Melhores Séries de Drama da Temporada 2022/2023

Andor, Better Call Saul, Succession e The Last of Us estão entre as melhores séries do ano.

Esta é a última parte da nossa lista dos melhores da televisão na temporada 2022/2023, selecionados por quem realmente consome TV.

Neste artigo, você conhecerá as 10 melhores séries dramáticas da temporada passada, exibidas entre os dias 1º de junho de 2022 e 31 de maio de 2023, período de elegibilidade para o Emmy Awards, principal premiação da TV mundial.

Nosso top conta com uma família bilionária em crise, um homem em fuga, funcionários de um restaurante prestes a explodir de tanta ansiedade, um amor de pai e filha em pleno apocalipse zumbi, a rebelião contra a repressão do sistema numa galáxia muito distante, advogados lidando com as loucuras da realidade, entre outras grandes histórias. Confira!

Evil (Paramount+) — Terceira Temporada

Após sua magistral segunda temporada, Evil retorna para mais um ano e se firma como uma das grandes séries da atualidade. Com o universo e personagens mais que consolidados, agora os King nos mostram o absurdo do sobrenatural de maneira muito mais relacionável, utilizando até mesmo memes e algoritmos, e mergulham de cabeça nos dramas de seus carismáticos (e problemáticos) protagonistas.

Família e amizade se tornam de vez os pontos centrais desta história, e, todo o horror, muitas vezes escrachado, acaba sendo uma escada para potencializar os demônios internos que cada um dos personagens estão enfrentando, que por sua vez também está embutido nos títulos dos episódios, que, com exceção do 5º, começam com “The demon of…”, o que nos leva ao submundo do que achávamos conhecer do universo até então. — Cid Souza

Disponível na Globoplay.

(Paramount+)

Fleishman is in Trouble (FX)

Num primeiro momento, Fleishman is in Trouble (A Nova Vida de Toby, na tradução brasileira) parece um relato de white people problem, uma pessoa privilegiada, bem sucedida, confortável financeiramente, mas que ainda assim entende que sua vida é terrível. Pois bem, apesar de não parecer à primeira vista, felizmente os desdobramentos da minissérie provam que a obra tem algo a dizer. Ainda que seja um pouco do que foi descrito acima, a produção serve como um recorte dessa geração no início dos seus 40 anos, que se encontra velho demais para ser jovem e jovem demais para ser deveras velho (apesar de que seja um pouco). O mais importante aqui é se deparar que o passado, os tempos áureos da juventude (ou que a gente pensa que eram áureos), não voltam e não podem ser reproduzidos, pois o que se foi já era e não há como reviver aquilo. A nostalgia existe porque é a saudade de um tempo que já foi, não que pode ser revivido. Por vezes, essa nostalgia vem de um lugar de arrependimento das escolhas que não se fez, um ressentimento pelos caminhos percorridos, mas a realidade é que não há como voltar atrás. O inconformismo com o que se optou pode ser destrutivo, como é evidenciado aqui. Nem sempre nos tornamos aquilo que imaginávamos quando éramos mais jovens, mas essa é uma das pegadinhas da vida. É a ânsia de querer mais do que temos, o que acaba se provando um erro. 

Não obstante, a minissérie ainda vai mais a fundo quando exibe o tipo de pressão que uma mulher sofre nos tempos modernos em que a jornada de trabalho se dobra ou é triplicada, incluindo a pressão da vida profissional, os afazeres domésticos, a responsabilidade com os filhos e a relação conjugal, além dos horrores da violência obstétrica, um tópico extremamente sensível e que a obra aborda com primor, em um dos episódios mais desoladores do ano, “Me-Time”, com uma performance estelar de Claire Danes. 

Por fim, a minissérie também conclui que a verdade é um ponto de vista, que ela não é absoluta e que precisamos estar atentos a quem está narrando um fato, pois sempre há vários lados. Sabe, é meio aquilo que Machado de Assis já nos ensinou com Dom Casmurro, mas que Fleishman is in Trouble, ainda que não tenha nenhuma relação aparente, acaba concluindo. — Rodrigo Ramos 

Disponível na Star+.

(FX)

The Good Fight (Paramount+) — Sexta Temporada

O despedida de Diane Lockhart (vivida intensa e brilhantemente por Christine Baranski) das telas vem após 13 anos no ar, com a sexta temporada de The Good Fight, uma série que foi extremamente necessária nos anos Trump, abordando os níveis de surrealismo que somente a realidade seria capaz de proporcionar, mas que a ficção do casal Robert e Michelle King conseguiu, de algum modo, atingir e até mesmo prever. Neste sexto ano, temos de tudo um pouco, como tiroteio, ataques de supremacistas brancos, luta antirracista, Rússia, fetos ganhando representação legal, The Rock sendo considerado como candidato à presidência dos EUA (mais uma previsão acertada da série) e o temor de Donald Trump voltar para ser novamente presidente (outra coisa que o casal King acertou), a adição bem-vinda de Andre Braugher no elenco (infelizmente, um dos últimos papeis do ator, falecido neste mês de dezembro), além do retorno triunfal do queridinho do Good-verse, Eli Gold (interpretado pelo excelente Alan Cumming, que encontra o tom correto neste comeback). Neste último ano, a série sofreu com a péssima escolha de manter Diane refém do seu casamento com Kurt, o que evidentemente impediu que a obra progredisse em diversos momentos. Apesar disso, o saldo ainda é positivo e a série deixa um legado para os verdadeiramente aficionados em TV. — Rodrigo Ramos

Disponível no Stremio.

(Paramount+)

Interview with the Vampire (AMC) — Primeira Temporada

Entrevista com o Vampiro não é uma história desconhecida do público. Pelo contrário, é uma obra a que muitos estão familiarizados, seja pelo livro de Anne Rice, seja pela adaptação cinematográfica protagonizada por Brad Pitt e Tom Cruise. Então trazer essa história às telas novamente não era uma tarefa fácil, até porque muitos são os fãs de Louis e Lestat. 

A nova série de Entrevista com o Vampiro coloca Louis narrando sua história de vida em plena pandemia de Covid-19, reencontrando o jornalista a quem anos antes parou para narrar sua biografia. 

Todas as modificações que ocorrem na série, à primeira vista, podem parecer absurdas, mas a verdade é que cada ponto mudado dá densidade à história. Colocar Louis como um homem negro em uma época de escravidão soa bizarro quando ouvimos pela primeira vez. Ao ver na série faz as atitudes do personagem terem mais e mais sentido. 

Esta versão de Entrevista com o Vampiro traz um elenco incrível, que personificam de forma magistral seus personagens, com suas mais variadas nuances e dicotomias. A série trata das questões relacionadas ao amor de dois homens em uma época em que amar alguém do mesmo gênero era proibido. O relacionamento tóxico entre os protagonistas é colocado de forma a que o público perceba os problemas. E a própria série faz questão de sempre mostrar que Louis, por mais carismático que seja, não é necessariamente um narrador confiável. 

Na primeira temporada, Entrevista com o Vampiro entrega não apenas o que os fãs desejavam, mas consegue colocar na tela ainda mais. Uma excelente produção que merece ser vista por fãs da Anne Rice e por quem nunca parou para conhecer suas histórias. — Carissa Vieira

Disponível no Stremio.

(AMC)

House of the Dragon (HBO) — Primeira Temporada

O final de Game of Thrones me deixou com o sinal vermelho ligado com o seu spin-off, mas apesar de estar longe de ser perfeita com um problema de pressa, imaturidades narrativas, algumas cenas mal iluminadas e um aproveitamento irregular das sequências noturnas e das cores, House of the Dragon (A Casa do Dragão, em português) surgiu como uma divertida e bela surpresa oferecendo um novelão assumido permeado por personagens e atores carismáticos com um senso de catarse que não ultrapassou os conflitos familiares e as intrigas palacianas da sua vida cotidiana tão fascinantes com tempo até pra algumas reflexões mais poéticas e fantasiosas quanto ao mundo de Westeros na ambientação caprichada daquele mundo. Fica a torcida que na segunda temporada a série cresça e apare os erros da primeira, porque é uma diversão imperdível. — Diego Quaglia

Disponível na HBO Max.

(HBO)

Andor (Disney+) — Primeira Temporada

“There is only one way out”. Para renovar uma das mais tradicionais franquias da cultura pop, Andor retoma a mensagem original de Star Wars: a Rebelião. No entanto, aqui, os rebeldes ainda não estão organizados em uma Aliança, não há sabres de luz, princesas ou X-Wings, há somente o Império, estático, opressivo, onipresente. É nesse contexto que conhecemos Cassian Andor, um jovem em uma jornada solitária pela sobrevivência num sistema político injusto, mas que logo é engolido por eventos maiores e que modificam sua relação com o contexto social ao redor, dando a ele a consciência de que a luta pode ir além da causa individual. O processo de radicalização de Cassian é o grande fio condutor da série, fazendo um paralelo com o despertar da Rebelião pela galáxia, numa história que conta com o suporte de um ensemble de personagens complexos e bem construídos. Dona de uma narrativa confiante, a série aborda com riqueza ideias que vão desde política até relações familiares, sempre atenta aos detalhes e com uma capacidade ímpar em dar realismo à uma obra de ficção científica — aliás, o Império não é apenas uma frota de grandes naves espaciais; mais importante, é um sistema burocrático que contamina até as mais triviais atividades cotidianas. 

Ancorada numa construção de universo belíssima, com um design que dá diversidade à Galáxia tão, tão distante, uma trilha sonora do brilhante Nicholas Britell e com um elenco muito confortável e seguro em seus personagens, Andor é uma produção de grande qualidade, capaz de agradar tanto fãs quanto àqueles que nunca ouviram falar em Coruscant. Além disso, a série não abandona a nostalgia do universo original, porém, não deixa que as referências consumam toda a narrativa e, o mais especial, se permite ser diferente, não por ser uma obra mais sombria e madura, mas porque compreende que há uma galáxia inteira de possibilidades para se contar uma boa história. Andor é a revolução que Star Wars tanto precisava. — Geovana Rodrigues

Disponível na Disney+.

(Disney+)

The Bear (FX) — Primeira Temporada

Eis uma grande questão. Drama ou comédia? Na avaliação da maioria dos jurados do Previamente, não tivemos dúvida: The Bear (O Urso) é uma série dramática. E uma excepcional, por sinal. Sim, há os momentos de alívio de tensão, uma risadinha aqui e lá, mas a verdade é que The Bear segue no fio da navalha para contar uma história sobre traumas, perdas, o significado de família, resistência ao novo e inseguranças. The Bear é basicamente um ataque de pânico, uma crise acentuada de ansiedade em forma de série. É uma constante sensação de que tudo está prestes a explodir, porque todos os personagens estão no seu limite em suas respectivas vidas, cada um vivendo suas dores de uma forma diferente, unidos pelo acaso. Com a maioria dos episódios tendo uma duração média de 30 minutos (amém!), a série vai direto ao ponto, contando os dramas desses personagens, ilustrando a sensibilidade que há por trás da instabilidade geral, e mostrando as possibilidades que temos de, como seres humanos, nos reinventarmos. É uma baita série, com as intenções e o coração no lugar certo, com todo o cuidado técnico a seu favor e um elenco supremo. — Rodrigo Ramos

Disponível na Star+.

(FX)

The Last of Us (HBO) — Primeira Temporada

Zumbis! Zumbis! Zumbis! Em tempos em que The Walking Dead já tem uns 32 spin-offs (não contei, mas a impressão é essa), The Last of Us vem como um refresco para regenerar o sistema imunológico do gênero pós-apocalíptico com mortos-vivos. É aquela coisa que já estamos acostumados de “os seres humanos são os verdadeiros vilões e não os zumbis”, claro, afinal o homem é o lobo do homem. Mas The Last of Us se diferencia por ser uma história bastante focada nestes dois protagonistas, cujos caminhos se encontram em meio a um mundo moribundo e acabam desafiando um ao outro emocionalmente, criando laços tão fortes quanto os sanguíneos conforme a convivência. Tudo bem, é consenso que o melhor episódio da temporada é aquele fora da curva, que não foca em nenhum deles, porém, serve para sustentar que mesmo nos lugares mais insípidos, é possível que o amor floresça; que mesmo em meio à destruição da civilização, é possível encontrar beleza. Station Eleven fez até melhor na temporada passada, mas The Last of Us não fica muito para trás. O drama da HBO, baseado no game homônimo de sucesso, mantém a qualidade do jogo. As mudanças aqui presentes se fazem necessárias, afinal trata-se de uma adaptação para outra mídia, e elas elevam o material. Felizmente, a escolha é sempre priorizar o aspecto humano da trama, incluindo todas as nuances que fazem do ser humano a pior e a melhor espécie no planeta, enquanto os zumbis são mero coadjuvantes — ainda bem. — Rodrigo Ramos

(HBO)

Better Call Saul (AMC) — Sexta Temporada – Parte 2

Nem consigo imaginar o tamanho do peso da responsabilidade de decidir fazer um spin-off de uma das melhores (alguns dizem até que é a melhor) séries de todos os tempos. Claro, derivados são feitos com bastante frequência atualmente (The Walking Dead, CSI, Law and Order, The Big Bang Theory, Game of Thrones, entre tantos outros), mas aqueles que preservam a qualidade do original ou até mesmo superam-no, são raridade. Há muitas temporadas isso vinha se desenhando, contudo, ao chegar à sua conclusão, Better Call Saul consolidou-se superior em relação à obra que a originou, em definitivo. 

Better Call Saul é uma vitória da televisão. Desde sua fundação, a série vem fazendo o impossível ao criar uma história particular e bem distinta daquela que a originou e ir costurando o passado com o presente e o futuro de modo brilhante. É um cuidado estético, nunca gratuito, que constantemente nos faz pensar que a TV pode ir além, gerando o que chamamos de “qualidade cinematográfica”, mas não porque o cinema é uma mídia superior (não é), e sim porque todos os aspectos técnicos são pensados e contribuem para a narrativa, o que nem sempre as séries costumam trabalhar com tanto afinco — Better Call Saul nunca ter vencido um Emmy de melhor fotografia é um assombro. Nesta temporada derradeira, finalmente o passado se encontra com o futuro, pós Breaking Bad, e Better Call Saul dá conta de dar uma resposta satisfatória sobre o destino dos seus personagens, em especial dos dois protagonistas. É bem menos explosivo do que alguns gostariam, certamente, mas nunca foi o foco da produção se igualar à sua antecessora. BCS pontua que os atos trazem consequências (a correlação do conceito de crime e castigo aqui é inevitável), que existem coisas piores do que a morte e aborda os efeitos que a culpa pode causar em uma pessoa. O desfecho para Jimmy e Kim pode não vir da maneira que alguns esperavam, mas veio de maneira imprevisível e coerente com toda a jornada deles. É um final perfeito (sim, finais perfeitos existem!) para uma série gigantesca e que, junto com Succession, serve como o encerramento do Peak TV, a última Era de Ouro da televisão. — Rodrigo Ramos

Disponível na Netflix.

(AMC)

Succession (HBO) — Quarta Temporada

Succession surgiu como uma espécie de paródia dramática de famílias ricas, em especial de conglomerados de mídia, que, sempre ressaltei, tinha muitos erros no seu primeiro ano, mas que na segunda temporada em diante embarca na noção de que não precisa se levar tão a sério assim, elevando a partir daí seu nível de escrita, direção e interpretação de seu elenco, impecável desde então. O derradeiro ano de Succession é acompanhado por uma sucessão de acontecimentos que vão colocando o sarrafo cada vez mais alto, sendo um capítulo melhor do que o outro — o que soa absurdo quando temos um dos melhores episódios da história da TV ainda antes da metade da temporada. 

Para finalizar a narrativa da família Roy, Jesse Armstrong (roteirista, criador e showrunner) não foi nenhum pouco tímido nas escolhas, saindo de vez do lugar seguro — há quem reclamasse da terceira temporada, por exemplo, por basicamente dar uma volta de 360º, como um cachorro que corre atrás do próprio rabo e termina no mesmo lugar que previamente. Aqui, ele não economiza e cada episódio é uma pequena tragédia, desde os dramas pessoais de cada personagem, a relação familiar dos irmãos (um dos pontos mais altos da temporada), as críticas cheias de cinismo e sarcasmo com relação à política, eleições, mídia, startups, o mundo dos negócios como um todo, milionários/bilionários megalomaníacos, e por aí vai. De modo geral, o quarto ano de Succession aponta para o poder que uma pessoa — o patriarca da família, Logan Roy (vivido brilhantemente por Brian Cox) — de causar tanto trauma em outros — seus filhos — a ponto de impedi-los de serem felizes. Com o pai vivo ou morto, a verdade é que os irmãos Roy estão perdidos, sem rumo, de qualquer jeito. Eles viverão eternamente à sombra do pai e carregarão, eternamente, o trauma que lhes foi inferido. Não por acaso, o desfecho da série é tão amargo, sombrio e infeliz. A trajetória dessas pessoas não poderia ser diferente diante de tudo o que lhes aconteceu, ainda mais pelas escolhas equivocadas e o mal que também causaram a outros. Em suma, ninguém é um exemplo de caráter ali, mas Jesse Armstrong, junto de sua equipe e seu elenco, faz a audiência se importar com esses seres imperfeitos, e torna essa zombaria com ricos numa verdadeira tragédia shakespeariana. — Rodrigo Ramos

Disponível na HBO Max.

(HBO)

Menções honrosas: For All Mankind (Apple TV+) – Terceira Temporada, Slow Horses (Apple TV+) – Segunda Temporada, Yellowjackets (Showtime) – Segunda Temporada, Black Bird (Apple TV+), The Patient (FX).

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Textos por Carissa Vieira, Cid Souza, Diego Quaglia, Geovana Rodrigues & Rodrigo Ramos.

Produção, edição e redação final por Rodrigo Ramos

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