fbpx

Melhores episódios das séries na temporada 2024/2025

Melhores episódios das séries na temporada 2024/2025

Estão na lista capítulos exemplares das séries Somebody Somewhere, Hacks, The Studio, The Pitt e Andor.

O Previamente elegeu os melhores da televisão na temporada 2024/2025, selecionados por quem realmente consome TV.

Na relação abaixo, você confere os 10 melhores episódios exibidos entre os dias 1º de junho de 2024 e 31 de maio de 2025, período de elegibilidade para o Emmy Awards, maior premiação da TV mundial.

Entre as narrativas temos uma sessão de terapia em plano sequência, o melhor monólogo da história dos programas de late night, a descoberta de uma traição, caos no pronto-socorro, a seleção de um elenco e a ascensão fascista ao poder.

Conheça o nosso júri clicando aqui.

Somebody Somewhere — 3×06: As Much as I Like Not Feeling

Direção: Lennon Parham | Roteiro: Lennon Parham
Exibido originalmente em 1º de dezembro de 2024

“As Much as I Like Not Feeling” é daqueles episódios que traduzem perfeitamente a força de Somebody Somewhere. Ele conta com diálogos e atuações que refletem tanto a vulnerabilidade quanto a força dos personagens, dois extremos que a série sabe explorar muito bem. Se, por um lado, Sam precisa lidar com a sua autoimagem e aceitar a possibilidade de ser amada, continua sendo o porto seguro da irmã e do amigo Joel. Enquanto uma está exercendo cada vez mais a autoconfiança e a independência, o outro busca entender melhor seus objetivos de vida e a insatisfação que ainda sente mesmo vendo que sua vida está “perfeita”.

Seria fácil cair no melodrama, mas Somebody Somewhere não é assim. Trata tudo com delicadeza, traz conversas difíceis em meio a uma noite divertida entre amigos, mostrando sempre como nossas relações — e, especialmente, nossos amigos — nos salvam diariamente.

Não existem transformações mágicas e insights milagrosos feitos pelos personagens, existe o reconhecimento de que o autoconhecimento às vezes é uma batalha que exige coragem, assim como frequentemente precisamos do apoio daqueles que nos querem bem para evoluir e romper padrões. É nessas dinâmicas simples e poderosas, tão bem representadas pelas belíssimas interpretações de Bridget Everett e Jeff Hiller, que o episódio cresce e mostra toda a riqueza de Somebody Somewhere. — Ana Bandeira

The Studio — 1×07: Casting

Direção: Seth Rogen & Evan Goldberg | Roteiro: Alex Gregory
Exibido originalmente em 30 de abril de 2025

Dona de uma das piadas mais engraçadas do ano, graças ao timing perfeito de Seth Rogen em cena, “The Casting” é daqueles episódios de fazer o espectador rir do começo ao fim. Dentro da dinâmica de explorar os pormenores de um estúdio hollywoodiano, o capítulo mostra a equipe da Continental Studios tentando montar o elenco ideal para o filme do Kool-Aid Man.

Nas melhores intenções, a equipe tenta promover a inclusão dentro do longa-metragem, mas acaba caindo em um redemoinho sem fim de sensibilidade racial. É um tema bastante delicado e o texto poderia ser de extremo mal gosto, mas o roteirista Alex Gregory faz um grande trabalho em criar uma sátira afiada, pertinente para o nosso tempo e sem ofender (ok, talvez um pouco, mas sem quebrar as convenções de Genebra).

A direção de Rogen e Evan Goldberg também é certeira aqui, porque conduz o caótico episódio com maestria. E, por fim, nada disso daria certo se o elenco não estivesse 100% comprometido com a piada, porém o corpo de atores dá um show. — Rodrigo Ramos

My Brilliant Friend / L’amica Geniale — 4×06: The Cheat

Direção: Laura Bispuri | Roteiro: Elena Ferrante, Francesco Piccolo, Laura Paolucci & Saverio Costanzo
Exibido originalmente em 14 de outubro de 2024

Ponto de virada na temporada, “The Cheat” é um daqueles episódios para ficar marcado na memória do espectador. O turbilhão dramático mistura nascimento, morte e traição. O luto pelo falecimento da mãe de Lenu, o parto de Lila e a descoberta da grande mentira de Nino. Se o personagem masculino principal da trama já era conhecido pelo público como esquerdomacho de primeira, ranço em forma de gente, com muitos brincando na internet de que ele merecia a cadeia, sua revelação aqui é arrebatadora. O momento, brilhantemente encenado, é chocante, nauseante, patético e humilhante. Tudo ao mesmo tempo. Já sabíamos que Nino não prestava, mas ver aquela cena pelos olhos de Lenu, finalmente caindo em si, é devastador. — Rodrigo Ramos

The Last of Us — 2×02: Through the Valley

Direção: Mark Mylod | Roteiro: Craig Mazin
Exibido originalmente em 20 de abril de 2025

O episódio mais movimentado da temporada de The Last of Us é daqueles traumatizantes para o espectador que se apega demais a um personagem. Com a morte tão aguardada do jogo ganhando forma na TV, a série cria uma sequência de alta tensão, com uma escalada de violência e crueldade dentro desse universo, relembrando o público de que tudo pode acontecer no apocalipse e reiterando que o pior inimigo é o ser humano. Diferentemente do jogo, aqui já temos um contexto para justificar a morte, ainda que seja impossível apoiar a forma como o personagem perde a vida. É possível, contudo, ser empático com as mulheres em cena. Todo o elenco se entrega nesse capítulo visceral, a direção é correta e o trauma é eterno. — Rodrigo Ramos

The Pitt — 1×12: 6:00 P.M.

Direção: Amanda Marsalis | Roteiro: Joe Sachs & R. Scott Gemmill
Exibido originalmente em 20 de março de 2025

The Pitt passou a temporada inteira preparando a audiência para esse momento e, arrisco dizer, que não estávamos prontos para a intensidade desse episódio. A décima segunda hora do plantão diurno foi marcada pelo caos e clima de guerra quando o hospital recebe as vítimas de um atentado.

É incrível ver que no meio desse cenário atípico a série ainda encontra espaço para caminhar com o desenvolvimento dos dilemas internos dos funcionários. E, além disso, ainda acompanhamos os personagens do turno da noite, em mais uma amostra da capacidade de longevidade da série. Este episódio reforça o posicionamento da obra frente às questões administrativas e burocráticas que limitam o trabalho dos profissionais de saúde. Esses pontos fazem The Pitt se destacar entre tantas séries médicas que já foram feitas.

Às vésperas do fim do expediente do turno da manhã, todo mundo precisa criar forças para fazer o melhor trabalho possível mesmo depois de tanta exaustão. Dessa forma, The Pitt entrega atuações memoráveis e mostra um domínio de ritmo que a coloca como um dos grandes dramas atuais e que demonstra fôlego para se manter nesse lugar por um bom tempo. — Valeska Uchôa

Interview with the Vampire — 2×07: I Could Not Prevent It

Direção: Emma Freeman | Roteiro: Kevin Hanna & Rolin Jones
Exibido originalmente em 23 de junho de 2024

“I Could Not Prevent It” é o tipo de episódio que justifica a existência de uma série inteira. O retorno de Lestat, interpretado por Sam Reid, carrega uma aura teatral que se encaixa com perfeição na atmosfera sombria do Teatro dos Vampiros. O jogo de poder entre Armand e Louis ganha densidade dramática, e o roteiro transforma cada gesto em uma confissão e cada palavra em um corte. O roteiro de Rolin Jones e Kevin Hanna tem destaque mais uma vez, mas a direção de Emma Freeman, por sua vez, se deixa embalar pelo artifício teatral e transforma o episódio em uma experiência quase de palco, mas sem nunca perder a intensidade televisiva.

É impossível não se impressionar com a química entre Jacob Anderson e Delainey Hayles, que encontram no olhar e no silêncio a forma mais poderosa de comunicação. Anderson traz um Louis dividido entre amor e desconfiança, enquanto Hayles carrega Claudia como uma fúria contida prestes a explodir. O resultado é um episódio que não apenas se assiste, mas se sente – uma verdadeira aula sobre como a TV pode ser arte em estado bruto. — Zé Guilherme

Adolescence – 1×03: Episode 3

Direção: Philip Barantini | Roteiro: Jack Thorne & Stephen Graham
Exibido originalmente em 13 de março de 2025

Como alguém que não é o maior entusiasta de Adolescence, digo que a ideia de fazer toda uma narrativa em plano sequência me soa mais como ego artístico do que qualquer coisa. Dos quatro capítulos, os dois primeiros não justificam a técnica; pelo contrário, ela atrapalha ao desviar a atenção do espectador para o que deveria importar: a história. Contudo, o contexto muda na segunda metade. No terceiro episódio, o plano sequência funciona para construir o duelo psicológico tenso entre Jamie, o garoto de 13 anos acusado de assassinato, e a psicóloga Briony Ariston. A câmera, usada de maneira inteligente, investiga os personagens e nos convida a participar disso. Os atores, por sua vez, mandam super bem, com Owen Cooper assombroso ao mostrar os traços de masculinidade tóxica, e Erin Doherty exibindo uma contenção emocional de primeira, resistindo à pressão psicológica do garoto até chegar ao esgotamento diante do confronto. — Rodrigo Ramos

Severance – 2×07: Chikhai Bardo

Direção: Jessica Lee Gagné | Roteiro: Dan Erickson & Mark Friedman
Exibido originalmente em 28 de fevereiro de 2025

A diretora de fotografia Jessica Lee Gagné debuta como diretora de um episódio completo de Severance com “Chikhai Bardo”, o mais emblemático da segunda temporada. Nele, o público é finalmente apresentado a Gemma —  e todas as versões internas dela.

Com escolhas pouco convencionais e criativas, Gagné conta essa história de maneira ousada, especialmente no aspecto visual. Era fácil cair na mesmice dos flashbacks, recurso usado com frequência no audiovisual televisivo, mas aqui ela aproveita a oportunidade para mostrar que é mais do que uma diretora de fotografia arrojada: é uma verdadeira contadora de história. 

A série pode não ter feito um grande trabalho em seu percurso em desenvolver Gemma a ponto de o público criar uma grande empatia com a personagem — ao menos, não no mesmo nível de Helly R, por exemplo. Contudo, tendo a tarefa de gerar essa conexão com o espectador em somente um capítulo, Gagné, juntamente com os roteiristas Dan Erickson e Mark Friedman, conseguem fazer com que compremos a relação de Mark e Gemma, permeada por amor e trauma, enquanto ainda somos conduzidos a sentir as dores da personagem feminina, interpretada com esplendor por Diechen Lachman. — Rodrigo Ramos

Hacks — 4×09: A Slippery Slope

Direção: Lucia Aniello | Roteiro: Lucia Aniello, Paul W. Downs & Jen Statsky
Exibido originalmente em 22 de maio de 2025

Numa jornada de grandes episódios, “A Slippery Slope” corre o risco de ser o melhor episódio de Hacks — o que é dizer muito. Em meio à confusão na vida dos principais personagens — Deborah, Ava, Jimmy e Kayla –, o talk show começa a ter problemas quando o chefe da emissora resolve participar das reuniões de pauta do programa e sugere como convidado a estrela de um novo filme que responde a questões relacionadas a assédio sexual. Deborah aceita na hora, enquanto Ava, por seus valores morais, fica descontente com a decisão. Além disso, Dance Mom (brilhantemente interpretada por Julianne Nicholson) está sumida e prestes a entrar no ar, então Jimmy e Kayla saem à sua procura. 

Daí pra frente, o caos toma conta. Temos a cena mais engraçada do ano, reforçando que Dance Mom é a melhor piada concebida na história recente da TV. Temos a criação de tensão de que Deborah esteja prestes a dar mais uma punhalada nas costas de Ava — o que jogaria a série à estaca zero da temporada. Temos o incrível discurso de Deborah no programa pós-Oscar. Temos Paul W. Downs, o intérprete de Jimmy, oferecendo comédia física de alto nível. Temos atuações memoráveis de todos os envolvidos. Além da crítica dos tempos modernos do mercado audiovisual, em que não basta fazer sucesso, dinheiro ou rir, a indústria pode ser cruel com você de qualquer forma — um discurso que caberia perfeitamente a Stephen Colbert, inclusive.

Subvertendo o que se espera, Hacks mostra que ainda tem a capacidade de surpreender. E o faz de maneira inteligente, sem ofender a capacidade cognitiva do público. Hacks funciona porque é uma máquina de piadas, fazendo o telespectador rir a qualquer custo, mas nunca deixa para trás o trabalho em cima de seus personagens, que enriquecem a experiência como um todo.

E por ter arquitetado uma estrutura tão sólida ao longo de quatro anos é que “A Slippery Slope” funciona tão bem. Um episódio que serve de recompensa àqueles que amam a experiência seriática — Rodrigo Ramos

Andor — 2×08: Who Are You?

Direção: Janus Meltz | Roteiro: Dan Gilroy
Exibido originalmente em 6 de maio de 2025

“Who Are You?”, da segunda temporada de Andor, reafirma a força da série em transformar pequenos gestos e diálogos em peças centrais de uma engrenagem dramática muito maior. O episódio equilibra espionagem e intimidade com notável precisão, colocando Cassian (Diego Luna) frente a dilemas que testam não apenas sua lealdade, mas também a noção de identidade em meio ao avanço opressor do Império. Em paralelo, Syril (Kyle Soller) precisa encarar as consequências de suas ações como infiltrado a favor do autoritarismo e se surpreende com o quão cruel o fascismo pode ser — quem diria que aqueles que ajudam a tirania também podem se tornar vítimas dela. 

Até a metade do episódio, a direção aposta em silêncios carregados e enquadramentos que prendem o espectador no desconforto dos personagens, reforçando que, em Andor, o suspense nasce tanto da ação quanto da palavra contida. Na segunda parte, investe-se no confronto, aí sim com adrenalina lá no alto e as necessárias explosões, porém, não de uma forma espetaculosa. Aqui, o embate é do maior aniquilando o menor. Basicamente, um genocídio de toda uma população. 

A série dá peso para cada morte, porque aqui os personagens, por mais coadjuvantes que sejam dentro da narrativa, são tratados como vidas que se perdem. Quando vemos pessoas caindo no chão, assassinadas, há gravidade. A mensagem que Cassian ouve no rádio reforça a sensação de desespero, desesperança, de aniquilação. E o olhar de Diego Luna diz tudo o que precisamos saber para entender o que acabou de acontecer. 

“Who Are You?” é uma aula de condução narrativa, mostrando as complexidades por trás de cada personagem (mesmo aqueles que estão do lado oposto), equilibrando os dilemas morais com as emoções, dando cara ao autoritarismo sem medo de ser duramente realista na fabricação desse massacre e executando a manipulação da opinião pública graças ao ecossistema construído ao longo de toda a temporada. É o episódio dos episódios. — Rodrigo Ramos

Continue a leitura:

Textos por Ana Bandeira, Rodrigo Ramos, Valeska Uchôa & Zé Guilherme
Produção, edição e redação final por Rodrigo Ramos
Fotos: HBO Max, AMC, Apple TV+, Netflix, HBO, RAI e Disney+

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *