Relatório anual registra mais negras, latinas e asiáticas na TV aberta estadunidense, além de mais personagens femininas com falas. Atrás das câmeras, apenas 20% dos criadores de séries são mulheres.
A diversidade entre os papéis femininos na tevê estadunidense aumentou na última temporada, porém o número de mulheres interpretando personagens com falas diminuiu e a quantidade de mulheres trabalhando atrás das câmaras estacionou. Tais fatos constatados estão presentes no estudo anual chamado “Boxed In”, de Martha Lauzen, diretora executiva do Centro de Estudo das Mulheres na Televisão e no Cinema da Universidade do Estado de San Diego (Center for the Study of Women in Television and Film at San Diego State University).
O estudo aponta que 39% de todos os personagens com falas na temporada 2015/2016 (período entre 1º de junho até 31 de maio) em séries de TV aberta, a cabo e em plataformas de streaming eram mulheres, representando uma pequena queda em relação à temporada 2014/2015, quando elas representavam 40%.
A TV aberta estadunidense concentrou o maior número de personagens femininas com fala — 41% contra 38% de serviços de streaming e 33% da tevê a cabo. Novas séries como Supergirl, Quantico, Scream Queens e Crazy Ex-Girlfriend são exemplos de protagonismo feminino e massiva participação de personagens mulheres com falas nos canais abertos dos Estados Unidos.
Os canais abertos também mostraram mais diversidade entre suas personagens femininas. Ainda que 71% delas sejam brancas, o número caiu 6% comparado ao relatório anterior. Mulheres negras atingiram um número histórico — 17%, 2% a mais do que na temporada 2014/2015. Subiram também a quantidade de mulheres latinas (5% em 2015/16, contra 3% em 2014/15) e asiáticas (5% em 2015/16 contra 4% em 2014/15).
Na visão da responsável pelo estudo, ainda há espaço para aprimoramento e aponta para a existência de esteriótipos de gêneros ainda presentes nos programas. “Personagens femininas eram mais jovens do que seus companheiros masculinos, era mais provável serem identificadas pelo seu estado civil do que os homens, e menos provável de serem vistas no trabalho e realmente trabalhando do que homens”, escreve Lauzen.
Atrás das câmeras, as mulheres têm ainda menos espaço. Elas representam apenas 26% de todos os diretores, roteiristas, produtores, produtores executivos (incluindo showrunners), editores e diretores de fotografia levando em conta todas as séries exibidas na temporada 2015/16 na tevê aberta, a cabo e em serviços de streaming. O cenário se mantém o mesmo há quatro temporadas.
De acordo com o estudo, as mulheres representam 20% dos criadores de séries na temporada 2015/16, um número ainda menor do que no mesmo período da temporada passada, quando elas representavam 22%.
O posto de trabalho com mais presença feminina é o de produtora (36%), seguido por roteirista (27%), produtora executiva (25%), editora (22%), diretora (11%) e diretora de fotografia (3%). O estudo também aponta que era mais comum ter personagens femininas significantes se houvesse pelo menos uma mulher trabalhando em um posto importante atrás das câmeras.
Em exercício há 19 anos, o “Boxed In” é um estudo sobre a representação das mulheres na TV estadunidense, examinando as séries dramáticas, cômicas e reality shows, selecionando aleatoriamente um episódio de todos os programas para análise. O relatório inclui produções dos canais ABC, CBS, The CW, NBC, Fox, A&E, AMC, Discovery, Freeform, FX, HGTV, History, TBS, TNT, USA, HBO, Showtime, Amazon, Hulu e Netflix.
Com informações da Variety.