Izabel vence a temporada em episódio que deixa a desejar pelo pobre julgamento da direção do programa
Não acompanhei MasterChef Brasil em sua primeira temporada, mas nos últimos meses tive um interesse maior em programas culinários. Quando a segunda temporada chegou ao ar na Band, em maio, imediatamente o reality me fisgou. Se você esteve pela internet nos últimos meses, percebeu que a competição foi ganhando mais adeptos nas redes sociais e se tornou sucesso de audiência em todo o país. Depois de 18 episódios, finalmente chegamos à tão aguardada final, com Raul e Izabel na disputa. O que tinha tudo para ser uma noite para fechar a ótima temporada com chave de ouro (perdoem meu clichê), acabou caindo no limbo da mesmice da TV brasileira em termos de vergonha alheia e falta de tato, que terminou com o título para Izabel.
A noite começou com uma plateia acompanhando ao vivo no estúdio vários tweeteiros famosos, como Cid (Não Salvo), Maurício Meirelles (CQC), Milton Neves e Marimoon, para citar alguns, além de apresentação de Preta Gil. A ideia era trazer o Twitter, rede social escolhida pelo programa desde o início como a principal para integarir com os internautas, para dentro do estúdio. Infelizmente, a Band começou o season finale errando feio. Aprendam: o que acontece na internet, fica na internet. Não adianta querer transportar isso para o televisor da sala e tampouco tentar repetir os memes que fizeram sentido há um mês, pois hoje o prazo de validade dele já expirou.
Quando o programa de fato começou, a Band deu continuidade à vergonha alheia. Como num verdadeiro palco de Big Brother Brasil, uma plateia gigantesca espera fora do estúdio pelos finalistas, que chegam de carro, naquele merchandising básico, mas aceitável. O problema é a transição. Como muita gente já sabe, a prova final foi gravada na semana passada, escolha até compreensível. E o público tinha ciência desse fato, portanto a emissora não precisava criar um teatro para tentar passar por ao vivo. Porém, foi o caminho que ela escolheu, criando um tremendo pastelão até a metade do programa. Ana Paula Padrão, os jurados Erick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça, além dos finalistas Raul Lemos e Izabel Alvares usaram a mesma roupa tanto na gravação quanto ao vivo. O esforço foi grande, mas detalhes como o penteado da apresentadora já davam na cara o que era ali no momento e o que já havia acontecido.
Outra situação embaraçosa foi a exibição de três vídeos que a produção criou com falas dos chefs Jacquin, Paola e Fogaça, transformando em uma espécie de remix, desejando muito ser o meme de amanhã, mas que gerou aquela risada nervosa de canto de boca e uma dor de estômago.
O programa fica bom exatamente quando deixaram de lado todo o artifício criado em torno deste finale e focaram na cozinha, na preparação dos pratos e nos comentários sempre bem vindos dos jurados. Raul, pra variar, deixou tudo pra última hora, provocando aquela úlcera em Paola. Izabel se atrapalhou na hora de montar o prato, mas novamente venceu o nervosismo e terminou com mais tranquilidade do que seu rival. Jacquin, por sua vez, venceu o round de melhores tiradas.
Depois que os pratos estão prontos, a Band joga tudo pro alto, assumindo que a prova final foi gravada, já que a edição deixa isso claro e no bloco dos últimos minutos de prova nem mesmo usam a logo de ao vivo.
Por se tratar da final, os jurados claramente pegam mais leve, o que pode ser tanto por ser o último episódio ou simplesmente porque temos, de fato, os melhores aprendizes de chef de cozinha da edição (ou não, pois Jiang merecia estar nesta última disputa tanto quanto ambos). Enquanto Izabel apostou na sua “trilogia de porcos”, com pratos brasileiros com participação de algum tipo de carne de porco, Raul apostou em pratos que lembram a Índia, Afeganistão e toda aquela região próxima de conflitos. A disputa foi equilibrada, mas Raul despontou na sobremesa, um pudim de leite com cenoura e pistache, dita como uma escolha ousada de acordo com os jurados e chamada de sensacional por Paola.
Depois de um bloco inteiro de enrolação, dramatização, como todo reality show no Brasil gosta de fazer, e mais um remix (agora com Ana Paula Padrão como protagonista, para a tristeza do público) e mais um intervalo de 30 segundos, a apresentadora postou na conta oficial do Twitter do programa – claramente em gratidão aos usuários da rede social e os mais de 1,5 milhão de tweets na noite – que a grande vencedora da temporada é Izabel, o que veio como uma surpresa a julgar pela reação dos jurados nas provas.
O season finale desta temporada de MasterChef Brasil foi enrolado, cheio de merchandising, com piadas sem graça, edição ruim devido à transição entre ao vivo e gravado, e resolveu ser igual a qualquer reality show logo em seu episódio de despedida, quando poderia ter apostado no feijão e arroz básico que fez do programa um sucesso semana após semana. De qualquer forma, foi uma temporada marcante e que consolidou o formato na Band, que a partir do dia 20 de outubro irá apostar no spin-off MasterChef Junior, com crianças entre 8 e 13 anos como cozinheiros. Ficaremos no aguardo, com a barriga roncando.