a segunda em diante, aí sim, ela é impecável. Mas há de se tirar o chapéu para Jesse Armstrong na construção do programa. Todos os elementos, a estética visual, o roteiro afiado, a personalidade de cada personagem, estava tudo ali desde o início. Ao longo das temporadas, muitos até chegaram a acusar a série de não “sair do lugar”, rodando em círculos sobre o mesmo assunto, repetindo os ciclos da família e dos negócios. Contudo, essa repetição na verdade é para justamente provar um ponto. Os filhos da família Roy são fruto dos abusos e da negligência de seus pais, em especial de Logan Roy (vivido magistralmente por Brian Cox). Desde o pedantismo, a prepotência de que são melhores do que os outros e até que possuem a capacidade de tocar uma empresa bilionária (mesmo sem experiência), até a incapacidade de tratar outro ser humano de forma humana, saem desse lugar — o que não é justificativa para serem um lixo de pessoa, mas nos faz entender tais personagens, por mais odiosos que sejam. Não é exatamente sobre levá-los a novos lugares, mas confirmar que estão presos nesse ciclo vicioso, que proporciona dor, mas que é a única maneira que sabem como viver — mesmo que isso lhes custe. O final é soberbo e definitivamente põe Succession no hall de melhores séries de todos os tempos. Sendo assim, não tinha como ficar de fora desta lista.
Disponível na HBO Max.
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Por Rodrigo Ramos & Geovana Rodrigues
2 comentários sobre “As 9 melhores séries com 4 temporadas”