Coldplay – Mylo Xyloto | Crítica

Coldplay
Mylo Xyloto
Inglaterra, 2011 – 44 min
Rock Alternativo / Pop/Rock

Faixas:
1. Mylo Xyloto
2. Hurts Like Heaven
3. Paradise
4. Charlie Brown
5. Us Against the World
6. M.M.I.X.
7. Every Teardrop is a Waterfall
8. Major Minus
9. U.F.O.
10. Princess of China (feat. Rihanna)
11. Up in Flames
12. A Hopeful Transmission
13. Don’t Let It Break Your Heart
14. Up with the Birds

Desde que o produtor Brian Eno entrou para o time de produtores do Coldplay, o som da banda começou a sofrer mutações. Já era visível em X&Y, terceiro disco deles, que os britânicos queriam sair do clima denso e altamente emotivo de suas canções anteriores. Apesar disso, X&Y era equilibrado, com canções mais simpáticas (The Hardest Part, Talk) e outras que mantinham a tristeza poética do grupo (Fix You, A Message). Com a entrada de Eno em Viva La Vida or Death and All His Friends, o Coldplay já não era mais a mesma banda. O principal single demonstrava isso. Viva La Vida se tornou uma das canções mais tocadas nas rádios por ter mais resquícios pop do que aquele rock alternativo do início de carreira.

O que aconteceu, afinal, com o Coldplay? A realidade é que a banda se tornou algo mais comercial do que propriamente autoral. No entanto, isso não os desqualifica. Apesar de tentar empregar um som mais pop e grudento, o grupo musical liderado por Chris Martin ainda consegue criar canções com sentimentos genuínos e melodias bem construídas. Em Mylo Xyloto, à venda em todo o país, a banda mostra sua maior mudança, ao mesmo tempo em que, em sua essência, se mantém a mesma.

O disco inicia com aquela música instrumental, faixa homônima, e então o ritmo sobe e o agito inicia com a ligeirinha Hurts Like Heaven. Logo de cara fica clara a mudança de ares. A música é bem produzida, com muitos efeitos eletrônicos, uma sonoridade cheia de elementos, sem deixar de lado os instrumentos reais. A letra é cheia de jogos de palavras que nem mesmo Chris Martin sabe se faz sentido, mas é fácil encontrar algumas interpretações nesta canção que passa uma sensação de bem estar. Em seguida, temos o segundo single do disco, Paradise. Com uma letra menos elaborada do que a faixa anterior, o clima em Paradise é de muita alegria e é o tipo de música para levantar o astral de qualquer um e fazer abrir um sorriso no rosto. Chris Martin não se fixa demais na letra. Ela é simpática, sem dúvida. Há muitos “oh oh oh” e “para para paradise”, mas mesmo assim a canção funciona. Ela cria um sentimento positivo e seu refrão, apesar de repetitivo, consegue alcançar e agradar o ouvinte. A sonoridade é bem trabalhada mais uma vez. Assim como vi no Rock in Rio, a banda investe pesado em muitos efeitos no arranjo desta nova fase, mas sem deixar de lado bateria, guitarra e baixo. É uma junção que dá certo nesta faixa.

Continuando o clima de alegria, Charlie Brown é outra faixa competente que tenta descrever a infância e consegue captar o espírito desta fase com êxito. Em seguida, Us Against the World é a primeira faixa no álbum em que o aspecto acústico e menos eletrônico é explorado. É uma faixa bonitinha, calminha e quase dá sono. Retornando ao clima mais alegre, Every Teardrop is a Waterfall é a próxima. Num clima de alto astral, a banda coloca guitarra solando, batidas contínuas, uma letra onde a felicidade é constante com crianças brincando, a música no volume máximo, o coração batendo forte, as sirenes formando uma sinfonia e cada lágrima se transformando em uma cachoeira. É uma canção para deixar qualquer um sorrindo. Definitivamente, é a “feel good music” do ano.

Em seguida, Major Minus entra um pouco no campo country, brinca com ruídos, traz uma letra que pouco faz sentido e muitos “ooh ooh oooh” que se assemelham a Sympathy for the Devil dos Rolling Stones. É uma faixa diferente, mas nada tão interessante assim. U.F.O. é outra canção acústica que representa a calmaria do álbum.

Destacando-se de tudo dentro do álbum é a colaboração pouquíssima provável entre Coldplay e Rihanna. A faixa Princess of China é o momento hip-hop do álbum (sim, vocês nunca esperavam por isso). Chris Martin se sai muito bem no ritmo da canção e a participação da cantora é tão importante quanto à dele. Suas vozes se encaixam, por incrível que pareça. A letra é uma das mais bacanas do disco e o conjunto inteiro é uma produção bem amarrada e acabada.

As últimas faixas do disco voltam para a pegada mais acústica e calma. Estas canções lembram muito o estilo do primeiro cd deles, Parachutes, lançado em 2000. No entanto, parece que a banda não consegue ter grandes inspirações neste seguimento sonoro como as faixas Don’t Panic, Trouble e Sparks.

O que podemos concluir em Mylo Xyloto é que o Coldplay apesar de ser diferente, continua o mesmo. Há muitos elementos nunca explorados antes por eles, mas os caras não deixam de utilizar recursos com os quais já são familiarizados. É muito mais alegre do que você espera que seja, no entanto, esta nova faceta deles consegue agradar aos ouvidos e grande parte dos fãs. Mais pop, é verdade. Contudo, a emoção ainda se mantém um dos principais elementos do quarteto britânico.

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