Por André Fellipe
Pode ser um clichê, mas é um daqueles clichês tão verdadeiros que é lei: arte é subjetiva. Somos pequenas partículas de um universo conhecido como cultura pop e somos submetidos a diferentes sentimentos quando colocados diante de uma música, um filme, um livro, etc. Sabe aqueles filmes que, mesmo não estando na sua lista dos dez melhores que você já viu, representam algo peculiar e terminam guardados em um lugar especial do seu coração? Na lista de hoje, seleciono cinco filmes com base nesse critério.
Namorada de Aluguel (Can’t Buy Me Love, 1987)
Direção: Steve Rash
Eu faço parte do grupo que possuía a Sessão da Tarde como um programa praticamente religioso durante a infância, sendo criado na frente dos incríveis clássicos do cinema que davam o ar da graça naquelas tardes. Namorada de Aluguel é a representação dessa fase da vida.
Ronald Miller (Patric Dempsey) é um nerd que oferece mil dólares para Cindy Mancini (Amanda Peterson), a girl next door líder de torcida por quem ele é apaixonado, sair com ele durante um mês para aumentar sua popularidade. Encapsulando inúmeros clichês de comédias românticas adolescentes, o roteiro sempre me cativava ao retratar o desespero de Ronald em querer ser popular. Além disso, Amanda Peterson de bíquini atendendo a porta no início do filme está até hoje entre as melhores memórias da infância.
Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 1984)
Direção: Ivan Reitman
A inclusão de Os Caça-Fantasmas na minha lista é puramente uma tecnicalidade. Por mais incrível que seja o filme, ele não figura exatamente na minha lista de melhores comédias. Entretanto, sempre deixarei duas horas reservadas para revê-lo durante as férias. O trio de parapsicólogos que abandonam o emprego de professores universitários para se arriscarem na abertura de uma empresa de investigação de eventos sobrenaturais. O absurdo da situação e os efeitos especiais me impressionavam quando era pequeno (e absurdamente ingênuo, diga-se de passagem). O melhor é ver Bill Murray, Dan Aykryoyd e Harold Ramis despejando naturalidade com o roteiro, que até hoje me transforma no maior idiota da Terra enquanto revejo, rindo como se fosse uma criança.
Touro Indomável (Raging Bull, 1980)
Direção: Martin Scorsese
Falando sério agora: o filme que me fez procurar entender o máximo possível sobre cinema. Mesmo não fazendo a mínima ideia do que era um plano-sequência na época, eu consegui identificar claramente o brilhantismo de Martin Scorsese como diretor na cena da luta pelo título. É a cena que me fez procurar mais detalhes sobre a sétima arte e daquelas que tenho gravada detalhadamente na mente. Além disso, considerem Robert De Niro destruindo e uma dolorosa história de ascensão e queda que é uma das clássicas do cinema.
Campo dos Sonhos (Field of Dreams, 1989)
Direção: Phil Alden Robinson
A imaginação é uma arma poderosa para qualquer obra audiovisual. Com o uso adequado, você pode puxar o espectador e manipulá-lo (no bom sentido) para acreditar em qualquer coisa que você queira. Erre nesse ponto e é possível que você transforme a experiência de ver um filme em um fardo de proporções gigantes. Campo dos Sonhos não apenas é imaginativo ao ponto de mexer com o público, é o tipo de filme que rebate para longe a necessidade de respostas para suas perguntas e sustenta-se puramente na fé. Quando você menos percebe, está em um quebra-cabeça muito mais profundo do que a premissa indica.
É o sentimentalismo poético em um nível que poucos filmes alcançam.
Alta Fidelidade (High Fidelity, 2000)
Direção: Stephen Frears
Se eu fosse definir minha personalidade baseada em um personagem, seria Rob Gordon. Só um pouquinho mais alegre e sem uma Iben Hjejle do lado.
John Cusack quebrando a quarta parede ao longo do filme é um resumo perfeito de como minha mente funciona na maior parte das vezes. A direção de Stephen Frears é inteligente ao mesclar o tom dinâmico e reflexivo do roteiro com os momentos humorados da narrativa, todos combinados perfeitamente para ilustrar a infantilidade de um adulto inseguro viciado em música, englobando os sonhos e as decepções que preenchem a vida. Todo o ode a cultura pop realizado cria um universo que você nunca quer abandonar, preenchido com uma trilha sonora que marca qualquer pessoa com um coração.
Um dia ainda compro o pôster do Pavement (melhor banda) que o Rob tem no apartamento.
Quais são os seus filmes favoritos que não são os melhores dos seus prediletos? Opine nos comentários.