Estão na lista Hacks, We Are Lady Parts, Reservation Dogs, Girls5Eva, entre outras.
O Previamente elegeu os melhores da televisão na temporada 2023/2024, selecionados por quem realmente consome TV.
Na relação abaixo, você confere as 10 melhores séries de comédia exibidas entre os dias 1º de junho de 2023 e 31 de maio de 2024, período de elegibilidade para o Emmy Awards, maior premiação da TV mundial.
Entre as narrativas temos um humano que quer muito ser vampiro, uma banda de punk rock formada por mulheres mulçumanas, jovens de uma comunidade indígena entrando na vida adulta, a busca pelo sucesso de outrora, um musical da Broadway acompanhado de um assassinato e muito mais.
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Here We Go (BBC One) – Segunda Temporada
Usando do artifício de falso documentário, que foi popularizado com The Office e Modern Family e que vê outros filhos no ar, como What We Do In The Shadows e Abbott Elementary, a britânica Here We Go foca-se no ambiente familiar. O filho adolescente da família Jessop filma seus parentes para, segundo ele, um projeto da escola e vai registrando diversas situações do cotidiano.
Apostando no clássico do subgênero da comédia, Here We Go consegue fazer uma sitcom familiar engraçada, com situações que causam uma leve vergonha alheia, mas também consegue trazer um pouco de emoção quando menos se espera. Nesta segunda temporada, o elenco entrega uma química genuína e tira boas risadas do espectador a cada episódio, em especial nas situações vividas pela matriarca Rachel, que decidiu voltar à estudar na faculdade e tenta se enturmar com a galera jovem, e o esposo Jim, que é típico marido bobão, ingênuo, mas de coração grande.
Caso você consiga encontrar um meio para assistir, não deixe de conferir. — Rodrigo Ramos
Disponível no Stremio.
Never Have I Ever (Netflix) – Quarta Temporada
Never Have I Ever (Eu Nunca…, em português) foi uma série que se manteve fiel aos seus personagens, à sua essência e à qualidade do início ao fim. Com identidade própria, um ponto fora da curva das séries adolescentes tradicionais, ela é inclusiva, engraçada, emocionante, retrata seus personagens de forma honesta, cheios de falhas e ainda em fase de construção. Além disso, aborda as questões culturais indianas no embate com a cultura ocidental, quebra estereótipos e discute de maneira natural questões dessa fase de crescimento e amadurecimento. Sem dúvidas, sentiremos a falta de Devi (Maitreyi Ramakrishnan) e seus amigos — e de séries boas na Netflix, cada vez mais raras. — Rodrigo Ramos
Disponível na Netflix.
Starstruck (BBC Three/Max) – Terceira Temporada
Com aquele humor seco britânico, é fácil se encantar por Starstruck. Tendo como início um improvável casal formado por um astro hollywoodiano de sucesso, mas infeliz por trabalhar somente em filmes de ação genéricos, e uma mulher perto dos 30 anos que não sabe qual rumo tomar na vida e com trabalhos que mal paga as contas, a série foi desenvolvendo essa relação com seus altos e baixos, e se eles ficariam juntos ou não. A terceira (e derradeira) temporada da série mantém toda a estrutura e volta a questionar: tem como esse relacionamento dar certo? Os protagonistas bem que tentam, mas voltam a se questionar se eles não são melhores como amigos do que como namorados.
A comédia criada, escrita e protagonizada por Rose Matafeo tem a virtude de tratar esse romance e as demais tramas com maturidade, sem romantizar as situações, discutindo como as relações e a vida adulta na casa dos 30 são hoje em dia, com bom humor e respaldando-se na realidade. Não é um faz de contas, em que todo mundo é perfeito, tampouco há vilões nessa história. Há pessoas cheias de falhas e também virtude, que são incompatíveis ou que não estão no mesmo momento da vida para ficarem juntas. É uma reflexão honesta sobre a geração millennial. — Rodrigo Ramos
Disponível na Max.
Girls5Eva (Netflix) – Terceira Temporada
Uma comédia boba, idiota (no melhor sentido), nonsense, sem qualquer filtro ou medo de soar vergonhosa. Girls5Eva é esse tipo de obra, que não tem receio de ser nenhum dos adjetivos mencionados previamente. Criada e tocada por Meredith Scardino, conhecida por Unbreakable Kimmy Schmidt, mas que já venceu quatro Emmys por seu trabalho em The Colbert Report, a série encontra de vez o seu tom no terceiro ano (quem diria que isso ocorreria justo na Netflix) encaixando as piadas, com o elenco cada vez mais em sintonia, além de trabalhar melhor o desenvolvimento de seus personagens. A trama leva o quarteto para viajar pelos Estados Unidos em uma turnê bem menos glamurosa do que a de Taylor Swift, enquanto as integrantes do girl group buscam se reconectar com os seus respectivos “eu”. É uma bobajada sem fim, deliciosa e extremamente divertida, com canções dignas de serem vencedoras do Grammy. — Rodrigo Ramos
Disponível na Netflix.
What We Do In The Shadows (FX) – Quinta Temporada
Após ter perdido um pouco do caminho no ano anterior, a quinta temporada de What We Do In The Shadows recupera seu brilho, inventividade e graça, levando a série por novos caminhos e usando o melhor de cada personagem. Por exemplo, Guillermo (Harvey Guillén) ganha ainda mais espaço e sua narrativa se torna o epicentro da trama. O elenco está em pleno entrosamento, as situações criadas vão do absurdo à vergonha alheia – o que é maravilhoso -, os convidados são usados com mais inteligência e contribuem para o desenvolvimento da história. Por fim, o mais importante de tudo, numa série como essa, é ela ser engraçada. E, definitivamente, ela cumpre esse objetivo em seu quinto ano. — Rodrigo Ramos
Disponível na Disney+.
Abbott Elementary (ABC) – Terceira Temporada
Abbott Elementary é uma série que pouco muda, o que pode ser positivo ou negativo, a depender do ponto de vista. Neste novo ano, há algumas potenciais mudanças, como a nova oportunidade de trabalho de Janine (Quinta Brunson) e Melissa (Lisa Ann Walter) e Jacob (Chris Perfetti) morando juntos, mas a dinâmica entre os personagens não se altera tanto — e o que altera, com os novos pares de Janine, tira pontos da série –, o que faz com que Abbott Elementary continue jogando no seguro, sem se arriscar, sendo um perfeito caso de série de conforto. E às vezes a rotina, a repetição, o conhecido é o que precisamos. Destaque, como sempre, à Ava, interpretada por Janelle James, que constantemente rouba a cena. — Rodrigo Ramos
Disponível na Disney+.
Only Murders in the Building (Hulu) – Terceira Temporada
Only Murders in the Building começou com uma ótima primeira temporada, mas, infelizmente, a série perdeu parte da magia e da força no segundo e, em certa instância, no terceiro ano também. Entretanto, a terceira rodada é mais divertida do que a anterior, uma vez que traz novos elementos ao jogo, adições divertidas ao elenco (como Meryl Streep, Andrea Martin e Paul Rudd), muda um pouco de cenário (afinal, não é tudo sobre o que acontece dentro do prédio), e ainda conta com dois ótimos atores (Martin Short e Steve Martin) entregando o máximo em suas performances. A narrativa pode não ser a melhor de todas, mas principalmente quando o trio de protagonistas está junto em cena, poucas séries conseguem bater sua química incomparável. — Rodrigo Ramos
Disponível na Disney+.
We Are Lady Parts (Peacock/Channel 4) – Segunda Temporada
Demorou, mas veio aí. Depois de um hiato absurdo de três anos, We Are Lady Parts retornou e em grande forma. A banda de punk rock formada por mulheres muçulmanas continua em busca de novas oportunidades, como uma turnê e a gravação do seu primeiro álbum. No caminho elas vão encontrando alguns obstáculos, como a falta de investimento e potencial de engajamento nas redes sociais. Entre as questões do grupo, há também as adversidades e desafios pessoais de cada uma delas.
Para a execução dessa história, a criadora, roteirista e diretora Nida Manzoor prova novamente, agora neste segundo ano, ter desenvoltura em todas as funções que se propõe, já que imprime um visual estético altamente criativo e fora da casinha, com um roteiro esperto e que constantemente foge dos clichês fáceis, seja da religião muçulmana ou até mesmo das escolhas de conveniência de roteiro como em relacionamentos românticos. We Are Lady Parts é uma série inclusiva, com uma abordagem única, um plot impensável, conta com números musicais sensacionais e divertidíssimos, ótimas performances, emociona aqui e ali e, o mais importante, faz rir — algo que nem toda série de comédia está disposta a fazer. — Rodrigo Ramos
Disponível no Stremio.
Reservation Dogs (FX) – Terceira Temporada
Embora um dos melhores episódios da série esteja na primeira metade da terceira temporada de Reservation Dogs (3×03: “Deer Lady”), essa primeira metade é, na minha opinião, bastante inconstante. Fiquei com medo de que a terceira temporada não fosse conseguir se equiparar à brilhante segunda. Medo logo aplacado pela igualmente brilhante segunda metade. A partir do 3×06 (“Frankfurter Sandwich”), a temporada encontra um caminho emotivo e de altíssima qualidade para retratar os laços, as tradições e as idiossincrasias de cada membro dessa comunidade indígena, sem perder de vista o arco maior do adultecer do grupo de jovens amigos que protagoniza a série.
É interessante pensar no que há de único nesse adultecer de Reservation Dogs, por se tratarem de jovens indígenas: a magia como parte do dia a dia, o trânsito tranquilo pela espiritualidade, os rituais que cercam o luto e as perdas. E é igualmente interessante pensar no que há de universal (essa palavra usualmente reservada à experiência de pessoas brancas de países centrais) no adultecer de Reservation Dogs, por se tratarem de jovens: a insegurança e a incerteza frente aos caminhos de vida que vão se desenhando, a busca por pertencimento e a sensação de incompreensão, a sede por suporte familiar e das amizades.
Ao final de Reservation Dogs, num episódio marcado por um funeral em que vida e morte caminham juntas como velhas amigas (uma das questões centrais da série), alguns decidem partir, e outros decidem seguir bem ali. Difícil mesmo é seguirmos nesse misto de tristeza e acalento que uma das últimas boas séries dessa era da TV dos EUA deixa para trás ao terminar. — Luiza Conde
Disponível na Disney+.
Hacks (Max) – Terceira Temporada
É curioso como Hacks poderia muito bem ter se encerrado após duas temporadas, já que o finale do segundo ano é perfeito. Mas, para a nossa alegria, o trio formado por Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky decidiu seguir em frente e atingiu um novo patamar. Se era improvável ficar melhor, eles dobraram a aposta e provaram superar o que foi feito antes em um terceiro ano impecável, do início ao fim.
Na terceira temporada, Deborah (Jean Smart) curte os louros de voltar ao estrelato com o seu stand-up, enquanto Ava (Hannah Einbinder) segue sua carreira de roteirista, mas agora voltada para algo mais sério, que talvez poucos assistam, contudo, aclamado pela crítica e laureado. Sem querer, elas acabam se esbarrando depois de um longo período separadas e uma oportunidade surge para elas voltarem a trabalhar juntas novamente: abriu a vaga de apresentador do Late Show.
Ao longo de nove episódios, vemos as duas protagonistas se reconectarem, perceberem como elas extraem o melhor uma da outra profissionalmente, como aprendem e se tornam melhores compartilhando suas vivências. Nem sempre se entendem ou concordam, mas há uma espécie de respeito mútuo entre elas, além de carinho. A série conta isso de diversas maneiras, desde elas trabalhando no episódio especial do Late Show, na caminhada em meio à natureza, fazendo improvisação e curtindo uma festa universitária, no apoio em questões familiares, na campanha para conseguirem o programa dos sonhos, e por aí vai. No entanto, na primeira oportunidade em que sente medo de perder suas conquistas, Deborah mostra que continua sendo narcisista e implacável ao trair Ava. E eis que reside a grande — e, inesperada — virada da temporada, com um novo finale de milhões, esse sim, aguardando uma continuação imediata.
O trio de roteiristas costura toda a temporada sem deixar margem para furos ou erros. Tudo tem um objetivo. Por exemplo, o fato de Ava ficar fora do holofote em grande parte da temporada não é por acaso; é planejado e serve para justificar o plot twist no finale. Toda a aproximação da dupla central, uma relação que se torna ainda mais íntima e dificulta a separação entre o que é pessoal e o que é profissional, é exatamente o que torna a decisão de Deborah tão dolorida e mesquinha. Pode parecer simples pensar em ligações assim, mas para quem escreve, sabe muito bem que não é.
O desenvolvimento de todos os personagens — e isso inclui os coadjuvantes, como a dupla Jimmy (Paul W. Downs) e Kayla (Megan Stalter) — é gigante, e mesmo nos momentos mais emocionais, é importante frisar que Hacks não abre mão de uma boa piada. Tirando It’s Always Sunny in Philadelphia, que é uma comédia mais bagaceira e o refinamento do texto é menor, Hacks deve ser a série com mais piadas por minuto atualmente. O roteiro é afiadíssimo e seu elenco faz questão de entregar cada frase com graça e brilhantismo. É sensacional ver Jean Smart e Hannah Einbinder no ar, no auge do talento de cada uma. Sejamos honestos? É a comédia em seu estado maior. Vamos rir! — Rodrigo Ramos
Disponível na Max.
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Textos por Luiza Conde & Rodrigo Ramos
Produção, edição e redação final por Rodrigo Ramos
we are lady parts comédia diva subestimada