Levantamento da GLAAD também indica aumento na representatividade de pessoas de cor, enquanto as mulheres mantiveram seu índice em relação ao ano passado.
A Aliança de Gays e Lésbicas Contra Difamação (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation — GLAAD) divulgou seu levantamento anual intitulado “Onde Nós Estamos Na TV” (“Where We Are On TV“). E pelo terceiro ano consecutivo há um aumento na representatividade da comunidade LGBTQ.
O estudo é feito desde 2005 e analisa todos os lançamentos roteirizados da TV na temporada, que devem retornar ao ar ou estrear, e neste caso vai do dia 1º de junho de 2018 até 31 de maio de 2019. A análise é feita a partir dos elencos anunciados ou confirmados pelas emissoras.
A pesquisa aponta que personagens LGBTQ em papeis regulares nas séries de TV aberta subiram quase 1/3 entre a pesquisa atual e a anterior. A marca é o maior índice desde o início do levantamento. Esses personagens correspondem a 75 dos 859 papeis regulares na temporada 2018/2019, ou seja, 8,8%. Personagens recorrentes também sofreram alta, passando de 28 na temporada passada para 38 na atual. O canal com maior porcentagem de personagens LGBTQ em papeis regulares é o The CW (16%), seguido por Fox (11%), NBC (7,7%), ABC (5,8%) e CBS (3,4%), sendo este o único canal que apresentou declínio em representatividade.
Na TV a cabo também houve aumento, passando de 103 para 120 papeis regulares de personagens LGBTQ, além de 88 recorrentes. FX é a campeã de representatividade, com 23 papeis, impulsionada pela série Pose [foto], criada por Steven Canals, Brad Falchuk e Ryan Murphy. Freeform, Showtime e TNT empatam em segundo lugar com 21 papeis cada.
Entre os serviços de streaming, a Netflix é quem lidera em representatividade — são 88 entre papeis regulares e recorrentes. Ela, juntamente com a Amazon e a Hulu, totalizam 75 papeis regulares LGBTQ, além de outros 37 papeis recorrentes.
O estudo aponta que pela primeira vez houve paridade de gênero entre os personagens LGBTQ em todas as plataformas. A diferença entre homens e mulheres era de 55% a 44%. Agora, esse número encontra-se em 49,6% para ambos. Personagens não-binários representaram 0,8%.
Na TV aberta, homens gays são a maioria entre os personagens LGBTQ, totalizando 42%, contra 27% de lésbicas. Entre TV aberta, a cabo e serviços de streaming, os bissexuais caíram para 27%. Dentro desta fatia, as mulheres são maioria (são 84 papeis) em relação aos homens (33 papeis). O número de personagens transgêneros é de 26, uma alta de 53%.
A TV a cabo possui um personagem assexual (Raphael, de Shadowhunters, do canal Freeform) e os serviços de streaming também possuem outro (Todd, de BoJack Horseman, da Netflix). A Netflix também detém o único papel pansexual, Ambrose, de Chiling Adventures of Sabrina, que estreia na plataforma nesta sexta-feira (26).
Pessoas de cor, mulheres e deficientes
O levantamento também avaliou a representação de todas as pessoas de cor. Neste ano, elas representaram 44% dos papeis na TV aberta estadunidense. A representação neste ponto cresceu em relação à temporada passada, sendo este o sexto ano consecutivo de alta.
Também houve crescimento de diversidade racial entre personagens LGBTQ na TV aberta, passando de 36% para 50%. Com isto, é a primeira vez na história que pessoas de cor LGBTQ empatam com os brancos do grupo. No serviço de streaming e na TV a cabo também houve aumento, totalizando respectivamente 48% e 46%.
A representação das mulheres na TV aberta se manteve em 43% nos papeis regulares. The CW é o canal com maior representatividade feminina, com 46% de seus personagens sendo do sexo feminino, subindo seis pontos em relação ao levantamento anterior. Em seguida estão ABC (44%) e NBC (42%) e CBS (42%). Para termos de comparação, 51% da população estadunidense são mulheres.
A representação de pessoas que vivem com algum tipo de deficiência ou incapacidade — incluindo aquelas não visíveis como HIV, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo e estresse pós-traumático — tiveram alta em relação ao levantamento anterior, totalizando 2,1% dos personagens na TV. Porém, a disparidade entre ficção e realidade é muito grande, já que pessoas desse grupo representam 13,3% da população mundial.
Para ver o estudo na íntegra, basta clicar aqui.