Todos os filmes dos X-Men, ranqueados do pior ao melhor

De X-Men: O Filme até Deadpool, revimos os nove longas da franquia lançados desde 2000.

Se hoje temos em média seis filmes de super-heróis por ano nos cinemas, temos que agradecer (ou reclamar) à Fox, Bryan Singer e os X-Men. Em 2000, quando o mundo ainda se recuperava do fiasco que fora Batman & Robin, em 1997, o gênero de quadrinhos estava em baixa, tanto é que a Marvel estava quase em falência na época e vendeu a licença de seus personagens para os estúdios — caso de Justiceiro, Demolidor, Elektra, Quarteto Fantástico, Hulk, Homem-Aranha e os mutantes. Ironicamente, tal venda foi o que acabou injetando na indústria cinematográfica a gana pelos filmes do gênero, enquanto o público demonstrava interesse, e a venda de HQs voltou a respirar.

A revolução do gênero começou com a pegada mais realista, nada colorida e sem mamilos de X-Men: O Filme. Era arriscado pra época, mas acabou dando certo a ponto de hoje termos uma obra do gênero a cada dois meses, sem contar a invasão deles também na TV. Ou seja, o cinema deve muito à franquia dos mutantes. Se todos os longas sucessores do primeiro são bons, é questionável. Porém, 17 anos depois do pontapé cinematográfico, ainda nota-se a grande influência da saga. E aproveitando a estreia de Logan, último filme de Hugh Jackman na pele de Wolverine (sua nona performance como o personagem), o Previamente ranqueou os nove filmes dos mutantes da Marvel, do pior ao melhor. Confira abaixo.

9. X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, 2009)

Direção: Gavin Hood
Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, will.I.am, Lynn Collins, Kevin Durand, Dominic Monaghan, Taylor Kitsch, Daniel Henney, Ryan Gosling

Como resumir este filme em poucas palavras? É simples: tá tudo errado. Em tese, a ideia não era ruim. Porém, a execução é, porca, preguiçosa e vergonhosa. O mutante gordo, o jovem Ciclope, will.I.am no elenco, Gambit (socorro!), as motivações do Dente de Sabre, origem e desenvolvimento de Deadpool, o motivo que faz Wolverine perder a memória… São tantos pontos negativos que fica difícil eleger o pior. O roteiro é péssimo, Hugh Jackman claramente está desconfortável e nem mesmo as cenas de ação se salvam — o desfecho, por sinal, é de chorar. Felizmente, o fracasso de crítica e relativamente de público fez com que a Fox parasse de tentar novos longas solos de origem dos mutantes. Magneto, Tempestade e Deadpool estavam em conversa para acontecer. Dá pra imaginar?

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8. X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, 2016)

Direção: Bryan Singer
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicolas Hoult, Rose Byrne, Evan Peters, Oscar Isaac, Sophie Turner, Tye Sheridan, Lucas Till, Kodi Smit-McPhee, Alexandra Shipp, Olivia Munn

Ter a franquia X-Men nas suas mãos fez com que Bryan Singer desenvolvesse alguns clichês e repetições dentro dela. Em Apocalipse, o longa volta a tocar nos mesmos temas: forçar Mística a ser boazinha; forçar Magneto a ficar do lado do bem, ainda que ele fique do lado do mal boa parte do filme, mas no fim ele sempre ajuda a turma; alguma coisa ocorre para tentar destruir o planeta. Ao invés de focar nos novos mutantes, dando uma oportunidade de desenvolver Jean melhor, e Ciclope, Tempestade e Noturno como se fossem personagens tridimensionais, o filme prefere não fazê-lo, focando no eterno confronto entre Xavier e Magneto. Tal relação já foi tema da saga tantas vezes que desgastou a ponto de todo mundo em tela, exceto pelos novatos, parecerem no piloto automático, quase implorando para sair da tela. Jennifer Lawrence e Michael Fassbender estão fazendo hora extra pra largar de vez a franquia, dá pra notar. A oportunidade de focar em uma trama mais modesta, mostrando os jovens realmente aprendendo a lidar com suas mutações, é perdida em troca de buscar o fim do mundo mais uma vez com um vilão que tinha muito potencial, mas é tão cartunesco e verborrágico quanto muitos antagonistas do Universo Cinematográfico da Marvel. Novamente, X-Men parece que precisa de um reboot urgente. E longe das garras de Bryan Singer, como foi em Primeira Classe.

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7. X-Men: O Confronto Final (X-Men: The Last Stand, 2006)

Direção: Brett Ratner
Elenco: Hugh Jackman, Halle Berry, Ian McKellen, Patrick Stewart, Famke Janssen, Anna Paquin, Kelsey Grammer, James Marsden, Rebecca Romijn, Shawn Ashmore, Aaron Stanford, Ellen Page, Vinnie Jones, Ben Foster, Daniel Cudmore

Há muito ódio envolvendo a terceira parte da trilogia mutante original. Porém, o longa não é de todo mal. Inclusive, algo é inegável: ele é corajoso. Isto porque nele morrem Ciclope, Professor Xavier e Jean, enquanto tiram os poderes de Vampira, Mística e Magneto. Basicamente, a forma com que se termina a película impossibilitaria uma continuação, já que boa parte dos protagonistas morrem. Apesar de ser bem conduzido nas duas primeiras partes, o roteiro se perde no ápice do filme, com uma batalha pouco inspirada, diálogos ruins e fora de tom, e um desfecho no mínimo questionável para alguns fãs. Poderia ser melhor? Com certeza. Mas também poderia ser bem pior, dadas às condições iniciais.

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6. Wolverine: Imortal (The Wolverine, 2013)

Direção: James Mangold
Elenco: Hugh Jackman, Tao Okamoto, Rila Fukushima, Hiroyuki Sanada, Svetlana Khodchenkova, Will Yun Lee, Hal Yamanouchi, Famke Janssen

Esta era a chance de redimir Wolverine nas telas após o fiasco de X-Men Origens. E as condições estavam ali. Logan está isolado do mundo após o trauma de ter matado sua amada, Jean, no final de O Confronto Final. Ele então é convocado para ir ao Japão visitar um amigo de longa data que salvou durante a Segunda Guerra Mundial. Tudo parecia encaminhado para o sucesso, já que o longa era baseado em uma das melhores HQs de Wolverine, e o desenvolvimento da relação entre Logan e Mariko é bem construído a ponto de ser até mesmo delicado, uma espécie de A Bela e a Fera, no sentido literal dos nomes. Até mesmo a relação com Yukio é boa. As cenas de ação também são competentes até… Bem, até a última batalha. Viper é uma péssima vilã, altamente cartunesca, que não combina em nada com o tom do longa. Mas a situação fica ainda pior quando é decidido inserir um Samurai de Prata robótico, ao invés do tradicional. É vergonhoso no nível do que acontece em X-Men Origens. A diferença é que no antecessor não há uma virtude sequer, enquanto aqui há várias, porém é notável o peso da mão dos produtores no resultado, em especial no ato final.

The Wolverine

5. X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past, 2014)

Direção: Bryan Singer
Elenco: Hugh Jackman, James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Patrick Stewart, Ian McKellen, Halle Berry, Nicholas Hoult, Anna Paquin, Ellen Page, Peter Dinklage, Shawn Ashmore, Omar Sy, Evan Peters, Josh Helman, Daniel Cudmore, Bingbing Fan

Isoladamente, Dias de Um Futuro Esquecido está entre os três melhores filmes dos X-Men. Porém, como Bryan Singer decidiu que a trilogia original era canônica e tinha ligação com o que transcorre nesta película, aí fica difícil defender. A falta de explicações e coerência narrativa acabam matando o filme. Não que a saga tivesse qualquer compromisso com isso, mas pra quem assistiu O Confronto Final é árduo não lembrar dos furos inexplicados. Vampira e Magneto voltaram a ter poderes, enquanto Professor Xavier, que virou pó e tomou o corpo de um paciente sem atividades cerebrais, aparece inteirinho como se nada tivesse ocorrido. Tirando isso, é ótimo ver a reunião dos dois elencos em um único filme (isso que é fan service!) e a trama é amarradinha. O longa trabalha com a iminência de uma guerra entre as minorias e o povo que tem medo de ver seus privilégios sendo divididos — sendo o desejo dos privilegiados pôr um fim na outra espécie. O longa é divertido, é cheio de adrenalina, e em partes é até impactante, já que vemos a morte de vários personagens importantes. E não tem como não encher o coração de amor pelo final, que de certa forma apaga todas as burradas (e os acertos também) cometidos ao longo da franquia até então.

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4. Deadpool (2016)

Direção: Tim Miller
Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, T.J. Mller, Ed Skrein, Brianna Hildebrand, Stefan Kapicic

Deadpool era um filme pouco acreditado, de baixo orçamento, e que subverteu e tirou sarro do gênero de super-heróis. Deadpool acaba seguindo sim uma receita do nicho (um cara normal ganha super poderes, não pretende ser um grande herói, mas inevitavelmente precisa enfrentar o vilão, que ameaça a vida do seu interesse amoroso), mas ele aborda essa fórmula com humor escrachado, quebrando a quarta parede, com violência, sangue e definitivamente sem pudor. Ryan Reynolds repete o papel de X-Men Origens: Wolverine, ou seja, esta poderia ser a receita do fracasso, mas a originalidade venceu desta vez e o ator entrega o papel de sua vida. Deadpool dá certo porque ninguém tinha ousado antes a não se levar tão a sério assim — aliás, o longa de Tim Miller leva tudo na brincadeira e gozação. Fica aí a dica pra Marvel, Fox (deem uma pausa com tanto apocalipse na franquia X-Men, por favor) e especialmente a DC nos próximos anos.

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3. X-Men: O Filme (X-Men, 2000)

Direção: Bryan Singer
Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Ian McKellen, Famke Jenssen, James Marsden, Halle Berry, Anna Paquin, Tyler Mane, Ray Park, Rebecca Romijn, Bruce Davison

DC e Marvel devem agradecer ao serviço prestado pela Fox no início dos anos 2000. Graças a X-Men: O Filme os filmes de super-heróis pararam de ser uma aposta arriscada, uma escolha impensável, para ser uma realidade e hoje uma das principais fontes de renda de vários dos estúdios. E a trama não poderia ser mais próxima da realidade de hoje. Bryan Singer, desde o princípio, quis tratar a franquia como uma metáfora pelos direitos das minorias — em seu caso, dos gays, já que ele é homossexual. Em tempos de conservadorismo em alta, afetando diretamente a classe LGBT e os imigrantes, X-Men é um paralelo interessante, trazendo a leitura política e humanitária da situação. A leitura entre linhas não é a única coisa que sustenta o filme, já que os principais personagens da saga são apresentados e bem estabelecidos (no caso, Wolverine, Vampira, Professor X, Magneto e Jean… Desculpa, Ciclope e Tempestade) e dá o tom do que seria empregado no futuro da franquia.

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2. X-Men 2 (2003)

Direção: Bryan Singer
Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Ian McKellen, Halle Berry, Famke Jenssen, James Marsden, Anna Paquin, Rebecca Romijn, Brian Cox, Alan Cumming, Bruce Davison, Shawn Ashmore, Aaron Stanford, Kelly Hu

Numa sequência de ação, é natural que tudo tenha que ser maior. X-Men 2 é um desses exemplos, mas esse crescimento é uma espécie de evolução. Bryan Singer, com maior orçamento, pôde introduzir novos personagens e criar cenas de ação espetaculares, incluindo aquela abertura magistral, com Noturno na Casa Branca. Singer constrói uma narrativa ainda mais rica do que a antecessora, se focando na luta dos direitos dos mutantes (a metáfora sobre a luta pelos direitos das minorias do nosso mundo real) e na busca de Wolverine por seu passado. Partindo de um filme de super-herói, Singer consegue criar uma obra que é muito mais do que isso, trazendo contexto político e social dentro dela. Ambicioso para uma produção do gênero, mas acerta em cheio no alvo. É uma pena que a conclusão da trilogia original dos mutantes não tenha acontecido pelas mãos do diretor.

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1. X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011)

Direção: Matthew Vaughn
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Kevin Bacon, Rose Byrne, Nicholas Hoult, January Jones, Oliver Platt, Jason Flemyng, Lucas Till, Caleb Landry Jones, Zoë Kravitz, Álex González

O reboot da franquia conseguiu fazer o que nenhum outro filme da saga teve a capacidade sob a direção de Bryan Singer: trazer uma história de origem com os mutantes jovens e dar espaço para eles desfrutarem a sua juventude, juntamente com o descobrimento e evolução de seus poderes. As histórias individuais são bem escritas, o elenco entrega ótimas atuações, o contexto histórico e político é bem estabelecido e contribui para o andamento da trama, os vilões não querem a destruição em massa do planeta (apenas uma guerra entre EUA e Rússia, é modesto), e a abordagem de auto-descoberta e auto-aceitação, preconceito e luta pelo direito da minoria retorna com intensidade e precisão. É o filme mais completo da franquia, que respeita o que já foi utilizado, e dá um passo adiante, sem se prender demais ao que passou.

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Por Rodrigo Ramos

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