Segundo levantamento do Instituto Pró-Livro, em quatro anos, houve um crescimento de apenas 6% de leitores no país. Média de leitura é de 4,96 livros por ano e 30% dos entrevistados nunca comprou um livro.
Nesta quarta-feira (18), o Instituto Pró-Livro divulgou a atualização dos índices de leitura no país, feitos pelo Ibope no final de 2015. A quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostra que apenas 56% dos brasileiros são leitores. A pesquisa, que em 2011 trazia um resultado de 50%, revelou um aumento de 6% nestes últimos quatro anos. O levantamento foi feito com 5.012 pessoas, alfabetizados ou não, e indica uma margem de 4,96 livros lidos por ano no Brasil. Foi considerado leitor aquele que leu pelo menos um livro, em partes ou inteiro, nos últimos três meses. O destaque se deu aos leitores do sexo masculino que, apesar de continuarem abaixo das mulheres, tiveram um crescimento de sete pontos porcentuais.
Embora o índice de leitores tenha aumentado, a leitura no país ainda é uma questão a se preocupar. Dos entrevistados, 74% não compram livros há três meses e 30% nunca compraram. A falta de incentivo foi um fato importante para 67% dos brasileiros. Apenas 18% alegaram tê-lo recebido da mãe ou dos professores. Um fato curioso foi a constatação de que a maioria dos leitores do país são crianças de 5 a 13 anos, apesar de o número entre 18 e 24 anos ter crescido de 53% para 67%.
Analisando os resultados por região, foi possível notar o grande aumento nas regiões Sul (de 43% para 50%), Norte (47% para 53%) e Sudeste (50% para 61%). A região do Centro-Oeste subiu apenas 4% (de 53% para 57%) e o Nordeste continuou na mesma situação de 2011, com 51% de leitores.
Diferente da análise feita pelo Instituto Pró-Livro, o Centro Regional de Fomento ao Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc), da Unesco, demonstra um índice de 78% de leitores no Brasil. Esta divergência aconteceu porque o Cerlalc considerou leitor a pessoa que leu pelo menos uma obra nos últimos doze meses. Neste prazo, foram lidos 7,7 livros por brasileiros em 2015. A pesquisa também foi feita em outros países e permite comparações e estudos sobre os percentuais. Nesta edição, o Brasil ficou acima da Argentina (6,2 livros) e da Colômbia (4,2 livros). Assim como o Instituto Pró-Livro, os dados analisados pelo Cerlalc integram a quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.
Em ambos os levantamentos, a Bíblia é considerado o livro mais lido, em qualquer nível de escolaridade ou região. Outros títulos que apareceram durante as pesquisas foram: Esperança, O Monge e o Executivo, Menino Brilhante, O Símbolo Perdido, Nosso Lar, Nunca Desista dos Seus Sonhos, Muito Mais que Cinco Minutos, A Menina que Roubava Livros e A Culpa é das Estrelas.
Quando questionados sobre as motivações que levam uma pessoa a ler, 25% dos entrevistados alegaram apenas gostar de leitura. Já 19% leem para se atualizar culturalmente, 15% para se distrair, 11% por motivos religiosos, 7% por exigência escolar, 10% para crescimento pessoal e 7% por exigências do trabalho. A escolha dos livros, outro fator importante, recebeu respostas como: tema ou assunto (30%), autor (12%), dicas (18%), título (11%), capa (11%) e críticas (5%). Aos não leitores, quando perguntado as razões que os levam a não ler, 51% simplesmente não gostam do ato, percentual considerado alarmante pelas instituições de incentivo a leitura. Outros motivos decorrentes foram a falta de tempo (32%) e a dificuldade para ler (9%).
O diretor da Cerlalc, Bernardo Jaramillo, afirmou em discurso que a quantidade de livros que um habitante lê é um indicador importante, mas não único. Para ele, outros dados podem trazer um percurso mais amplo para as políticas públicas da leitura, que precisa muito mais da antropologia do que de números. Jaramillo ainda alegou que o compartilhamento de dados é essencial para que cada um construa sua própria interpretação da pesquisa.
Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória