Um olhar sobre o programa, suas mensagens e seus fãs
Hoje o tema é RuPaul’s Drag Race, mas se você está esperando uma grande bola de elogios para um reality show inovador, nem precisa continuar lendo. Eu vou explicar o que a grande maioria das pessoas que assistem o reality estão com sérias dificuldades de entender.
Eu sou Joanne Aushavaska White, nascida em Berlim (Alemanha), no dia 20 de abril de 1919. Como vim parar no século 21, no ano de 2015, e como estou escrevendo esta carta? Isto não interessa para nenhum de vocês.
Em meio a uma selva de antiquadismo que é a televisão mundial, foi ao ar em 2009 o primeiro episódio de RuPaul’s Drag Race. Com um estilo meio American’s next top model, o reality junta várias drag queens de todos os estilos para competir entre si pelo título de “next drag superstar” e, mesmo competindo umas contra as outras, mantendo o bom relacionamento na maior parte do tempo. A coisa mais importante a ser elogiada em Drag Race seria a forma em que o programa foi gravado, separando o personagem do ator, mostrando ao mundo que existe uma diferença muito grande entre “o que você é” e “o que você faz”.
Drag Race explica de forma completamente literal que não é porque um homem se veste de mulher que este quer se tornar uma, revelando que por trás de muita base e pó compacto existe um ser humano, uma vida, com problemas iguais a de qualquer outra pessoa. O programa mostra para o mundo que Drag é uma expressão de arte tal como pintura, música, esculturas, poesias e etc.
RuPaul, a apresentadora e jurada principal do programa, espalhou pelo mundo, episódio após episódio, duas mensagens: “Available on iTunes”, se referindo às suas músicas, e “If you can’t love yourself, how the hell you gonna love somebody else?”, o que é extremamente elogiável, já que todas as suas faixas estão mais para livro de auto-ajuda sobre aceitação do que para canções.
Não para por aí. RuPaul’s Drag Race é um show de anti-preconceito, uma vez que todas as rainhas são convocadas não por serem brancas, negras, altas, baixas, gordas, magras. Mas sim porque RuPaul viu nelas alguma coisa especial por baixo de todas aquelas intermináveis camadas de maquiagem. Durante o programa, RuPaul e o painel de jurados (que muda mais do que as roupas da apresentadora) dão conselhos para melhorar todas as participantes – não só como drag queens, mas como pessoas. A próxima Drag Superstar deve ser agradável não só aos olhos, mas em sua totalidade.
RuPaul’s Drag Race é um reality show inovador em todos os sentidos e é de grande ajuda para todas as pessoas que têm problemas de auto-estima. A mensagem que o programa passa é que você deve se amar independente do que os outros pensam e amar o próximo da mesma maneira. Foi isso que JC ensinou num livro aí, não é?
Tendo tudo isso explicado, agora é a hora que eu sou completamente mal educada. A todos os fãs de Drag Race que estão lendo isto, tenho uma mensagem.
Se vocês prestaram atenção no que RuPaul’s Drag Race significa, deveriam estar agindo completamente diferente do que eu estou vendo por aí. Se você acha que Drag Race, em algum momento, passou a mensagem de que “se você acredita em si mesmo não precisa ser gentil”, assista tudo novamente.
O que eu vejo diariamente são homossexuais, de todos os tipos, que espalham por aí atitudes de intolerância, maldade, preconceito, ódio gratuito e isto é uma balburdia! WE ARE EACH OTHER FAMILY!!!!! RuPaul não se referia somente às pessoas que ela acha que são legais ou aquelas que têm mais likes no Instagram. Ela se refere a todos nós. A mensagem era de que os homossexuais precisam ser unidos, as drag queens devem ser unidas, porque no fim só temos uns aos outros, mas só o que vocês conseguem fazer é atacar as pessoas que enfrentam os mesmo problemas que vocês na sociedade atual, e o pior: nem sabem porque estão fazendo isso! Vocês lutam por aceitação, mas como diabos vocês serão aceitos por alguém se tudo que fazem é não aceitar as pessoas do jeito que são? Se lembrassem de tudo o que a classe homossexual e todos da sigla LGBT já passaram na história e ainda passam, não fariam o que fazem uns com os outros.
Por Joanne Aushavaska White