Emmy Awards 2017 | Quem irá e quem merece vencer os principais prêmios

The Handmaid’s Tale, Veep, Atlanta, Big Little Lies, This is Us e Stranger Things estão entre os possíveis vencedores da premiação.

A 69ª edição do Emmy Awards acontece no próximo dia 17 de setembro. A cerimônia, ao menos nas categorias de drama, promete ser uma das mais incertas e concorridas da história recente. Sem o blockbuster Game of Thrones na premiação, a corrida ficou acirrada, com duas veteranas em meio a cinco novatas. Há poucas vitórias já confirmadas ao longo das dezenas de categorias, porém isso não impede de que a gente dê a nossa opinião. Rodrigo Ramos, editor do Previamente, e Leonardo Barreto, editor do Quarta Parede, se reuniram para comentar quais são as nossas apostas e torcidas para a maior premiação da tevê estadunidense. Confira abaixo os palpites.

Melhor Série Dramática
Better Call Saul
The Crown
The Handmaid’s Tale
Stranger Things
This is Us
Westworld
House of Cards

Rodrigo Ramos — A principal categoria da noite é a mais difícil de acertar. A verdade era que The Leftovers merecia um lugar nessa lista — e até faturar — mas enquanto isso ficamos com o embuste que foi a mais recente temporada de House of Cards, a pior da série. A outra veterana Better Call Saul é uma das melhores coisas na categoria, porém fica a sensação que ainda não é sua vez — falta mais momentos catárticos, a exemplo de Breaking Bad, que fora reconhecida somente na última temporada. Mesmo com o maior número de indicações ao todo, Westworld não deve representar grande ameaça aos outros indicados.

A briga real é entre The Handmaid’s TaleThis is UsStranger Things e The Crown. Estas duas últimas já passaram por premiações. Enquanto The Crown levou o Globo de Ouro, Stranger Things conquistou o SAG de melhor elenco. Apesar de, à primeira vista, serem tidos como favoritos, parece que a hora pode ser de This is Us ou de The Handmaid’s Tale. A série da NBC pode ganhar pelo apelo popular e ser um novelão decente. As chances parecem só aumentar, e agraciar um trabalho de TV aberta com mais capítulos que a turma de canal fechado com 13 episódios no máximo (This is Us teve 18), pode ser um voto de confiança para os canais não-pagos, que não vencem a premiação desde 2006, quando 24 Horas foi laureada. Contudo, tenho esperança que reconheçam a grande obra que é a primeira temporada de The Handmaid’s Tale, possivelmente a série mais relevante do ano (e da temporada), que chegou num momento crucial, refletindo muito do que os Estados Unidos vêm pregando e vivenciando, e até mesmo no resto do mundo, inclusive no Brasil. A série da Hulu tem um elenco excelente, personagens extremamente bem desenvolvidos, qualidade técnica impecável e cada episódio é um soco no estômago e um tapa na cara. É uma obra necessária e atual. Se a Academia quiser mandar um recado, a hora é essa. Não só em termos políticos e humanos, mas THT é o que há de melhor na categoria. Quero me iludir e acreditar que esse prêmio irá para a Hulu, mas This is Us permanece como uma ameaça real.

Leonardo Barreto — A categoria de melhor série dramática é a mais prestigiada do Emmy. Não é por acaso que, tal qual o Oscar de Melhor Filme, é o último anúncio da noite. A temporada nos proporcionou ótimas horas de televisão, embora as melhores tenham ficado de fora. Deixar The Leftovers fora da disputa para dar lugar a House of Cards é um dos grandes disparates desta edição, uma vez que a 5º temporada da série mostrou que Frank e Claire Underwood estão longe de seus melhores dias. Na contramão, a também veterana Better Call Saul se consolidou em sua terceira temporada, merecendo e muito o prêmio de melhor série dramática. Não deve acontecer, mas é uma questão de tempo.

Uma característica que marca esta premiação é que cinco das sete séries indicadas são novatas. É justamente deste grupo que deve sair a grande vencedora, fato que não ocorre desde 2012, quando Homeland impediu de forma surpreendente o pentacampeonato de Mad Men. Este ano ainda não deve ser a vez de Westworld, embora a série da HBO tenha entregado uma boa temporada de estreia. O mesmo pode ser dito para The Crown, joia da coroa da Netflix que mesmo tendo vencido o Globo de Ouro este ano, não possui um fator que pode ser determinante para a decisão final: a popularidade. Enquanto This Is Us é um fenômeno da TV aberta norte-americana, Stranger Things também goza de um prestígio enorme com o público e tem a seu favor premiações como o SAG de melhor elenco e o PGA, podendo surpreender. Porém, não há nessa lista uma série com tamanha relevância quanto The Handmaid´s Tale. Atual, necessária e extremamente bem filmada, a produção impecável e o tema espinhoso são dignos de uma obra que é um marco na televisão em 2017. A título de curiosidade, a série foi à vencedora do TCA este ano, desbancando todas as novatas com as quais concorre no Emmy. Tal fato pode credenciar a série novamente a triunfar, o que seria o mais justo e confirmaria o favoritismo pela qualidade da produção.

The Handmaid’s Tale

Melhor atriz em série dramática
Elisabeth Moss — The Handmaid’s Tale
Claire Foy — The Crown
Keri Russel — The Americans
Viola Davis — How To Geat Away with Murder
Evan Rachel Wood — Westworld
Robin Wright — House Of Cards

Rodrigo —Após perder seis vezes por Mad Men, não tem jeito. Essa é a hora de Elisabeth Moss. Seu papel em The Handmaid’s Tale exige todas as forças dela e a série depende de seu desempenho. Extraordinária em todos os episódios, Moss irá vencer seu primeiro Emmy. Claire Foy (The Crown) corre por fora — antes de THT ela era a favorita, levando SAG e Globo de Ouro — mas a tarefa parece quase impossível a essa altura.

Leonardo — O que Elisabeth Moss fez em The Handmaid’s Tale a credencia, de longe, como favorita ao prêmio de melhor atriz em série dramática. Premiada no SAG e Globo de Ouro, Claire Foy (The Crown) não é um nome a ser descartado, correndo por fora em uma lista que não apresenta tanto equilíbrio este ano. Menção honrosa para Evan Rachel Wood, por uma interpretação bem convincente em Westworld. 

Elisabeth Moss -- The Handmaid's Tale
Elisabeth Moss — The Handmaid’s Tale

Melhor ator em série dramática
Sterling K. Brown — This Is Us
Bob Odenkirk — Better Call Saul
Matthew Rhys — The Americans
Kevin Spacey — House Of Cards
Anthony Hopkins — Westworld
Liev Shreiber — Ray Donovan
Milo Ventimiglia — This is Us

Rodrigo — Moralmente, o prêmio deveria ir para Bob Odenkirk, pois ele continua se superando, temporada a temporada, em Better Call Saul. Mas, novamente, vale o mesmo para a categoria de melhor série. Ainda não é o momento de BCS levar tudo (mas está merecendo desde o primeiro ano).

O vencedor da noite deve ser Sterling K. Brown, por This is Us. O ator é ótimo e cada performance dele na série é para buscar lágrimas do espectador — e consegue em muitas oportunidades. Não é o meu tipo de performance favorita, mas não dá pra reclamar de sua atuação. Porém, o prêmio deve vir para quebrar tabus na premiação. Caso vença na categoria, ele será apenas o quarto (!) ator negro a conquistar o troféu — na categoria de atriz dramática, há dois anos, Viola Davis se tornou a primeira negra a conquistar o prêmio. O mais bizarro (se é que tem como) é que Brown é apenas o sexto ator negro a ser indicado na categoria (!!). Os outros são Andre Braugher (vencedor), Harrison Page, James Earl Jones (vencedor), Louis Gossett Jr. e Bill Cosby (vencedor). Pela soma de talento + carisma + carinho da Academia (ele venceu ano passado o troféu de ator coadjuvante em série limitada por People v. O.J. Simpson) + necessidade de representatividade, o resultado desse cálculo deve ser o segundo Emmy de Brown.

Leonardo — Em anos anteriores, Kevin Spacey e Matthew Rhys seriam nomes cogitados para a disputa, assim como Liev Shreiber. No entanto, não deve ser desta vez que os atores irão levar o prêmio. Se This is Us corre por fora na disputa pela melhor série dramática, aqui Sterling K. Brown desponta como favorito, a despeito de seu colega Milo Ventimiglia, que não deve oferecer perigo.

Correndo por fora, Anthony Hopkins nunca deve ser descartado em qualquer premiação e sua atuação como Dr. Ford pode surpreender. No entanto, nenhum destes atingiu um mergulho emocional tão profundo quanto Bob Odenkirk. A despeito da frieza de Hopkins e da capacidade de arrancar lágrimas de Brown, Odenkirk atuou de forma precisa em todas as nuances do personagem, indo do humor ao drama com extrema competência. Não deverá sair como vencedor, embora eu tenha esperanças. Mas é quem deveria ficar com o prêmio, ainda mais pelo que tem feito nos últimos três anos.

Sterling K. Brown - This is Us
Sterling K. Brown — This is Us

Melhor atriz coadjuvante em série dramática
Ann Dowd — The Handmaid’s Tale
Samira Wiley — The Handmaid’s Tale
Uzo Aduba — Orange is the New Black
Millie Bobby Brown — Stranger Things
Chrissy Metz — This is Us
Thandie Newton — Westworld

Rodrigo — Esta é uma das categorias mais incertas da premiação. Tirando Uzo Aduba, que já levou dois Emmys, e Samira Wiley, as outras quatro parecem ter chances reais. A torcida vai para Ann Dowd, precisa e assustadora em The Handmaid’s Tale, mas sinto que o amor por Millie Bobbie Brown (Stranger Things) possa finalmente ser convertido em prêmio.

Leonardo — Se formos olhar pelo aspecto da popularidade, Millie Bobby Brown desponta como favorita, por sua boa atuação como Eleven. Não é nada que, no entanto, possa justificar que este prêmio não vá para Ann Dowd. Se somente a atuação for levada em conta, é ela quem deveria ficar com o prêmio. Também em The Handmaid’s Tale, Samira Wiley fez uma boa temporada, mas não com a consistência de uma premiação. Thandie Newton corre por fora, já que brilhou com uma complexa atuação em Westworld. Para Uzo Aduba e Chrissy Metz, a nomeação já é o suficiente.

Millie Bobby Brown - Stranger Things
Millie Bobby Brown — Stranger Things

Melhor ator coadjuvante em série dramática
John Lithgow — The Crown
Jonathan Banks — Better Call Saul
Jeffrey Wright — Westworld
Ron Cephas Jones — This is Us
Mandy Patinkin — Homeland
Michael Kelly — House of Cards
David Harbour — Stranger Things

Rodrigo — John Lithgow. Nem dá pra pensar duas vezes. Próxima.

Leonardo — John Lithgow deve e vai levar este prêmio. A categoria não apresenta grandes ameaças ao veterano, uma vez que a Academia parece ter assistido Better Call Saul de forma preguiçosa, preterindo Michael McKean e nomeando Jonathan Banks. Ron Cephas Jones, Michael Kelly e David Harbour não devem ameaçar. No entanto, vale uma menção honrosa para Mandy Patinkin, pelo conjunto da obra, e para Jeffrey Wright, com uma das melhores atuações de Westworld. 

John Lithgow - The Crown
John Lithgow — The Crown

Melhor Série Cômica
Atlanta
Master of None
Modern Family
black-ish
Silicon Valley
Unbreakable Kimmy Schmidt
Veep

Rodrigo — Novamente, a Academia mostra ser preguiçosa quando o assunto é comédia. Com séries como Fleabag, Difficult People, Crazy Ex-Girlfriend, You’re the Worst, Catastrophe, Dear White People, Better Things, só pra citar algumas, é uma ofensa ver Modern Family, Unbreakable Kimmy Schmidt e Silicon Valley nomeadas.

Ainda assim, há boas coisas aqui. Master of None evoluiu da primeira para a segunda temporada e Atlanta se mostrou a melhor novidade do ano passado. Ambas são excelentes e mereciam o troféu. Mas se é pra apostar, aposto em Veep. A sexta temporada foi a mais fraca desde seu início, mas a série ainda conta com um elenco extraordinário, e quando quer sabe fazer rir como poucos. E a gente sabe como a Academia tem preguiça em mudar de voto quando se trata comédia, então é tricampeonato assegurado pra Veep.

Leonardo —  O pragmatismo me faz apostar em Veep. Você pode fazer isso em seu bolão mesmo não tendo assistido a um episódio sequer da comédia premiada nas suas últimas edições do Emmy. É só observar o fato de séries como Modern Family, Unbreakable Kimmy Schmidt e black-ish, estarem na lista, mesmo longe de seus melhores dias.

No entanto, há duas séries que por justiça deveriam sair com o prêmio. Master of None é uma das melhores séries de 2017, enquanto que Atlanta foi uma grata surpresa na fall season de 2016, sendo premiada inclusive em sua categoria no Globo de Ouro e no recente TCA. Ambas correm por fora e qualquer uma delas merece levar, com uma ligeira vantagem para a série criada por Donald Glover. 

Veep
Veep

Melhor atriz em série cômica
Julia Louis-Dreyfus — Veep
Tracee Eliss Ross — Black-ish
Pamela Adlon — Better Things
Ellie Kemper — Unbreakeble Kimmy Schmidt
Alisson Janney — Mom
Lilly Tomlin — Grace and Frankie
Jane Fonda — Grace and Frankie

Rodrigo — Todas as concorrentes são ótimas, e queria muito que Pamela Adlon e Lily Tomlin fossem reconhecidas, porém ninguém consegue parar Julia Louis-Dreyfus. É inevitável.

Leonardo — Julia Louis-Dreyfus também é a aposta mais segura em seu bolão e mais uma vez deve levar. É “pule de dez” como se diz no turfe. Mas não necessariamente por superioridade mas pelo tal pragmatismo empregado pela Academia. No entanto, se há um trabalho que mereça um reconhecimento é o de Pamela Adlon em Better Things. A atriz corre por fora e não deve ser páreo. Contudo, quem sabe…

Julia Louis-Dreyfus - Veep
Julia Louis-Dreyfus — Veep

Melhor ator em série cômica
Donald Glover — Atlanta
Jeffrey Tambor — Transparent
Anthony Anderson — Black-ish
Aziz Ansari — Master Of None
William H. Macy — Shameless
Zach Galifianakis — Baskets

Rodrigo — Melhor ator de comédia é sempre uma das categorias mais fracas da cerimônia. Jeffrey Tambor já levou duas vezes, porém, parece que o fogo vivo que movia Transparent se apagou — prova disso é a ausência da série na categoria de melhor comédia. A balança, no momento, pende mais para Donald Glover. Se Atlanta não vencer como comédia da temporada (nota do editor: não vai), ao menos o troféu de atuação não seria um consolo ruim.

Leonardo — Eis aqui uma categoria em que há certa dificuldade em prever o resultado. Nas últimas edições, Jeffrey Tambor seria o nome mais provável, mas Transparent não teve o mesmo brilhantismo de outros anos, levando o protagonista a deixar a mesma impressão. Contudo sua atuação nunca deve ser descartada. Zach Galifianakis e Donald Glover são os nomes mais prováveis, com uma ligeira vantagem para Glover, o melhor nome da lista. William H. Macy corre por fora, embora Anthony Anderson e Aziz Ansari, embora convincentes, não devam levar a fatia do bolo.

Donald Glover - Atlanta
Donald Glover — Atlanta

Melhor atriz coadjuvante em série cômica
Vanessa Bayer — Saturday Night Live
Leslie Jones — Saturday Night Live
Kate McKinnon — Saturday Night Live
Katheryn Hahn — Transparent
Judith Light — Transparent
Anna Chlumsky — Vepp

Rodrigo — Judith Light merecia. Ela é a melhor coisa da última temporada de Transparent. Mas Kate McKinnon é a que tem mais chances de levar o troféu, o seu segundo consecutivo, já que ela se tornou a estrela de Saturday Night Live, que por sinal teve sua melhor audiência em décadas.

Leonardo — Vanessa Bayer, Leslie Jones e Kate McKinnon possuem chances, com McKinnon possuindo ligeira vantagem, seguida pela carismática Jones. Sim, Saturday Night Live não está para brincadeira este ano, justificando o número de indicações. Menção honrosa para Judith Light: ela sempre está bem. 

Kate McKinnon -- Saturday Night Live
Kate McKinnon — Saturday Night Live

Melhor ator coadjuvante em série cômica
Louie Anderson — Baskets
Ty Burrell — Modern Family
Alec Baldwin — Saturday Night Live
Tituss Burgess — Unbreakable Kimmy Schmidt
Tony Hale — Veep
Matt Walsh — Veep

Rodrigo — Donald Trump ao menos deve ganhar um concurso de popularidade nesse ano. Não por sua conta própria, mas graças a Alec Baldwin, que personificou o atual presidente estadunidense ao longo de toda a temporada de Saturday Night Live. Quando ia ao ar, não se falava em outra coisa nas redes sociais. Meu sonho é voltar a ver algum coadjuvante de Veep premiado, mas não será nesse ano.

Leonardo — Se a eleição fosse há um ano, eu diria que Louie Anderson era o nome. Ele ainda pode vencer, mas será difícil a Academia não se render ao Donald Trump de Alec Baldwin, que personificou a grotesca figura do presidente norte-americano de forma extremamente crível e hilária. Tituss Burgess é o que há de melhor em Unbreakable Kimmy Schmidt, mas a terceira temporada da série não ajudou muito. Os demais devem apenas cumprir tabela.

Saturday Night Live - Season 42
Alec Baldwin — Saturday Night Live

Melhor Série Limitada
Big Little Lies
Feud: Bette and Joan
The Night Of
Fargo
Genius

Rodrigo — Em mais um ano, a categoria de série limitada é tão poderosa quando a de drama. A briga será feia entre todas (exceto Genius, que tá sobrando aí), mas acredito que Big Little Lies será agraciada — e ela merece. A minissérie, que tinha cara de novela das oito do Manoel Carlos, mostrou ser um mergulho no íntimo daquelas mulheres, trouxe tópicos relevantes, identificáveis e com cunho social (estupro, traumas, violência doméstica, traição, perda de tesão no casamento) e, acima de tudo, levantou a bandeira da sororidade e do feminismo. Porém, se Feud: Bette and Joan, por ventura, sair com o prêmio, não iria às mãos erradas também.

Leonardo — Se eu disser para você que The Night Of não tem a minha torcida, estarei mentindo. A minissérie foi uma das melhores exibidas em 2016, indo além de um crime e expondo situações incômodas do sistema prisional em Nova Iorque. Mas é impossível não admitir que Feud: Bette and Joan, mesmo sendo uma série feita para suas atrizes brilharem, não mereça o devido destaque na lista. Não acredito que as duas vençam, mas não será surpresa se estiverem no topo. Para não ficar em cima do muro, é ela quem corre por fora.

A despeito de suas duas brilhantes temporadas anteriores, Fargo não foi excelente desta vez e não deve levar. Isso não significa que ainda não esteja em alto nível, é bom que se diga. Surpreendentemente no bolo, Genius não deverá sequer ameaçar a grande favorita da categoria: Big Little Lies. A minissérie é mais do que um viciante suspense e propõe temas que discutem o papel das mulheres enquanto mães, esposas e profissionais, falando de assuntos como violência doméstica, estupro e traição. É o melhor novelão que você respeita. 

Big Little Lies
Big Little Lies

Melhor Telefilme
Black Mirror: San Sunipero
Dolly Parton’s Christmas of Many Colors
The Immortal Life of Henrietta Lacks
Sherlock: The Lying Detective
The Wizard of Lies

Rodrigo — A terceira temporada de Black Mirror não foi unanimidade entre o público em geral e os fãs mais xiitas, porém a série conseguiu fazer uma obra preciosa chamada “San Junipero“, top 3 fácil do seriado. Em comparação com os demais concorrentes, nenhum deles chega perto do feito que é San Junipero.  A não ser que Sherlock dê um triplo twist carpado e surpreenda, Black Mirror deve levar seu primeiro Emmy pra casa.

Leonardo — Apesar de um estimado apreço por Sherlock, a não ser que haja um plot twist shaiamalanesco, é San Sunipero quem deve levar o prêmio. O episódio dispensa comentários.

Black Mirror - San Junipero
Black Mirror: San Junipero

Melhor atriz em série limitada ou telefilme
Nicole Kidman — Big Little Lies
Jessica Lange — Feud: Bette and Joan
Susan Sarandon — Feud: Bette and Joan
Reese Witherspoon — Big Little Lies
Felicity Huffman — American Crime
Carrie Coon — Fargo

Rodrigo — Diria que tirando Felicity Huffman (a última temporada de American Crime foi abaixo da média, e o elenco decaiu junto com o roteiro fraco), todas mereciam levar esse prêmio pra casa. O fator “vencedor do Oscar sendo vencedor do Emmy” parece ser um grande atrativo para esse ano, e Nicole Kidman deve conquistar o troféu. É dela o papel mais difícil de Big Little Lies, e ela entrega sua melhor performance na tela em anos. Jessica Lange e Susan Sarandon estão ambas impecáveis em Feud e ambas mereciam (minha torcida é para elas), porém nem tenho como ficar chateado com Kidman vencendo.

Leonardo — É uma tarefa ingrata – e deliciosa – opinar nesta categoria. Carrie Coon, que se houvesse justiça deveria figurar na lista de melhor atriz em drama, conseguiu o feito de atuar bem em duas séries concomitantes: The Leftovers e Fargo. No entanto, tal qual Felicity Huffman e Reese Witherspoon (de quem eu gostei muito), quem deverá levar o troféu é Nicole Kidman. Que interpretação! Correndo por fora, se é que se pode admitir isso, Jessica Lange e Susan Sarandon têm chances reais. Se não for para Nicole, pode escolher qualquer uma das duas e dar o prêmio.

Nicole Kidman -- Big Little Lies
Nicole Kidman — Big Little Lies

Melhor ator em série limitada ou telefilme
Riz Ahmed — The Night Of
Benedict Cumberbatch — Sherlock: The Lying Detective
Robert De Niro – The Wizarf of Lies
Geoffrey Rush — Genius
Ewan McGregor — Fargo
John Turturro — The Night Of

Rodrigo — É uma boa disputa, com atores de alto calibre. Minha torcida vai para John Turturro, mas pode ser que a Academia aproveite a oportunidade de dar um Emmy a um vencedor do Oscar — e pode cair o troféu no colo de Robert De Niro.

Leonardo — Tal qual Anthony Hopkins é um nome que não deve ser descartado na categoria de melhor ator em drama, aqui não há como ignorar a presença de Robert De Niro na lista. Benedict Cumberbatch sempre está bem, enquanto Riz Ahmed não decepcionou em The Night Of. Porém, é John Turturro quem deve levar. O ator brilhou em The Night Of e não é possível que a Academia não reconheça este trabalho. Menção honrosa para Ewan McGregor, interpretando de maneira distinta dois personagens, além de Albert Einstein, ou melhor, Geoffrey Rush.

John Turturro - The Night Of
John Turturro — The Night Of

Melhor atriz coadjuvante em série limitada ou telefilme
Regina King — American Crime
Laura Dern — Big Little Lies
Shailene Woodley — Big Little Lies
Judy Davis — FEUD: Bette and Joan
Jackie Hoffman — FEUD: Bette and Joan
Michelle Pfeiffer — The Wizard of Lies

Rodrigo — Regina King já levou o prêmio nos últimos dois anos. A não ser que o Emmy queira dar mais uma estatueta à American Crime, agora como presente de despedida, Laura Dern é a que mais tem chances. Esta é sua sexta indicação ao Emmy e 2017 está sendo muito gentil com a atriz (ela também está presente no revival de Twin Peaks, na série animada F is For Family, integra o elenco de Downsizing, novo aclamado filme de Alexander Payne, e por fim finaliza o ano no novo Star Wars). Tem cheiro de prêmio a caminho. Minha torcida vai pra ela.

Leonardo — Laura Dern sobra na lista, sendo ameaçada somente por Shailene Woodley, o que indica duas coisas: a qualidade de Big Little Lies e que Laura deve, de fato, vencer. No entanto, sejamos justos: Regina King não deve ser desconsiderada e não será surpresa um tricampeonato.

Laura Dern -- Big Little Lies
Laura Dern — Big Little Lies

Melhor ator coadjuvante em série limitada ou telefilme
Alexander Skarsgård — Big Little Lies
David Thewlis — Fargo
Alfred Molina — Feud: Bette and Joan
Stanley Tucci — Feud: Bette and Joan
Bill Camp — The Night Of
Michael Kenneth Williams — The Night Of

Rodrigo — Acredito que este seja o ano em que Fargo passe totalmente em branco na premiação. Dito isso, acredito que a briga seja entre Alexander Skarsgård e Alfred Molina. Skarsgård tem um papel mais difícil, e talvez não fique tão legal dar um prêmio prum cara que bateu na Nicole Kidman a série toda. Mas seria merecido. Molina já tem um papel mais amigável — ainda que seja mais um dos homens lixo na vida de Joan Crawford e Bette Davis. Disputa difícil. Mas vou torcer (e acho que deve vencer mesmo) Skarsgård e Big Little Lies deve sair como uma das mais premiadas produções da noite.

Leonardo — É inegável admitir a força que Feud: Bette and Joan possui nesta premiação. Sobretudo nas categorias de atuação, em que aqui, Alfred Molina e Stanley Tucci podem sair premiados. Por outro lado, não vejo em Bill Camp e Michaek Kenneth Williams a capacidade de disputar o prêmio.

Restam então dois atores, os quais eu considero os melhores da categoria na temporada. Alexander Skarsgård, fazendo uma analogia ao status de novelão que Big Little Lies recebeu, seria agredido por senhorinhas na rua se a minissérie fosse exibida no horário nobre a TV Globo. Um papel tão difícil quanto o de Nicole Kidman, e ele entregou. No entanto, David Thewlis deu à V.M. Varga um status tão peculiar que é impossível não lembrar de sua atuação sem pelo menos uma menção. Ficaria feliz se fosse o escolhido.

Alexander Skarsgård -- Big Little Lies
Alexander Skarsgård — Big Little Lies

Melhor atriz convidada em série dramática
Alison Wright — The Americans
Alexis Bledel — The Handmaid’s Tale
Cicely Tyson — How to Get Away with Murder
Ann Dowd — The Leftovers
Laverne Cox — Orange is the New Black
Shannon Purser — Stranger Things

Rodrigo — A mudança no sistema de votação entre os membros da Academia fez com que alguns absurdos ocorressem, deixando que o lado de fã acabasse vencendo o bom senso. Barb (Shannon Purser), de Stranger Things, por algum motivo que ainda foge do meu conhecimento, se tornou uma queridinha do público, mesmo tendo alguns minutos apenas em cena e os criadores da série já terem confirmado sua morte. Se já soava sem sentido a paixão por Barb, foi um baque ainda maior ver sua interprete indicada ao Emmy. É inadmissível. Apenas. A maior injustiçada e que deveria com toda certeza estar nomeada em seu lugar era Gillian Anderson, maravilhosa no visual e na atuação em American Gods (de longe, a melhor coisa da série).

Quero ao menos acreditar que não darão esse prêmio de fan service à ST. O resto da disputa é muito decente. Laverne Cox, Alison Wright e Cicely Tyson entregam ótimas performances, mas os dois maiores destaques são Alexis Bledel e Ann Dowd. Enquanto seria justo premiar o primeiro grande papel dramático de Rory Gilmore, o coração bate mais forte ao saber que The Leftovers finalmente recebeu a tão merecida e aguardada indicação ao Emmy. No seu único episódio na terceira temporada série da HBO, Dowd faz um show de interpretação, com seriedade, muita emoção, toques de humor negro e sarcasmo. A atriz exibe um poderio cênico incrível, e se os votantes realmente não assistiram The Leftovers (claramente não o fizeram) mas viram o episódio em que ela aparece, não tem como o prêmio ir à outra pessoa. Meu coração diz que agora é a hora de TL ser reconhecida.

Leonardo — Alexis Bledel é a favorita para levar o prêmio nesta categoria. Mas é bom ficar de olho em Ann Dowd. Sua participação em The Leftovers foi pontual mas não menos brilhante. O que não é admissível é que Shannon Purser leve o prêmio. Se a Barb garantir um Emmy para a atriz, desliguem os aparelhos.

Ann Dowd -- The Leftovers
Ann Dowd — The Leftovers

Melhor ator convidado em série dramática
Denis O’Hare — This is Us
Ben Mendelsohn — Bloodline
BD Wong — Mr. Robot
Hank Azaria — Ray Donovan
Brian Tyree Henry — This is Us
Gerald McRaney — This is Us

Rodrigo – Foi bizarro ver Ben Mendelsohn ganhar o prêmio de ator coadjuvante ano passado, mesmo não sendo mais ator regular em Bloodline. Agora como convidado, ele tem boas chances, pois aparentemente a Academia curte o rapaz. Porém, acredito que esse ano a categoria deve ir para alguém de This is Us. Denis O’Hare faz um papel delicado e emocional. Minha aposta é pra ele.

Leonardo — BD Wong foi promovido ao elenco regular de Mr. Robot este ano. Não é a toa que seu papel tenha sido curto, porém digno de nomeação nesta categoria. Poderia ganhar se não figurasse nessa lista Ben Mendelsohn, na última temporada de Bloodline.

Ben Mendelsohn -- Bloodline
Ben Mendelsohn — Bloodline

Melhor atriz convidada em série cômica
Melissa McCarthy — Saturday Night Live
Angela Basset — Master of None
Carrie Fisher — Catastrophe
Wanda Sykes — Black-ish
Becky Ann Baker — Girls
Kristen Wiig — Saturday Night Live

Rodrigo – Essa é uma categoria difícil. A última temporada de Saturday Night Live foi extremamente popular, mostrando que a série se reencontrou a partir do cenário político caótico dos EUA. Melissa McCarthy foi uma das responsáveis por isso, e sua participação foi mesmo hilária. A não ser que meu radar esteja muito mal direcionado, ela deve ganhar com facilidade. Porém, é possível que alguns queiram homenagear Carrie Fisher em um de seus últimos papeis antes de seu falecimento (o que seria bem digno, pois seu papel é ótimo). Corre por fora a minha favorita, Angela Basset.

Leonardo – Seria bacana ver uma homenagem para Carrie Fisher, falecida em dezembro de 2016. Mas Angela Basset teve destaque em um dos melhores episódios de Master of None: “Thanksgiving”. Mas como este é o ano de Saturday Night Live, é impossível não apontar o favoritismo de Melissa McCarthy, embora eu torça para que este seja um erro.

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Melissa McCarthy — Saturday Night Live

Melhor ator convidado em série cômica
Hugh Laurie — Veep
Riz Ahmed — Girls
Matthew Rhys — Girls
Dave Chappelle — Saturday Night Live
Lin-Manuel Miranda — Saturday Night Live
Tom Hanks — Saturday Night Live

Rodrigo – Em sua décima indicação (sendo oito delas de atuação e duas como produtor executivo) sem nunca vencer, esse é o momento de Hugh Laurie. Como coadjuvante, ele sempre esteve excelente em Veep, e só agora como convidado que conseguiu garantir um espaço na lista de indicados pela comédia. O timing cômico dele é excelente e a química com Julia Louis-Dreyfus é explosiva. Dessa vez é derrota quase certa para SNL.

Leonardo — Hugh Laurie, por motivos de Hugh Laurie. Sem mais.

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Hugh Laurie — Veep

Melhor direção em série dramática
Vince Gilligan por “Witness” — Better Call Saul
Stephen Daldry por “Hyde Park Corner” — The Crown
Reed Morano por “Offred” — The Handmaid’s Tale
Kate Dennis por “The Bridge” — The Handmaid’s Tale
Lesli Linka Glatter por “America First” — Homeland
The Duffer Brothers por “Chapter One: The Vanishing of Will Byers” — Stranger Things
Jonathan Nolan por “The Bicameral Mind” — Westworld

Rodrigo — Quem vence: The Duffer Brothers por “Chapter One: The Vanishing of Will Byers” — Stranger Things
Quem deveria: Reed Morano por “Offred” — The Handmaid’s Tale

Leonardo — Quem vence: The Duffer Brothers por “Chapter One: The Vanishing of Will Byers” — Stranger Things
Quem deveria: Reed Morano por “Offred” — The Handmaid’s Tale

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“Chapter One: The Vanishing of Will Byers” — Stranger Things

Melhor roteiro em série dramática
Joel Fields e Joe Weisberg por “The Soviet Division” — The Americans
Gordon Smith por “Chicanery” — Better Call Saul
Peter Morgan por “Assassins” — The Crown
Bruce Miller por “Offred” — The Handmaid’s Tale
The Duffer Brothers por “Chapter One: The Vanishing of Will Byers” — Stranger Things
Lisa Joy e Jonathan Nolan por “The Bicameral Mind” — Westworld

Rodrigo — Quem vence e deveria: Bruce Miller por “Offred” — The Handmaid’s Tale

Leonardo — Quem vence: Bruce Miller por “Offred” — The Handmaid’s Tale
Quem deveria: Gordon Smith por “Chicanery” — Better Call Saul

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“Offred” — The Handmaid’s Tale

Melhor direção série cômica
Donald Glover por “B.A.N.” — Atlanta
Jamie Babbit por “Intellectual Property” — Silicon Valley
Mike Judge por “Server Error” — Silicon Valley
Morgan Sackett por “Blurb” — Veep
David Mandel por “Groundbreaking” — Veep
Dale Stern por “Justice” — Veep

Rodrigo — Quem vence e deveria: Donald Glover por “B.A.N.” — Atlanta

Leonardo — Quem vence e deveria: Donald Glover por “B.A.N.” — Atlanta

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“B.A.N.” — Atlanta

Melhor roteiro em série cômica
Donald Glover por “B.A.N.” — Atlanta
Stephen Glover por “Streets on Lock” — Atlanta
Aziz Ansari e Lena Waithe por “Thanksgiving” — Master of None
Alec Berg por “Sucess Failure” — Silicon Valley
Billy Kimball por “Georgia” — Veep
David Mandel por “Groundbreaking” — Veep

Rodrigo — Quem vence e deveria: Aziz Ansari e Lena Waithe por “Thanksgiving” — Master of None

Leonardo — Quem vence e deveria: Aziz Ansari e Lena Waithe por “Thanksgiving” — Master of None

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“Thanksgiving” — Master of None

Melhor direção em série limitada, telefilme ou especial
Jean-Marc Vallée — Big Little Lies
Noah Hawley por “The Law of Vacant Places” — Fargo
Ryan Murphy por “And the Winner Is… (The Oscars of 1963)” — FEUD: Bette and Joan
Ron Howard por “Einstein: Chapter One” — Genius
James Marsh por “The Art of War” — The Night Of
Steven Zaillian por “The Beach” — The Night Of

Rodrigo — Quem vence: Jean-Marc Vallée — Big Little Lies
Quem deveria: Ryan Murphy por “And the Winner Is… (The Oscars of 1963)” — : Bette and Joan

Leonardo — Quem vence: Jean-Marc Vallée — Big Little Lies
Quem deveria: Steven Zaillian por “The Beach” — The Night Of

Nicole Kidman - Big Little Lies
Big Little Lies

Melhor roteiro em série limitada, telefilme ou especial
David E. Kelley — Big Little Lies
Charlie Brooker por “San Junipero” — Black Mirror
Noah Hawley por “The Law of Vacant Places” — Fargo
Ryan Murphy por “And the Winner Is… (The Oscars of 1963)” — FEUD: Bette and Joan
Jaffe Cohen, Michael Zam e Ryan Murphy por “Pilot” — FEUD: Bette and Joan
Richard Price e Steven Zaillian por “The Call of the Wild” — The Night Of

Rodrigo — Quem vence: David E. Kelley — Big Little Lies
Quem deveria: Charlie Brooker por “San Junipero” — Black Mirror

Leonardo — Quem vence: David E. Kelley — Big Little Lies
Quem deveria: Charlie Brooker por “San Junipero” — Black Mirror

Big Little Lies
Big Little Lies

Confira a relação completa dos indicados clicando aqui. O Emmy Awards 2017 acontece no dia 17 de setembro, com apresentação de Stephen Colbert.

Por Leonardo Barreto & Rodrigo Ramos

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