Fizemos a lista definitiva do pior ao melhor filme do Cavaleiro das Trevas
Faltam poucas horas para a estreia de Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Por conta disso, o Previamente preparou a lista definitiva com todos os filmes do Homem Morcego, ranqueados do pior ao melhor. Entre a década de 1960 até os anos de 2010, foram lançados nos cinemas oito longas-metragens do mais adorado personagem da DC Comics e que mais trouxe dinheiro para os cofres da Warner Bros. Sem mais delongas, confira o nosso ranking.
BATMAN & ROBIN (1997)
DIREÇÃO: JOEL SCHUMACHER
ELENCO: ARNOLD SCHWARZENEGGER, GEORGE CLOONEY, CHRIS O’DONNELL, UMA THURMAN, ALICIA SILVERSTONE, MICHAEL GOUGH, PAT HINGLE
Com tantas décadas de super-heróis nas telonas, ainda é difícil bater o que foi o fracasso de Batman & Robin. Fracasso no sentido do resultado final do produto vendido pela Warner. Joel Schumacher, um ótimo diretor na verdade, resolveu desbaratinar quando foi chamado para dirigir dois longas-metragens do Homem Morcego. Deu-se início ao estilo carnavalesco com Batman Eternamente, que ainda era mais contido e contava com a loucura dos seus personagens para dar algum vislumbre de qualidade. Apesar de ter preterido fazer um filme mais sério, Schumacher foi pressionado pela Warner Bros a fazer um filme que agradasse toda a família e transformou Batman & Robin em seu carnaval utópico, seja em vestuário, em cenários ou em aparatos eletrônicos. O maior desmérito dele talvez tenha sido o close não só no peitoral, mas também na bunda dos heróis, além de mamilos nas roupas! Mas ele também criou o bat-cartão de crédito, então fica aí a dúvida. Quem sabe tudo fosse uma homenagem à série dos anos 60, mas ficou feio de qualquer forma. A trama não faz sentido algum – basicamente, consiste em Batman e Robin tendo uma briga de casal, enquanto a Batgirl aparece para criar altas confusões. Em outra vertente, Hera Venenosa e Mr. Freeze, por algum motivo incerto, juntam forças para… congelar Gotham??? Até Pinky e Cérebro são mais ambiciosos e espertos. O tipo de tridimensionalidade desses vilões equivalem a Electro, de O Espetacular Homem-Aranha 2, para se ter uma referência mais recente. Como um todo, o filme é ridículo e depreciativo. Como comédia involuntária, é fantástica. Não há como levar essa produção a sério e por isso mesmo que a Warner ficou embaraçada por ter cometido essa obra e ficou com o Homem Morcego por oito anos na geladeira, já que a crítica não foi nada calorosa e nem mesmo o público. O longa-metragem quase pôs em risco o gênero de super-herói nas telonas – lembrem-se que Superman IV por pouco não fez o mesmo. Felizmente, houve produtoras e criadores que apostaram nos anos seguintes em produções baseadas em HQs, a exemplo de Blade: O Caçador de Vampiros, X-Men: O Filme e Homem-Aranha, os responsáveis por ressuscitarem o gênero. Agradeço todos os dias por Batman & Robin ter sido um fracasso generalizado e não termos tido que aturar (ainda) mais heróis unidimensionais nos cinemas.
Batman Eternamente (Batman Forever, 1995)
Direção: Joel Schumacher
Elenco: Val Kilmer, Tommy Lee Jones, Jim Carrey, Nicole Kidman, Chris O’Donnell, Michael Gough
Batman Eternamente poderia ter sido bom. Tim Burton iria dirigi-lo, encerrando a trilogia cinematográfica pela qual ele havia assinado contrato com a Warner. Mas devido à queda de quase a metade da arredação de Batman: O Retorno em relação a Batman, além do fato de o segundo longa do morcego sob a tutela do diretor ter sido mais sombrio com mais violência e apelo sexual, a Warner tirou Burton da jogada. O estúdio quis dar um tom mais amigável, para toda a família, além de dar um upgrade no marketing, visando vender mais brinquedos. Joel Schumacher, coitado, entrou na jogada para dirigir o longa. O resultado são vários erros que poderiam muito bem ter sido acertados se não fosse uma opção de transformar a situação mais para o lado cartunesco do que sério. Se os longas de Burton pegavam pesado no tom soturno de Gotham, aqui a cidade começa a ganhar cores, seus personagens parecem ser tingidos com lápis de cor e as atuações são de chorar. Jim Carrey é o único que quase — eu disse quase — se salva, mas o overacting em certas situações o prejudica, mas aí é mais problema de direção do que qualquer outra coisa. Não dá pra dizer que Schumacher não tenha tentado dar seus pitacos e levar a trama mais a sério, o que resultou em uma penca de cenas deletadas. Mas a Warner queria manter o clima do filme mais para a família, então não tinha como manter duas sequências em que Duas-Caras acusa, com provas contundentes, Batman de ser um assassino também já que o herói, pelo menos nos filmes de Burton, mata os vilões.
Batman – O Homem Morcego (Batman: The Movie, 1966)
Direção: Leslie H. Martinson
Elenco: Adam West, Burt Ward, Lee Meriwether, Cesar Romero, Burgess Meredith, Frank Gorshin
https://www.youtube.com/watch?v=whgBnumr3QQ
Baseado na série de TV dos anos 60, o filme foi lançado dois meses depois do último episódio da primeira temporada do seriado. Todo o elenco do programa se reuniu, exceto pela Mulher-Gato, que na televisão era interpretada por Julie Newmar e no longa foi vivida por Lee Meriwether.
É compreensível que o filme não seja incrível no presente, especialmente em tempos em que roteiros do gênero de super-heróis são mais bem desenvolvidos. Porém, para a época, era um recorte perfeito de como as pessoas viam os personagens, tanto na TV quanto nos quadrinhos. É um pouco embaraçoso? É. Mas é um retrato fiel do que representava o morcegão e companhia naquela década. Se parar pra pensar, assisti-lo hoje chega a ser uma dose boa de nostalgia, então só por isso vale ser revisto, nem que seja pela cena em que Batman sai correndo pela cidade para se livrar de uma bomba gigante.
Batman (1989)
Direção: Tim Burton
Elenco: Jack Nicholson, Michael Keaton, Kim Bassinger, Michael Gough
Diferente dos tempos atuais, filmes de super-heróis não eram uma regra em Hollywood antes dos anos 2000. Marvel e DC certamente não cogitavam criar universos cinematográficos. Foi aí então que a Warner resolveu arriscar em uma adaptação de Batman. O homem morcego, até o final da década de 1980, ainda vivia no imaginário das pessoas como aquele personagem engraçadão e sem ser levado a sério a exemplo da série de TV dos anos de 1960. Tim Burton, ainda tendo que se provar após ter dirigido apenas dois longas — sendo duas comédias –, conseguiu criar um nicho que não existia ainda. Apesar do desejo do estúdio de fazer um longa que remetesse ao Batman interpretado por Adam West, Burton ofereceu um meio termo. Batman, de 1989, tem momentos engraçados — afinal o vilão é o Coringa, na versão fanfarrão — mas também mostrou ter um tom gótico, que seria aprimorado na sua sequência, três anos depois. Burton provou que, mesmo há décadas atrás, era possível fazer um filme de super-herói com sua assinatura. Há vários itens icônicos, indo de um protagonista que não exibe físico nem beleza típicos de mocinho (na época, questionava-se a escolha de Michael Keaton, ator de comédias), uma trilha sonora inesquecível de Danny Elfman, a criativa direção de arte de Anton Furst, o uniforme de couro sem a cafonice do colante. Até mesmo a atuação de Jack Nicholson, que interpresa a si mesmo como Coringa, vale a pena ser relembrada. Nicholson, por sinal, só aceitou fazer o papel do vilão por um alto salário, uma parcela dos lucros da bilheteria e que as filmagens seguissem seu cronograma – possivelmente, seu nome primeiro no cartaz também deve ter feito parte do pacote, assim como sua participação maior na trama em relação ao herói. A verdade é que o filme tem decisões questionáveis em termos narrativos, mas certamente foi o responsável por abrir as portas de um futuro melhor para o cinema baseado em quadrinhos, já que sua influência é sentida em filmes como Blade, primeiro X-Men e até a própria trilogia de Christopher Nolan.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012)
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Anne Hathaway, Tom Hardy, Marion Cotillard, Joseph Gordon-Levitt, Morgan Freeman
Nem todo mundo é fã do último capítulo da trilogia feita por Christopher Nolan. Tudo bem que poderia mesmo ter uns 20 minutos a menos de metragem. No entanto, exceto por isso e a péssima atuação de Marion Cotillard, O Cavaleiro das Trevas Ressurge finaliza o arco criado por Nolan com primor. Há aqui claros elementos dos quadrinhos, indo de O Cavaleiro das Trevas até A Queda do Morcego. Apesar de Batman estar por ali, o protagonista desta vez é Gotham City, uma das virtudes da produção.
Pode não haver uma arrebatadora atuação como a de Heath Ledger no antecessor, mas Nolan sabe qual caminho trilhar para fechar sua obra. O elenco continua escolhido a dedo, de Christian Bale e Gary Oldman às adições de Joseph Gordon-Levitt e Anne Hathaway. O roteiro dá algumas voltas, mas acaba se fechando bem, atingindo o clímax de forma épica. Nolan sabe como fazer cenas de ação marcantes, assim como Hans Zimmer sabe compor trilhas maravilhosas. Há espaço ainda para críticas ao sistema econômico, à política, à própria polícia e também à guerra.
BATMAN BEGINS (2005)
DIREÇÃO: CHRISTOPHER NOLAN
ELENCO: CHRISTIAN BALE, MICHAEL CAINE, LIAM NEESON, KATIE HOLMES, GARY OLDMAN, MORGAN FREEMAN, CILLIAN MURPHY, KEN WATANABE, TOM WILKINSON, RUTGER HAUER
Depois de (quase) termos esquecido por completo o que Joel Schumacher fez com o Homem Morcego nos cinemas, Christopher Nolan apareceu e deu uma nova roupagem para Bruce Wayne e Gotham City. Indo na contramão do que já havia sido feito do herói da DC Comics, Nolan consegue criar uma história de origem que vai muito além da morte dos pais do protagonista e consegue dar uma boa base tanto para o que vem pela frente na trama assim como para a trilogia que viria a ser desenvolvida. Muito mais soturno e denso, com vilões nada espalhafatosos e pouco conhecidos do grande público (Espantalho, Falcone e Ra’s al Ghul), Batman Begins torna-se uma referência de narrativa e de estilo em termos de história de origem, algo que poucos filmes #1 de super-heróis conseguem dar conta.
BATMAN: O RETORNO (BATMAN RETURNS, 1992)
DIREÇÃO: TIM BURTON
ELENCO: MICHAEL KEATON, DANNY DEVITO, MICHELLE PFEIFFER, CHRISTOPHER WALKEN
Assisti pela vigésima vez a Batman: O Retorno esses dias. Atualmente, não acredito que a Warner teria a coragem que teve em dar tanto dinheiro para Tim Burton fazer o que fez — aliás, com certeza não, haja visto que Burton foi chutado de Batman Eternamente por ter elevado o tom violento e sexual nesta sequência. Batman: O Retorno é uma espécie de sátira dos filmes de super-heróis. Em suma, a origem dos seus vilões é bem sem noção – Selina Kyle vira a Mulher-Gato de, literalmente, sete vidas, enquanto o Pinguim é chamado assim porque, de fato, ele foi criado por pinguins no esgoto. Os dois se juntam num plano que não faz muito sentido para deter o Batman. Em suma, um é mais louco do que o outro – afinal, alguém que se veste de morcego à noite para combater o crime também não está no seu auge de sua sanidade mental. A trama girar em torno da eleição de Pinguim para prefeito da cidade não tem pé nem cabeça. Ainda assim, tudo parece perfeito. Burton explora a loucura em torno desses personagens com precisão cirúrgica, expandindo a Gotham sombria que criou em Batman, em 1989, na versão visual mais eficiente da cidade, tanto na telona quanto na telinha. Definitivamente, um dos principais marcos da filmografia de Burton, especialmente por cravar a melhor Mulher-Gato da história.
BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS (THE DARK KNIGHT, 2008)
DIREÇÃO: CHRISTOPHER NOLAN
ELENCO: CHRISTIAN BALE, MICHAEL CAINE, HEATH LEDGER, GARY OLDMAN, AARON ECKHART, MAGGIE GYLLENHAAL, MORGAN FREEMAN
O Batman de Christopher Nolan foi responsável por mostrar que o gênero dos filmes de super-heróis não precisa ser um rótulo, vivendo somente dentro dele, e pode sim habitar em outros gêneros. Isso fica claro desde o início quando Batman: O Cavaleiro das Trevas se mostra um forte representante do gênero policial, exceto pelo fato de que o protagonista se veste de morcego. Problemas com máfia, criminosos que só querem ver o circo pegar fogo (olá, Coringa), burocracia, política e corrupção são os principais itens com que Batman se depara, coisas que são costumeiras dentro da nossa sociedade como um todo, e isso é o que finca os pés do longa-metragem no chão, tornando-o bem mais sombrio do que a maioria dos filmes de super-heróis e também realista. A obra dirigida por Nolan é magistral por conta do brilhante roteiro (escrito entre o diretor, o irmão Jonathan Nolan e David S. Goyer), que dita o ritmo frenético da película, além de criar ótimos diálogos e desenvolver personagens antológicos – tanto Coringa quanto Duas-Caras são relevantes e funcionam perfeitamente dentro da trama. Isso sem contar as incríveis cenas de ação, muitas delas práticas, sem auxílio de efeitos especiais. Todos esses pontos não seriam nada se não tivessem atores competentes diante da câmera e o que não falta aqui são interpretações acima da média de todo o elenco, especialmente de Christian Bale, Aaron Eckhart e o saudoso Heath Ledger, na interpretação de sua vida, em uma das mais complexas performances em tela que já assisti em minha vida. Mudando a ótica sobre os filme de super-heróis, Batman: O Cavaleiro das Trevas é excelência cinematográfica, independente do gênero.