Melhores episódios das séries na temporada 2023/2024

Episódios de Reservation Dogs, Fargo, The Bear e X-Men ’97 estão na lista.

O Previamente elegeu os melhores da televisão na temporada 2023/2024, selecionados por quem realmente consome TV.

Na relação abaixo, você confere os 10 melhores episódios exibidos entre os dias 1º de junho de 2023 e 31 de maio de 2024, período de elegibilidade para o Emmy Awards, maior premiação da TV mundial.

Entre as narrativas temos um biscoito para sorrir, abusos, funerais, traições, genocídio, reencontros, reuniões familiares cheias de tensão e gritaria, garfos e cogumelos sendo descascados.

Conheça o nosso júri clicando aqui.

Reservation Dogs — 3×10: Dig

Direção: Sterlin Harjo | Roteiro: Sterlin Harjo & Chad Charlie
Exibido originalmente em 27 de setembro de 2023

No episódio final de Reservation Dogs, a série traz todos para o mesmo lugar: o funeral de Old Man Fixico. É ali que o desfecho ocorre, e não com grandes acontecimentos, viradas e surpresas. O finale é uma calmaria só, respaldado em diversas trocas entre os personagens, trazendo consigo a sensação de comunidade que a produção desde o seu início trouxe. É como dizem, a experiência humana não é individual, e sim coletiva. Reservation Dogs provou esse ponto ao longo de sua jornada, e o encerramento não poderia ser diferente. Aqui contempla-se sobre as mudanças, o luto, raízes, cultura e a esperança de dias melhores. É um belíssimo episódio que representa muito bem e resume toda a série. — Rodrigo Ramos

Disponível na Disney+.

Baby Reindeer — 1×04: Episode 4

Direção: Weronika Tofilska | Roteiro: Richard Gadd
Exibido originalmente em 11 de abril de 2024

Um dos episódios mais chocantes da temporada. É aqui que Baby Reindeer mostra o que está abaixo da superfície. Prepare-se para cenas gráficas e difíceis de assistir. Mas é aqui que a discussão na série se torna séria. É um relato sobre como qualquer um está suscetível a ser abusado, como isso pode acontecer sem se dar conta, como alguém pode ficar refém emocionalmente do abusador, as consequências da violência sexual, que vão desde ser incapaz de ter falar do assunto, ter um relacionamento funcional novamente e se colocar em risco constantemente, uma espécie de autoflagelo. É um episódio valente e que toma os devidos cuidados para não se tornar um torture porn. É pesado, sim, e pode engatilhar pessoas que sofreram abuso sexual no passado, todavia, conta a história de maneira coerente e correta. — Rodrigo Ramos

Disponível na Netflix.

Reservation Dogs — 3×09: Elora’s Dad

Direção: Sterlin Harjo | Roteiro: Kawennáhere Devery Jacobs
Exibido originalmente em 20 de setembro de 2024

Elora (Devery Jacobs) tem interesse em ir à faculdade, porém, para isso, precisa da assinatura dos seus responsáveis. Com a mãe falecida, sobra apenas… Seu pai. A pessoa que ela não conhece, nunca teve nenhuma ligação. Ela depende dele. Sem saída, ela vai atrás do seu genitor. Essa é a trama inicial do melhor episódio da temporada de uma das comédias (ou dramédias?) mais subestimadas da atualidade, um verdadeiro diamante. A narrativa do capítulo aborda com delicadeza essa interação entre um pai e uma filha, que nunca tiveram uma relação, se vendo pela primeira vez — pai este interpretado com elegância por Ethan Hawke. Em meio a uma temporada que brinca bastante com a fantasia, a série faz um excelente trabalho em fincar os dois pés na realidade neste episódio. O roteiro, escrito pela própria Jacobs, é lapidado cuidadosamente para representar essa interação fidedignamente, com situações e diálogos verossímeis diante das circunstâncias. Tudo aqui transmite verdade, desde os constrangimentos, o ficar sem graça, o que é dito e o que não é dito, o medo de se machucar, assuntos espinhosos — afinal, por que o abandono? –, até aquela ponta de esperança de que uma relação pode surgir dessa troca. “Elora’s Dad” é de uma delicadeza só, um episódio que é puro coração. Realista, otimista e altamente emocional. — Rodrigo Ramos

Disponível na Disney+.

Fargo — 5×10: Bisquik

Direção: Thomas Bezucha | Roteiro: Noah Hawley
Exibido originalmente em 16 de janeiro de 2024

O finale da quinta temporada — para uma parte da audiência, a melhor da série — leva a narrativa para a sua conclusão, iniciando como uma belíssima sequência da fuga de Gator (Joe Keery) — as escolhas de enquadramento são muah *chef kiss* –, passando pela caça a Roy (Jon Hamm), Dot (June Temple) indo embora sentada no banco traseiro de um carro — impossível não lembrar de Kirsten Dunst na segunda temporada da série quando acontece uma cena como essa –, o reencontro com a família e até a aceitação da sogra Lorraine (Jennifer Jason Leigh). É um episódio cheio de eventos nos seus primeiros 19 minutos, para fechar a história. Porém, o roteirista Noah Hawley entende que seu enredo não acaba aí, e um epílogo, que mostra o destino dos personagens que sobreviveram, incluindo uma deliciosa fechada de Lorraine com o lixo de ser humano que é Roy, mas, o mais importante é o confronto entre Dot e Munch (Sam Spurell). É possível cortar o ar com uma faca com tamanha tensão. A luz da família é invadida pela escuridão. É um embate de gigantes. A sensação é de que tudo pode acontecer ali e todos estão em perigo. E o roteiro surpreende justamente em ir por um caminho inesperado, ainda mais em se tratando de Fargo. É com maestria que o texto de Hawley, a direção Thomas Bezucha e as atuações pujantes de Temple e Spurell transformam uma situação aterrorizadora em algo bem humorado e cheio de ternura. É uma sequência de 20 minutos em que o espectador não tem ideia do que vai acontecer, e a recompensa, surpreendente, vem nos últimos segundos com o desfecho brilhante de uma temporada irretocável de TV de altíssima qualidade. — Rodrigo Ramos

Disponível na Amazon Prime Video.

Fargo — 5×01: The Tragedy of the Commons

Direção: Noah Hawley | Roteiro: Noah Hawley
Exibido originalmente em 21 de novembro de 2023

O conceito do Minnesota Nice, uma pessoa exageradamente simpática, legal e otimista, por mais que seja maltratada ou a situação esteja ruim, é o ponto de partida da temporada. Dot, vivida por Juno Temple, abraça esse estereótipo para viver tranquilamente com a sua família. Mas a confusão, o erro não intencional, causado por uma briga coletiva em uma reunião escolar, faz com que sua vida esteja prestes a mudar. 

Mesmo sem que o espectador saiba o que virá, é notável que a ansiedade da protagonista vai ficando pulsante. O terror nos olhos dela vai surgindo pouco a pouco, pois ela sabe que algo está vindo atrás dela, é só uma questão de tempo. 

É um perfeito episódio em termos de criação de tensão e na construção da fundamentação para toda a temporada, coisa fina. Desde as armadilhas no melhor estilo Esqueceram de Mim até o desenrolar caprichado da trama, “The Tragedy of the Commons” é um episódio que se sustenta sozinho e deixa o caminho bem pavimentado para todo o desenrolar de um quinto ano excepcional de Fargo. — Rodrigo Ramos

Disponível na Amazon Prime Video.

Shogun — 1×09: Crimson Sky

Direção: Frederick E.O. Toye | Roteiro: Rachel Kondo & Caillin Puente
Exibido originalmente em 16 de abril de 2024

Em uma das horas mais emocionantes e surpreendentes do ano, “Crimson Sky” tem Mariko (Anna Sawai) como foco principal, a melhor personagem da série, encarregada de executar o plano de Toranaga (Hiroyuki Sanada), que intitula o episódio. A coragem, o senso de honra e dever que a moça carrega são muito fortes. O que deixa tudo mais interessante é como isso conflitua com seu amor proibido por Blackthorne (Cosmo Jarvis). A tensão é quase palpável, porque a série constrói Mariko tão bem, com tantas camadas, que é completamente crível que ela está disposta a se sacrificar pelo seu Senhor desde o primeiro momento. É um episódio muito bem escrito e atinge o clímax da temporada de uma maneira que brinca com nossas expectativas e emoções. Quando achávamos que tudo estaria bem, uma traição do imprevisível Yabushige (Tadanobu Asano), outro excelente personagem, faz com que Mariko realmente precise se sacrificar, em uma cena chocante, que encerra o episódio com um gancho daqueles que somente grandes séries podem proporcionar. — Filipe Chaves

Disponível na Disney+.

X-Men ’97 — 1×05: Remember It

Direção: Emi Yonemura | Roteiro: Beau DeMayo
Exibido originalmente em 10 de abril de 2024

X-Men ‘97 é, na minha opinião, a melhor estreia de 2024 até aqui e, sinceramente, uma das poucas realmente boas do ano. “Remember It”, no entanto, segue o episódio mais fraco da temporada – “Motendo / Lifedeath (1)” – e, paradoxalmente, isso talvez contribua ainda mais para o efeito do episódio. Entramos em “Remember It” com as expectativas um pouco mais baixas e, a princípio, parecemos estar diante de um episódio corriqueiro que serve ao propósito de nos apresentar Genosha, a nação mutante.

Não que isso seja ruim. Ao fazer essa apresentação de Genosha, a série se aprofunda ainda mais num dos temas mais caros à franquia X-Men (e a X-Men ‘97 mais ainda): o das dinâmicas de opressão (especialmente, mas não só, a opressão à população LGBT+). Genosha é uma nação livre do domínio de humanos ditos “normais”, onde os mutantes não precisam esconder seus poderes ou o fato de que são diferentes. Ali, eles não são “os outros” e podem existir plenamente.

Mas é a segunda metade de “Remember It” que o torna um dos melhores episódios da temporada da TV norte-americana, em vez de apenas um bom episódio de X-Men ‘97. Pois, como o nome da finale nos lembra, “tolerância é extinção” e Magneto e Genosha pagam caro por tentarem o caminho da conciliação num mundo que quer vê-los submissos e, em última análise, extintos. Sem revelar muito, a excelência narrativa se encontra com a excelência dos efeitos e das sequências de ação da série para nos entregar um episódio chocante e cheio de silêncio. A nós, só resta não esquecer. — Luiza Conde

Disponível na Disney+.

The Bear — 2×06: Fishes

Direção: Christopher Storer | Roteiro: Joanna Calo & Christopher Storer
Exibido originalmente em 23 de agosto de 2023

“Fishes” encapsula com perfeição uma reunião familiar. Tirando uma situação mais absurda, como um carro entrando na sala de jantar, é o retrato acurado e caótico de um encontro entre pares em uma data festiva. Discussões, preocupações, o receio de falar certas coisas para alguns, conversas aleatórias, momentos nostálgicos, outros embaraçosos, gritaria, provocações e bullying, agressões, problemas com bebida alcoólica, o fardo da mulher cozinhando para um batalhão de pessoas. Tem tudo isso e mais um pouco. É uma situação que casa com o estilo caótico, estressante e barulhento de The Bear, capaz de despertar um ataque de ansiedade em qualquer um. É um episódio de deixar o espectador vidrado no que está na tela, com diversas participações mais do que especiais, com ótimas performances de Bob Odenkirk e, especialmente, de Jamie Lee Curtis, que rouba a cena do episódio como a mãe de Carmy (Jeremy Allen White), Michael (Jon Berthal) e Nat (Abby Elliott). A atriz entrega uma das maiores atuações da temporada na TV, dando vida a uma personagem que visivelmente está no limite, uma verdadeira bomba relógio. Os outros têm que cuidar como se dirigem a ela, o que fazem, porque qualquer movimento errado pode ser o suficiente para dar um gatilho nela e fazê-la surtar. É uma performance sensacional, no limite da loucura, que passa por dezenas de emoções em questões de segundos, indo da melancolia à agressividade num piscar de olhos. Seu trabalho ajuda a tornar esse episódio um dos mais memoráveis da temporada. — Rodrigo Ramos

Disponível na Disney+.

Hacks — 3×09: Bulletproof

Direção: Lucia Aniello | Roteiro: Lucia Aniello, Paul W. Downs & Jen Statsky
Exibido originalmente em 30 de maio de 2024

E Hacks segue carregando a TV norte-americana nas costas. Após uma segunda temporada que fechou muita coisa (e que poderia muito bem ter sido o final da série), a terceira ficou com a responsabilidade de mostrar que não cairia numa repetição de tramas e dinâmicas. No ápice dessa noção, a finale nos leva para lugares totalmente inesperados e inexplorados pela série ainda, especialmente no que diz respeito à dinâmica entre Deborah (Jean Smart) e Ava (Hannah Einbinder), abrindo caminho para uma quarta temporada com mais perguntas do que respostas, e as minhas expectativas em relação ao que vem por aí lá no alto.

Deborah começa o finale no lugar mais solar possível, tendo conquistado tudo o que sempre quis. A relação entre ela e Ava nunca esteve melhor, e Ava chega mesmo a recusar uma oferta importante de emprego para seguir trabalhando para Deborah. É algo recorrente na terceira temporada: Ava se anula em prol de Deborah, o que é refletido no fato da personagem ter menos tramas próprias e tempo de tela do que nas temporadas anteriores. Na terceira, ela é a escada de Deborah, e a única história que importa de fato é a da comediante.

E isso parece funcionar… Até que, no finale, o fato de conseguir tudo traz um medo profundo de perder tudo também, e Deborah assume o seu lado mais egoísta para tomar as rédeas por completo e impedir que algo dê errado, passando por cima de tudo e de todos. Inclusive de Ava. Cansada de ser pisada, Ava retoma para si o protagonismo, confrontando Deborah numa cena magistralmente escrita e atuada, marcando uma virada da personagem que a coloca pela primeira vez num lugar de poder na relação entre ambas. A Deborah, só resta aceitar, entre o ódio e o orgulho.  — Luiza Conde

Disponível na Max.

The Bear — 2×07: Forks

Direção: Christopher Storer | Roteiro: Alex Russell
Exibido originalmente em 23 de agosto de 2024

Cada segundo importa. E foi assim que me senti assistindo ao sétimo episódio da segunda temporada de The Bear. Tudo que vimos aqui foi essencial para deixar claro o papel de Richard dentro do empreendimento  sucessor do The Original Beef of Chicagoland.

Richard parece não se encaixar no ideal de funcionário que se espera de um restaurante que Carmy deseja que The Bear seja. Ele se enxerga como uma pessoa fracassada e sem propósito, sem maiores talentos e que não teria um papel importante dentro de um lugar assim. No entanto, neste episódio acompanhamos a transformação de Richie em uma peça essencial para o nível de excelência na prestação de serviço que um restaurante que almeja estrela Michelin precisa ter. A semana do personagem serviu para polir seu maior trunfo: a empatia, a habilidade de se importar genuinamente com as pessoas.

O ambiente caótico de cozinha que estamos acostumados a ver na série, é o extremo oposto do que vemos em “Forks”. Aqui a desordem é substituída por ordem, cuidado, atenção e respeito. O episódio faz bem em construir uma atmosfera em torno da líder do restaurante e adiar até o último momento a sua apresentação. Chef Terry quebra as expectativas do que vemos usualmente em personagens nessa posição, grosseiros, rígidos, autoritários. E Olivia Colman interpreta o papel brilhantemente transmitindo toda a competência, doçura e bondade da personagem. Apesar de ser um episódio mais intimista e emocional, ele chega ao fim num tom cômico inusitado com Richie cantando Taylor Swift a plenos pulmões enquanto xinga outros motoristas no trânsito, mostrando mais uma vez o personagem complexo que é. E, assim, “Forks” se consagra como um dos grandes episódios do segundo ano de The Bear. Depois dele, é difícil que algum fã da série ainda não tenha se rendido ao cousin. — Valeska Uchôa

Disponível na Disney+.

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Textos por Filipe Chaves, Geovana Rodrigues, Luiza Conde, Rodrigo Ramos & Valeska Uchôa
Produção, edição e redação final por Rodrigo Ramos

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