Duas decepções marcam a segunda noite de disputa pela Coruja de Ouro
Por Rodrigo Ramos
Na segunda noite da Competição Internacional do 4º Cinerama.BC foram exibidas mais duas produções, uma alemã e outra estadunidense. O primeiro filme a ser exibido na noite de quinta-feira foi As Filhas (Töchter, 2014). O longa-metragem traz a estória de Agnes (Corinna Kirchhoff), uma mãe que está à procura de sua filha. A primogênita fugiu de casa e Agnes parte para Berlim para saber do paradeiro dela.
O motivo da ida à capital alemã é para identificar o corpo de uma garota que pode ser de sua filha, porém ao chegar no local do reconhecimento, ela percebe que não era sua cria. A trama se mantém em Berlim enquanto Agnes continua sua busca. No meio do caminho, ela se depara com Inês (Kathleen Morgeneyer), uma artista que vive nas ruas da cidade. O acaso une as duas e a partir daí é que a narrativa começa a se desenrolar, apesar de nunca verdadeiramente decolar.
Agnes acaba atropelando Inês e então resolve ajuda-la, dando até mesmo abrigo em seu quarto de hotel. No entanto, Inês acaba se aproveitando da bondade de Agnes. A verdade é que ela é uma folgada. Enquanto Agnes se tortura dia após dia por conta da filha que a rejeita, Inês vai forçando e leva Agnes até o limite. A verdade é que uma representa a mãe e a outra a filha. O longa traz um paralelo que tenta explorar nas personagens essa relação materna, já que Inês faz questão de insinuar as semelhanças entre sua própria genitora e a protagonista da película. Contudo, a comparação que a diretora Maria Speth tenta imprimir não é tão bem vinda e não funciona como deveria ser em sua pretensão. A película carece de momentos marcantes e muitas vezes fica no marasmo, o que pode até mesmo traduzir o sentimento de vazio e lamentação de Agnes. Existe ironia no desfecho das protagonistas e a sensação deixada no final é a que foi traduzida pelos presentes na sessão: palmas tímidas, quase que por educação.
O segundo filme da noite foi Fugindo do Amanhã (Escape From Tomorrow, 2013), filmado dentro do parque da Disney, sem autorização e conhecimento dos proprietários. A narrativa conta a trajetória de Jim (Roy Abramsohn), que no meio das férias com a família recebe um telefonema do chefe despedindo-o de seu emprego. No último dia no parque, ele tem que fazer de conta que está tudo bem. Porém, o faz de conta não dura muito tempo.
O longa traz situação bizarras dentro do parque, mostrando que um lugar teoricamente mágico e feliz pode ser extremamente assombroso. As filmagens preto e branco realçam essa sensação de tenebrosidade. O filme não sabe exatamente o limite entre o suspense, o trash e o tosco, mas talvez essa falta de limitação própria é o que torne a película tão única, perturbadora e até mesmo engraçada.
Texto publicado originalmente na versão impressa do jornal O Sol Diário, do Grupo RBS.