Stan Lee, criador da Marvel Comics, morre aos 95 anos

Responsável pela criação de Homem-Aranha, X-Men, Homem de Ferro, Pantera Negra, entre outros, faleceu na manhã desta segunda-feira (12).

Segundo informações do site TMZStan Lee, o homem que co-criou vários heróis da Marvel Comics, morreu nesta segunda-feira (12) de manhã, aos 95 anos.

Segundo a publicação, a ambulância correu para a casa de Lee em Hollywood nesta manhã, sendo levado às pressas para o hospital Cedars-Sinai Medical Center. Lee sofreu várias doenças ao longo do último ano, entre elas um surto de pneumonia e problemas de visão. Ainda não há detalhes sobre a causa da morte.

A filha, J.C. Lee, confirmou o falecimento do pai ao TMZ. “Meu pai amou todos os seus fãs, ele foi o maior, o homem mais decente”, disse ela ao site.

Stan começou na Marvel Comics com Jack Kirby em 1961, com a HQ do Quarteto Fantástico. Ele também é responsável pela criação de diversos super-heróis como o Homem-Aranha, Pantera Negra, X-Men, Homem de Ferro, Thor, O Incrível Hulk e Os Vingadores. Nas telonas, fez aparições em todos os filmes da Marvel, desde X-Men: O Filme (2000) até o recente Venom (2018).

Comoção

No Twitter, muitos se pronunciaram sobre a morte de Lee. Kevin Feige, chefe do Marvel Studios, disse que “ninguém nunca teve mais impacto na minha carreira e tudo o que fazemos no Marvel Estúdios que Stan Lee” e que o criador “deixa um legado extraordinário que irá viver além de todos nós”. Os Irmãos Russo, diretores de Vingadores 3 e 4, agradeceram Lee por “encher nossas infâncias com tanta alegria”.

Chris Evans, o intérprete de Capitão América nos cinemas, disse que “nunca haverá outro Stan Lee”. “Por décadas, ele ofereceu para jovens e adultos aventura, fuga, conforto, confianla, inspiração, força, amizade e alegria. Ele exalava amor e bondade e deixará uma marca indelével em tantas, tantas, tantas vidas”, completou. Ryan Reynolds, que interpreta Deadpool nos cinemas, lamentou também a morte do criador. “Obrigado por tudo”. Hugh Jackman, o Wolverine da franquia X-Men, chama Lee de “força pioneira do universo dos super-heróis” e diz que perdemos um “gênio criativo”.

A DC Comics, principal concorrente da Marvel nos quadrinhos, cinema e TV, também publicou nota de pesar pela morte de Lee. “Ele mudou a maneira que olhamos para os heróis, e os quadrinhos modernos irão para sempre carregar sua marca indelével. Seu entusiasmo contagiante nos lembrou porque todos nós nos apaixonamos por essas histórias em primeiro lugar”.

A carreira de Stan Lee

Stanley Martin Lieber nasceu em 28 de dezembro de 1922 em Nova York. Mais conhecido pelo apelido Stan Lee, o roteirista e empresário é um dos mais notáveis criadores de histórias em quadrinhos do mercado.

Além de sua veia criativa, desenvolvida ao longo de vários anos de trabalho na indústria – onde, mesmo sendo parente do proprietário da Timely ComicsMartin Goodman, iniciou quase que como um garoto de recados -, Stan Lee destacou-se por ter uma aguçada visão de mercado e uma sensibilidade muito grande em relação àquilo que poderia agradar os leitores de quadrinhos, cujas demandas de entretenimento e evasão ele buscava satisfazer.

No início da década de 1960, Stan Lee começou a propor uma série de personagens que exploravam um dos arquétipos mais recorrentes da cultura pop norte-americana, o do herói que consegue ser bem sucedido, apesar de ter todos os elementos contra si. Sua proposição super-heroística mesclava ironia e características anti-heróicas, à época pouco comuns aos personagens das revistas de histórias em quadrinhos, trazendo heróis que conviviam com problemas ou dificuldades que também poderiam afetar o leitor comum, como a incompreensão dos semelhantes, dificuldades econômicas, conflitos com autoridades policiais e crises de consciência.

Sua prolífica produção culminou durante os anos 1960, quando na qualidade de editor-chefe e principal escritor da Marvel Comics, ele criou um método de escrever quadrinhos rápido e interessante: ele escrevia o roteiro básico da história, normalmente apenas uma ou duas páginas datilografadas. Baseado nestas poucas linhas, o ilustrador desenhava toda a revista. Por fim, o lápis chegava às mãos de Lee, que, então, adicionava os diálogos. Este método, que colocava a toda estruturação das histórias nas mãos dos desenhistas, rendeu mais tarde inúmeros questionamentos sobre qual teria sido a real participação de do então editor-chefe na criação das personagens da Marvel Comics.

Devido a esse processo e a relação da companhia com Stan Lee, a empresa é frequentemente criticada por minimizar a importância de quadrinistas como Jack KirbySteve Ditko e Bill Everett, cocriadores dos grandes heróis atribuídos ao roteirista. O próprio Lee aceitou esses holofotes e raramente menciona os colegas em entrevistas ou dá a eles a importância devida – tornando-os ilustres desconhecidos do grande público, que aceita a versão de que Stan Lee é o único “gênio” por trás da Marvel Comics.

É inegável, porém, que a argúcia editorial permitiu a Stan Lee efetivar uma guinada nos rumos seguidos pela indústria de quadrinhos norte-americana. Não por algo nato ou adquirido por meio de uma visão reveladora, como muitas vezes costuma ser veiculado. Pelo contrário, essa abordagem foi construída aos poucos, durante anos de atuação como um obscuro editor de quadrinhos, fase que consumiu quase 20 anos de sua vida. Seu primeiro herói, afinal, o Destroyer, data de 1941, duas décadas antes do surgimento do grupo que o levaria ao estrelato, o Quarteto Fantástico.

Depois de sua carreira consagrada na Marvel Comics, que incluiu uma breve passagem pela cadeira de presidente, o carismático e divertido Stan Lee permaneceu durante muitos anos como uma espécie de rosto público da empresa, aparecendo em convenções e entrevistas. Até o fim da vida ele permaneceu como figura central das ações da chamada “Casa das Ideias”, tendo realizado participações especiais em todos os longas-metragens do Marvel Studios.

Informações sobre o autor via site Omelete

Por Rodrigo Ramos

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