RuPaul’s Drag Race – 8ª Temporada | Crítica

Entre altos e baixos e uma edição que incomoda em alguns pontos, a temporada reparou os erros de sua antecessora e conseguiu reunir um grupo diversificado, interessante, que satisfez e emocionou a cada Untucked.

No último dia 16, a Drag mais famosa do mundo encerrou mais uma temporada de seu reality, coroando Bob the Drag Queen, que agora se junta à lista de nove vencedoras, contando oito temporadas tradicionais e uma temporada All-Stars, onde a competição reuniu personalidades de temporadas anteriores.*

Desde seu início, a oitava temporada de RuPaul’s Drag Race estava destinada a ser bastante interessante. Diversos rostos já conhecidos dos fãs na internet integraram o elenco e serviram qualidade nos mais variados aspectos. O top 3 da temporada foi composto por Bob, que é uma comediante nata, irreverente e fenomenal, Kim Chi, artista maquiadora que coleciona milhares de seguidores nas redes sociais, e Naomi Smalls, “novata” que não deixa a desejar na passarela quando comparada com veteranas de outras temporadas como Raja e Violet Chachki. Não só estas queens, o cast contou ainda com personalidades como Derrick Barry, conhecida por ser imitadora de Britney Spears em Las Vegas, Thorgy Thor, comediante do Brooklyn, e Acid Betty, uma punk excêntrica e de personalidade forte que serviu como a “grande vilã” da temporada.

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É inegável que em relação à sua fraca antecessora, a oitava temporada foi essencialmente divertida e impactante. Ninguém esperou que já no segundo episódio duas queens fossem mandadas embora. Depois de um lipsync medíocre, deram adeus à competição Laila e Dax, mãe drag de Violet Chachki que, por sinal, era a “queridinha” de muitos antes do início da transmissão. Ainda vimos Acid Betty, uma das prometidas para o top 5 sair prematuramente e Thorgy, grande aposta do top 3 ser mandada embora por Chichi DeVayne, que até certo momento da competição era tida como azarona e acabou em quarto lugar.

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Com o passar das temporadas, o reality foi colecionando cenas icônicas que se tornaram memes entre os fãs e duram até hoje. Com a tendência, nas temporadas mais recentes se torna evidente a tentativa de “empurrarem” certos jargões ao público que muitas vezes não tem um impacto tão grande ou interessante. Neste ano foi a vez do “Purse First”, da Bob the Drag Queen, grande vencedora. Apesar da tentativa ao longo dos episódios, ele não fez diferença alguma e acabou sendo somente uma frase entediante, ganhando destaque e se fixando com o público somente na reta final da temporada e com o lançamento do single de Bob que, obviamente, utiliza o mesmo nome. O mesmo serve para a Shade Tree, uma sala onde as queens tiveram a oportunidade de desabafar ao longo dos dias de confinamento (tudo, claro, gravado), mas sua utilização no fim se tornou confusa e irrelevante.

Falando em edição, ficou clara a tentativa de criar algumas rixas entre personagens (algo óbvio, considerando que se trata de um reality). Thorgy e Acid, por exemplo, muitas vezes foram retratadas como pessoas completamente amargas e ruins. No entanto, no próprio Untucked de cada episódio essa imagem era algumas vezes desfeita com cenas em que mostravam o quanto o grupo se importava, no geral, uma com a outra.

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A temporada trouxe alguns momentos extremamente emocionantes e cativantes. Todos os Untucked da temporada, como dito, foram completamente tocantes e profundos, ficando difícil não se emocionar a cada episódio. No final de cada um deles era completamente visível o sentimento de amor e união entre as queens, apesar das desavenças. Cenas como o desabafo de Chichi sobre sua situação financeira, a declaração de Bob para Derrick após eliminá-la e até mesmo os relatos dela quando se viu em perigo na competição mostraram uma humanidade completamente necessária para o contato com o público.

No lipsync, as queens não impressionaram na maior parte do tempo e a grande surpresa foi indiscutivelmente a dublagem de Chichi e Thorgy, que arrepiou o público e ficou marcada como um dos melhores lipsyncs de todas as temporadas.

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Certamente, tanto os altos quanto os baixos deste ano para RuPaul’s Drag Race foram absolutamente positivos para o desenvolvimento do reality. A produção aprendeu com as falhas da temporada passada e conseguiu reunir um cast diversificado, interessante, impactante e com personalidades ainda não vistas nas temporadas passadas. Definitivamente foi uma season boa para os fãs de Drag Race, nos deixando ansiosos para o que está por vir.

4.5 STARS

*A segunda temporada de RuPaul’s Drag Race All Stars tem previsão de estreia ainda este ano.

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Por João Marcelino

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