Seguindo a mesma fórmula da série original, o revival de Full House funciona apenas para os fãs saudosos.
Um é pouco, dois é bom, três é demais. Com essa chamada era feita no Brasil a divulgação de Full House (Três é Demais), série que foi exibida por aqui nos anos 90 e 2000, apesar de ter tido seu início em 1987 nos Estados Unidos. A sitcom tinha como premissa mostrar o dia-a-dia da família Tanner – que consistia no pai, seu cunhado, seu melhor amigo e as três filhas – de forma cômica, seguindo os passos da maioria das sitcoms dos anos 80 e 90.
Apesar de a série ter sido cancelada em 1995, permaneceu muito querida pelos seus fãs no mundo inteiro. A Netflix, em pleno 2016, agraciou os seguidores saudosos com o spin-off Fuller House, que traz parte do elenco original de volta com uma premissa muito parecida. Na série, DJ Tanner Fuller (Candace Cameron Bure), a filha mais velha na série original, é a protagonista. DJ, assim como seu pai Danny Tanner (Bob Saget) na série original, acabou de ficar viúva. A casa original não possui mais todos os seus moradores, então Stephanie Tanner (Jodin Sweetin), a irmã do meio, e Kimmy Gibbler (Andrea Barber), a melhor amiga folgada, vêm morar com DJ para ajudarem a criar seus três filhos. Parece familiar? Pois é. É uma inversão da premissa da série original. O que não é necessariamente algo ruim.
Sendo franco, se você não era fã de Full House, ou ao menos de sitcoms dos anos 80 e 90, Fuller House não é para você. No entanto, se a situação for contrária, o seriado funciona – e muito. Para quem se encaixa na primeira descrição, o seriado será sem graça, previsível e com ar de velharia. Talvez não seja para tanto, mas definitivamente não vai funcionar tão bem. A série tem momentos e tiradas hilárias, e talvez isso seja a salvação, mas é um estilo que, hoje, não dá mais certo.
Contudo, Fuller House agrada da melhor forma o público a que se propõe – fãs da cancelada Full House. Possuindo a fórmula praticamente igual, trazendo personagens queridos de volta e piadas no estilo que os fãs costumavam amar, a série deixa seu público-alvo principal com um sorriso no rosto já nos primeiros minutos. O primeiro episódio traz todo o elenco original de volta. Com exceção de Michelle Tanner, já que nenhuma de suas intérpretes, as gêmeas Mary-Kate e Ashley Olsen, aceitaram voltar ao papel, o que rende algumas boas piadas (e indiretas) ao longo da temporada.
Com algumas desculpas de roteiro, parte do elenco vai embora da famosa casa em São Francisco, fazendo apenas algumas participações especiais. DJ, Stephanie e Kimmy vivem com Jackson (Michael Campion), Max (Elias Harger) e Tommy Fuller (Dashiell e Fox Messitt), filhos de DJ, e Ramona Gibbler (Soni Nicole Bringas), filha de Kimmy.
A nostalgia é o sentimento que permeia a série. Ao longo da temporada, são relembrados diversos momentos da série original, seja em formato de diálogo apenas, ou de flashback. Os pontos altos ficam com Jodin Sweetin como Stephanie, que conseguiu manter-se muito fiel a personagem da série original com suas tiradas hilariantes e agora com tons mais adultos, e Elias Harger como Max Fuller, que apesar de irritante para alguns, consegue ser um dos personagens mais fofos e engraçados do seriado.
A série, então, cai como uma luva para o público a qual foi designada. Quem cresceu com DJ, Stephanie e Michelle, vai rir e se divertir relembrando o estilo e as piadas. Porém, para quem não é fã de humor de sitcoms dos anos 80/90, não encontrará graça alguma. Apesar dessa discrepância, no fim das contas o seriado cumpre bem seu papel.
Os 13 episódios da primeira temporada de Fuller House estão disponíveis na Netflix. A série já foi renovada para uma segunda temporada pelo serviço de streaming.
Fuller House – Season One
EUA, 2016 – 13 episódios
Comédia
Criado por:
Jeff Franklin
Elenco:
Candace Cameron Bure, Jodie Sweetin, Andrea Barber, Michael Campion, Elias Harger, Soni Nicole Bringas, Dashiell e Fox Messitt, John Stamos, Bob Saget, Lori Loughlin, Dave Coulier
https://www.youtube.com/watch?v=U36jlK6ySWA
Por Paulo Henrique Testoni