Björk – Biophilia | Crítica

Björk
Biophilia

Islândia / Inglaterra, 2011 – 49 min
Eletrônico / Experimental / Art Pop

Faixas:
1. Moon
2. Thunderbolt
3. Crystalline
4. Cosgomony
5. Dark Matter
6. Hollow
7. Virus
8. Sacrifice
9. Mutual Core
10. Solstice

Blog de xtraga69 : Cinema, Música e Televisão | Rodrigo Ramos, Björk - Biophilia

Björk é uma cantora ousada e estranha. Não há dúvidas de que a islandesa tem personalidade e qualidade musical. Mas certas coisas nela ainda me deixam um tanto estranhado. Involuntariamente, ela se torna uma figura intrigante, horripilante e adorável, tudo ao mesmo tempo. São estas suas características que fazem de Biophilia um disco que tem a sua cara, desde a composição até a sua execução final que está à venda no Brasil a partir desta semana.

Sempre em busca de novos desafios, Björk fez algo que ninguém ainda havia feito no mercado fonográfico: criar um álbum aplicativo e interativo. Para quem comprar o álbum Biophilia para iPad, poderá brincar com as faixas, incluindo novos instrumentos, até mesmo criando outras versões completamente diferentes das canções. Será esta a alternativa do futuro? Mais uma vez, Björk está um passo a frente de muita gente neste mercado.

Ela criou o álbum e contou com a direção do cineasta Michel Gondry (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças) para o projeto. A cantora tentou abranger o máximo de elementos em Biophilia, misturando a tecnologia com a natureza. A primeira canção do álbum, intitulado “Moon“, abre esta experiência de forma calma e bela. A sensação é de viagem e quase chegamos à lua. A canção é capaz de elevar o espírito, tanto pela sonoridade, calma e com muitos acordes suaves, num estilo nipônico, além de possuir uma letra que remete a um recomeço. Em seguida, com “Thunderbolt“, ela tenta eletrizar um pouco o disco utilizando as bobinas de Tesla para extrair sons únicos.

Crystalline” é uma das melhores do disco. Esta é uma canção que a cantora fez quase inteiramente no seu iPad. Ela é, basicamente, toda eletrônica. Há uma contínua base “gameleste”, com batidas e ritmos eletrônicos, finalizando com um breakcore genial que cai muito bem na canção. Na letra, Björk fala da nossa relação com as pessoas, os medos e o contato com a natureza. Em “Cosmonogy” ela fala sobre os corpos celestes e conta uma versão de como teria sido constituição do planeta.

Em “Dark Matter“, o disco vai ficando um pouco sombrio. Se esta se assemelha com um conto de terror – de uma forma muito estranha -, “Hollow” também aposta no clima de suspense. Parece que estamos num filme do gênero com aqueles toques de piano pesados, bem marcados. A islandesa acerta nesta faixa, falando sobre as conexões que temos com os nossos ancestrais e que temos no nosso DNA características da mãe da mãe da mãe da mãe da nossa mãe.

Virus” é mais uma canção bem dosada. É um misto de barulhos, uma verdadeira confusão, ainda mais quando Björk começa a cantar. Mas é uma confusão que se transforma em algo natural. Com direito a batidas eletrônicas, uma espécie de tambor, muitos cristais e sons de móbile. Novamente ela traz o estilo nipônico para o álbum e também nos descreve uma relação fatal.
Mutual Core” tenta explicar, mais uma vez, como as coisas neste planeta se formaram. A faixa possui uma sonoridade que parece ecoar dentro do corpo de uma mãe e culmina na irá do som 16 bits.

Com um misto de novos instrumentos e sons, Björk ousa com vigor e acerta em muitos momentos. É um grande experimento musical. A cantora viaja pelo vasto universo e se conecta com a natureza. Apesar de muitos dos sons serem feitos artificialmente, ela extrai o máximo que pode de originalidade e natural destes barulhos. Num todo, é uma carta à mãe natureza e um beijo no futuro tecnológico. Björk faz um trabalho consistente, diferente e estranho, como tudo o que ela faz.

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