Apesar da queda em geral, personagens latinas com falas tiveram um aumento histórico, segundo estudo.
Em frente às câmeras, a representatividade feminina caiu 2% entre as temporadas 2016/2017 e 2017/2018 na TV estadunidense. É o que afirma a 21ª edição do estudo Boxed In: Women on Screen and Behind the Scenes in Television (Mulheres Na Tela e Atrás das Câmeras na Televisão), realizado pelo Centro Para Estudo de Mulheres na Televisão e Cinema da Universidade Estdual de San Diego, nos EUA.
Segundo o levantamento, 40% dos papeis com falas foram dedicados às mulheres. Na TV aberta, na TV paga e nos serviços de streaming, elas representam, respectivamente, 41%, 40% e 39% dos personagens com falas.
A única faixa demográfica que apresentou melhora no último ano foi em relação às mulheres latinas, atingindo pico histórico em mais de duas décadas de estudo. Elas representam 7% das personagens femininas com falas, alta de 2%. Por sua vez, as negras e as asiáticas mantiveram os mesmos índices do ano anterior, com 19% e 6% de todos os papeis com falas.
O estudo também notou que 63% dos personagens femininos não tinham suas ocupações identificadas, enquanto 50% delas eram vistas em seu ambiente de trabalho, de fato exercendo suas funções. Por sua vez, 76% dos personagens masculinos tinham profissão e 61% apareciam trabalhando.
Atrás das câmeras
O Boxed In também identificou que mulheres representam apenas 27% dos papeis decisivos atrás das câmeras, como criadoras de séries, diretoras, roteiristas, produtoras e editoras. O índice representa uma queda de 1% em relação à temporada 2016/17.
O estudo aponta ainda que 69% das séries possuíam cinco ou menos mulheres em papeis chaves de decisão criativa, enquanto apenas 2% das produções empregavam 14 ou mais mulheres. O levantamento também indica que quanto mais mulheres na chefia, maiores as chances de haver representatividade feminina na tela. Produções com pelo menos uma mulher criadora traziam 47% de papeis importantes femininos, contra 38% quando as obras eram criadas somente por homens. Séries com pelo menos uma produtora executiva conseguem compôr 42% do seu elenco principal com mulheres, contra 33% de representatividade feminina quando os produtores executivos eram apenas do sexo masculino.
O mesmo padrão segue na hora de contratar o pessoal por trás das câmeras. Séries com pelo menos uma mulher criadora contrataram 27% de diretoras mulheres, enquanto seriados com criadores unicamente masculinos contrataram somente 13% mulheres para direção. Nas produções com pelo menos uma mulher criadora, o corpo de roteiristas femininas era de 45%. Já nas obras com homens na criação, somente 16% dos roteiristas eram mulheres.
O estudo
Boxed In: Women on Screen and Behind the Scenes in Television report from the Center for the Study of Women in Television & Film at San Diego State University ocorre há 21 anos. Neste período, o levantamento monitorou mais de 38.700 personagens e mais de 50.700 créditos atrás das câmeras.
Foto: Justina Machado e Rita Moreno em One Day at a Time (Netflix).