Melhores Atrizes Coadjuvantes da TV na Década de 2010

Game of Thrones, The Leftovers, The Good Wife e Downton Abbey estão presentes na lista. 

Trazemos para você a lista definitiva do que houve de melhor na TV durante a década de 2010, entre episódios, atuações e séries.

Confira abaixo as melhores atrizes coadjuvantes da TV na década de 2010.

MELHORES ATRIZES COADJUVANTES 

10. Lena Headey (Game of Thrones)

Game of Thrones é uma daquelas séries onde não há constância. Isso pode ser afirmado em termos da trama (afinal, reviravoltas e mortes chocantes viraram características da série) como também na qualidade do roteiro ao longo dosx anos. O mesmo acontece com as atuações. Talvez, a performance mais constante durante as oito temporadas tenha sido a de Lena Headey. Cersei Lannister é fácil de detestar, mas a complexidade da personagem, parte do roteiro (até acabar o material dos livros, diga-se de passagem) e parte da atuação de Headey, faz com que ela seja mais do que apenas uma vilã que quer ver o circo pegar fogo e a morte de seus inimigos. Headey incorpora todas as nuances de uma mulher implacável, cruel, mas que ainda assim é movida a partir do amor que sente, seja os filhos, o irmão/amante e até a si própria. Com a capacidade de beber vinho como ninguém, matar com apenas um olhar e destruir seu oponente com meia dúzia de palavras e tom de desprezo e desdém, Cersei se tornou uma das personagens mais icônicas da década e uma das poucas coisas de Game of Thrones que nos faz sentir saudade. — Rodrigo Ramos

9. Amy Brenneman (The Leftovers)

Amy tem a sorte de ter em mãos uma personagem bastante complexa que ao longo de três temporadas enfrenta uma montanha russa de acontecimentos, mas que perderiam a força caso não tivessem uma atriz à altura do grande texto de Damon Lindelof e Tom Perrota. Uma coadjuvante que na primeira temporada do show pouco falava e precisava demonstrar suas emoções apenas através de reações e gestos, passando por uma abrupta mudança na segunda temporada, chegando à uma terceira temporada com a leveza da razão que sempre lhe foi muito cara, trazendo a mediadora de conflitos para o meio do furacão emocional dos personagens.

Seu episódio de destaque na última temporada da série acentua a essência da personagem: um ser humano que ouve e reage. Reagiu mal com a confusão mental esperada após um evento como a Partida Repentina, como acompanhamos na abertura deste mesmo episódio seis, a face da confusão que mal consegue se colocar nos eixos tendo que lidar com a paciente da vez. Para no final do próprio episódio vermos de novo aquela aproximação na mesma face, desta vez muito diferente, a personagem estava em paz consigo mesma. E Amy sempre foi assim, nas ações e reações, carregadas de significado, era onde nos conectávamos com ela e era como sabíamos o que ela sentia mais do que qualquer linha de diálogo poderia descrever. A excelência em performance faz com que a atriz esteja entre as melhores atuações da década. — Douglas Couto

8. Uzo Aduba (Orange is the New Black)

Uma mulher negra, gay e com problemas mentais. Quando se estabelece o que é o papel de Crazy Eyes, em Orange is the New Black, nota-se a complexidade da personagem por si só e certamente é um desafio pegar essa função e transformar em algo que consiga ser bem-humorado sem ser desrespeitoso, e ainda ter a gravidade que toda a circunstância precisa. Uso Aduba, até então desconhecida do público, vestiu a camisa (ou melhor, o uniforme de presidiária) e transformou Crazy Eyes em uma personagem memorável por conseguir entregar tudo o que um papel como este requer, trazendo alívio cômico nas horas certas e dando aquele golpe emocional quando necessário. Mesmo sendo uma figura bem-humorada, é quando insere a sensibilidade no papel que Crazy Eyes cresce e Uzo Aduba mostra seu talento. Orange is the New Black dispõe de um grande elenco feminino, com alguns nomes em especial que merecem muito reconhecimento, mas no fim das contas quem carregou a série, nos melhores e também piores momentos, e teve os maiores desafios nas mãos com uma personagem foi ela. — Rodrigo Ramos

7. Archie Panjabi (The Good Wife)

Falar de The Good Wife é também falar de Archie Panjabi. A inglesa de ascendência indiana apesar de não ser a protagonista da série, sem dúvida é um dos grandes destaques da série dos King. Kalinda é a personagem que brilha independentemente da situação. A forma de andar, de se expressar, a composição criada pela atriz ultrapassa o bom roteiro dos criadores da série. Kalinda é ótima desde a sua concepção, mas ela só teve vida por causa da criação da Panjabi. A atriz transformou uma boa personagem em uma personagem brilhante, e assim pôde mostrar o quão talentosa é. — Carissa Vieira

6. Christina Hendricks (Mad Men)

Uma das coisas mais especiais de Mad Men talvez seja o fato que nenhum personagem é inicialmente o que parece. Todos os personagens da série têm uma fachada externa que cria um contraste com as suas características internas e quem eles realmente são ou também são. Joan Holloway com certeza é um dos melhores exemplos disso. Apresentada inicialmente como um estereótipo de “mulher fatal” ou “objeto de desejo”, o que vemos na verdade é que Joan é uma mulher que tenta sobreviver e crescer num mundo extremamente misógino e injusto. E a interpretação de Hendricks é de uma sutileza tão gigante consegue demonstrar todos os baques emocionais que Joan conforme a série e são vários. Joan é inteligente, perspicaz, uma mente nos negócios, sensível, dura quando quer, inteligente, divertida e possui um encanto que vai além da sua aparência, e Hendricks consegue impor tudo isso no papel sem nunca subir o tom nos momentos dramáticos que ela enfrenta. O crescimento de Joan o seu desenvolvimento com o passar da série é uma das demonstrações de umas das principais temáticas de Mad Men: o “novo” florescendo e o “velho” morrendo ou tentando sobreviver. — Diogo Quaglia

5. Christine Baranski (The Good Wife)

A eterna coadjuvante Christine Baranski entrega durante sete temporadas de The Good Wife um belíssimo trabalho como, bem, coadjuvante. Conhecida por papeis mais extrovertidos, alguns escandalosos, Diane Lockhart é uma personagem mais reservada, séria e chiquérrima. Quando entra em cena, Baranski traz para a tela um ar de imponência. A postura, o tom da voz, os figurinos e joias, tudo exala elegância e profissionalismo. Queria ser assim. E apesar de tamanha seriedade, Baranski também consegue transparecer emoção, seja por conta do cônjuge Kurt, dos companheiros de escritório, durante os julgamentos na corte e em especial quando o assunto é Will Gardner. A atuação de Baranski é contida e ela libera reações a conta gotas, de forma calculada por conta do perfil de sua personagem. Esse tipo de abordagem é uma virtude e que mostra a capacidade de atuar da atriz e assumir papéis distintos. Ela não precisa roubar a cena, mas estar nela já é mais o que suficiente. Porém, quando dão a oportunidade para ela destruir alguém com um discurso afiado, ela o faz com êxito. Rainha né. Baranski dá o equilíbrio que ajudou a fazer de The Good Wife o último grande drama da TV aberta. E, felizmente, posteriormente, se tornou protagonista em The Good Fight, dando continuidade à narrativa de sua personagem mais importante no audiovisual. — Rodrigo Ramos

4. Ann Dowd (The Leftovers, The Handmaid’s Tale)

Ann Dowd é um doce de mulher. Ela é tão simples que nem parece estar inserida em grandes produções da TV como The Leftovers e The Handmaid’s Tale. Tampouco parece capaz de entregar performances tão carregadas e cheias de nuances. Na dobradinha que fez com as séries da HBO e depois da Hulu, ela interpreta duas personagens que facilmente podem ser odiadas, e o público ganha munição para usar contra elas. A interpretação magnética e de vasto alcance de Ann Dowd é o que captura a atenção do espectador e o faz não torcer, mas entender essas figuras e ter empatia por elas. Ela oferece uma dimensão de emoções, passando por autoridade, brutalidade, sensibilidade, melancolia, até sarcasmo e deboche (este, em especial, encontrado em Patti Levin, em The Leftovers), mudando de um humor para o outro em questão de segundos, como se estivesse trocando de canal pelo controle remoto. Uma das grandes atrizes atualmente em atividade e que esperamos poder ver mais também na próxima década. — Rodrigo Ramos

3. Regina King (The Leftovers, American Crime, Seven Seconds)

Mesmo tendo sido vencedora de um Oscar em 2019, foi na televisão que Regina King mais brilhou, nas mais variadas séries e com perfis bem diferenciados de personagens. Em The Leftovers, American Crime e Seven Seconds, ela cravou o seu nome na história da televisão com atuações memoráveis uma trás da outra, sem dar chance ao público recuperar o seu fôlego. Nestas três séries, Regina interpretou cinco personagens diferentes, mas que tiveram em comum a sua entrega completa. Desafio alguém a não se emocionar com Erika de The Leftovers, não julgar a sua Terri LaCroix da segunda temporada de American Crime ou a não chorar com dor da perda de Latrice Butler de Seven Seconds. Brilhando incansavelmente com tantas personagens coadjuvantes, Regina King foi alçada à protagonista de Watchmen, fechando com chave de ouro uma década de já muito respeito. — Diogo Pacheco

2. Anna Gunn (Breaking Bad)

Uma das coisas mais tristes dessa década é, após entregar uma das melhores performances femininas na TV nos últimos 10 anos, ainda assim Anna Gunn não ter o mesmo volume de trabalhos que seus companheiros de elenco, desde Aaron Paul e Bryan Cranston até Bob Odenkirk, Jonathan Banks e Giancarlo Esposito. Skyler foi uma personagem de difícil aceitação. Ok, no início ela era meio xarope, mas vai dizer que ela não tinha razão no fim das contas? Se meu marido fosse um lixo como Walter White acaba se revelando, também seria um pé no saco. Talvez a personagem seja incompreendida. Ao longo da série, Skyler foi se libertando do papel da esposa questionadora e foi se tornando uma aliada — meio que por escolha, meio que por conta das circunstâncias — de crime, ainda que numa esfera bem mais amena, de seu esposo. De uma atuação apenas suficiente para tocar a trama até os momentos de grandes desafios cênicos, Gunn mostrou-se extremamente eficiente e talentosa ao encarar um elenco de alto nível em cena. Sendo uma mãe protetora, dona de um estabelecimento que lava dinheiro (curiosamente, o lava-jato criminoso aqui veio antes mesmo da Operação Lava Jato, possivelmente deu ideia e nem recebeu os créditos, Breaking Bad à frente de seu tempo mesmo), uma amante convicta e depois arrependida, até uma mulher ora deprimida ora desesperada pela situação impossível de se livrar, Gunn acerta todas as notas com maestria. Especialmente na quinta temporada, Gunn se expõe de tal maneira que é impossível ignorar sua competência, desde os gritos para salvar sua filha até o olhar de desprezo para o marido enquanto ainda sofre com o luto da perda. — Rodrigo Ramos

1. Maggie Smith (Downton Abbey)

Quem cresceu vendo Harry Potter nos anos 2000, sempre vai lembrar da atriz veterana como a eterna Professora Minerva McGonagall. No entanto, antes de dar vida ao ícone da transmutação, Maggie Smith já tinha em casa duas estatuetas do Oscar e algumas indicações que já adiantavam o que seria a sua parceria com o criador de Downton Abbey, o ótimo Julian Fellowes.

Violet Crawley é uma das personagens mais imponentes e marcantes da década, não só por representar a essência do que Fellowes pretendeu com Downton Abbey – todas as melhores discussões entre o velho e o novo, foram defendidas pela Condessa Viúva de Maggie Smith com um humor sarcástico perfeito –, mas também por reapresentar a diversas gerações uma das lendas do teatro britânico. Ainda existe um certo rancor por boa parte da galera que acompanhou as premiações entre 2011 e 2016 e viu Smith abocanhar tudo, sem nunca se dar ao trabalho de ir lá coletar seus troféus. Mas se você, assim como eu, viu e ama Downton Abbey, sabe muito bem que o reconhecimento que atriz recebeu, foi pouco diante do que era Violet Crawley. — Zé Guilherme

Menções honrosas: Rhea Seehorn (Better Call Saul), Abigail Spencer (Rectify), Margo Martindale (The AmericansJustified), Laura Dern (Big Little Lies), Betty Giplin (GLOW).

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Textos por Breno Costa, Caio Colletti, Carissa Vieira, Cristian Dutra, Diego Quaglia, Diogo Pacheco, Douglas Couto, Luiza Conde, Mariana Ramos, Régis Regi, Valeska Uchôa, Zé Guilherme, André Fellipe, Rafael Bürger, Leonardo Barreto & Rodrigo Ramos

Produção, edição e redação final por Rodrigo Ramos

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