Elegemos os 20 seriados teen que mais nos marcaram, desde The Fresh Prince of Bel-Air, passando por Gilmore Girls, até My Mad Fat Diary.
A melhor época de nossas vidas costuma ser na juventude, quando ainda somos desprovidos de tantas responsabilidades e podemos viver intensamente os dramas juvenis, brigar no colégio, ter o primeiro amor, fazer amigos para toda a vida, e de vez em quando lidar com o mundo real. Na TV, a passagem da adolescência à vida adulta já foi tema diversas vezes, seja ela o foco do programa ou apenas um dos elementos dele.
Aproveitando o retorno de Gilmore Girls, quase uma década após o seu término, agora hospedada na Netflix, o Previamente reuniu 12 de seus colaboradores para selecionar as melhores séries adolescentes de todos os tempos e contar um pouco sobre elas. Iniciando lá na década de 80 até os dias atuais, listamos os 20 seriados teen que marcaram não só o público em si, pelos mais diversos motivos, mas especialmente nós da redação.
The Wonder Years (1988-1993)
Criado por: Carol Black, Neal Marlens
Elenco: Fred Savage, Daniel Stern, Dan Lauria, Alley Mills, Jason Hervey, Josh Saviano, Danica McKellar, Olivia d’Abo
Kevin Arnold tinha 12 anos em 1968, uma pretensão em ser esportista, a amizade do inseparável Paul Pfeiffer e uma paixão inocente por Winnie Cooper que ele não ousava admitir. Estava dando os primeiros passos na pré-adolescência, com ânsias pelo amadurecimento, mesmo que tomasse rumos estranhos para isso, como desafiar o diretor da nova escola ou se preparar para apanhar do pai. Vivia no subúrbio, entre casas iguais e calçadas povoadas pelas brincadeiras de crianças e adolescentes que iam constituindo suas identidades, formando seus grupos, treinando os passos que mais cedo ou mais tarde dariam para outras paragens. Quando ouvimos Kevin narrar suas aventuras e desventuras no decorrer da infância e da adolescência, somos imediatamente contagiados pela nostalgia, pela lembrança das experiências e dos sentimentos que acabaram por compor as lentes com as quais vemos o mundo.
The Wonder Years (Anos Incríveis, no Brasil) narra o processo de formatação dos olhares que lançamos às pessoas, sempre à procura de entendermos nossos próprios espíritos, a partir de crianças curiosas, empenhadas na afirmação de si perante seus grupos, em transição para a adolescência e seus conflitos característicos, o ensaio para a idade adulta, quando a referida nostalgia é testemunha de um passado feliz. Usa de elementos sutis para nos situar sobre os eventos das décadas de 60 e 70, como a televisão que não cansa de transmitir as notícias que iam formando uma geração. Os episódios são guiados justamente pela rememoração de um Kevin mais experiente, percorrendo as lembranças de sua adolescência, deixando entrever as marcas que foi adquirindo e aprendendo a aceitar. É uma série sobre a capacidade de identificação com o próprio passado, sobre as alegrias que o cotidiano proporciona, temperada por personagens e atuações carismáticas, enredo leve, mas nada raso. Nessa proposta, ela segue por seis temporadas, absolutamente cativante.
The Fresh Prince of Bel-Air (1990-1996)
Criado por: Andy Borowitz, Susan Borowitz
Elenco: Will Smith, James Avery, Alfonso Ribeiro, Tatyana Ali, Karyn Parsons, Joseph Marcell
Até Fresh Prince of Bel-Air (Um Maluco no Pedaço, no Brasil), a principal comédia sobre uma família negra tinha sido The Cosby Show, mas ressalta-se que era sobre, e não uma sitcom afro-americana. Cosby Show nunca tentou ir muito além de pequenas representações de denúncia e preconceito. E, no seu bojo, poderia até ser feita por atores de outra etnia. Fresh Prince não. Seu ritmo, suas características, sua trilha, ritmo, enfim, sua pegada era de uma obra tipicamente afro-americana, no melhor da tradição audiovisual desse povo, como o movimento blackexploitation, cineastas como Spike Lee e na produção de videoclipes. Fresh Prince também teve a felicidade de ter tido sua existência nos anos 90, um tempo de crítica da sitcom televisiva a toda a caretice das comédias dos anos 80. Com a oportunidade de maior liberdade criativa de humor e de gênero, a série produzida pelo maestro Quincy Jones conseguiu ir longe tanto na representação dos anseios e dificuldades, bem como na retratação do estilo da juventude negra americana de então. Assim como foi hábil em criar para a tv aberta americana uma representação do humor de negros norte-americanos que só encontravam até então ressonância em alguns filmes e na comédia de stand up de artistas como Eddie Murphy e Richard Pryor.
Além de todo os significado cultural e para a televisão da séries, plots frequentes de choque cultural de Will com sua nova família (e vice-versa) e o ambiente branco de Bel-Air modificam de alguma forma todos os envolvidos. Em um dos ápices da série, o momento em que Will e Carlton vão presos por engano ao dirigir o carro de outra pessoa, com Charlton descobrindo que toda a sua distinção cultural e contatos sociais não são o suficiente para libertá-los, pois a cor da pele de ambos influenciava mais do que qualquer coisa naquele momento, foi representativo do potencial de choque cultural e emocional.
My So-Called Life (1994-1995)
Criado por: Winnie Holzman
Elenco: Claire Danes, Jared Leto, Bess Armstrong, Wilson Cruz, Devon Gummersall, A.J. Langer, Devon Odessa, Lisa Willhoit, Tom Irwin
Você provavelmente já escutou que ser adolescente é difícil, correto? Mas talvez você nunca tenha escutado isso de forma tão astuta, matura e adorável quanto em My So-Called Life. Sua protagonista é Angela Chase, uma adolescente capciosa de 15 anos em busca de autoconhecimento, interpretada brilhantemente por uma Claire Danes que consegue expressar todas as angústias e dificuldades da adolescência com os mais sutis relances de olhos. Através dela, vemos os mais diversos lados dessa fase da vida por um ponto de vista que se abstém do glamour e caráter novelesco que produções do gênero tendem a seguir, buscando-se manter fiel ao quão complicado é o relacionamento com os pais e o quão difícil pode ser interagir com aquela pessoa que você gosta. Por tratar de questões tão universais e ser tão sóbria em sua abordagem, My So-Called Life tornou-se um dos tristes casos de séries fantásticas que possuem apenas uma temporada, sendo até hoje lembrada e adorada por seus 19 episódios no complexo mundo de Angela.
Daria (1997-2001)
Criado por: Glenn Eichler, Susie Lewis
Elenco: Tracy Grandstaff, Wendy Hoopes, Julian Rebolledo, John Lynn
Focada na vida de Daria Morgendorffer, uma garota nerd, sarcástica e antissocial, e de sua melhor amiga Jane Lane, a animação começou como uma paródia escolar americana onde a protagonista era a única pessoa inteligente rodeada de estereótipos que estamos acostumados a ver por aí (a garota popular, a líder de torcida, o jogador de futebol, etc). Enquanto brincavam com isso, os roteiristas tinham cuidado em desenvolver Daria e Jane — ouso a dizer que Daria é a adolescente mais bem desenvolvida que já vi na TV –, levando mais a sério a relação dessas duas e como ambas interpretam o mundo a sua volta. Considerado um dos poucos programas decentes da MTV, Daria (que é um spin-off de Beavis and Butthead) atualmente é considerado um desenho cult e importante por ter dado espaço aos antissociais e também por trazer uma protagonista tão forte e identificável; por saber brincar com estereótipos high school; além de trazer uma vibe apática que era comum aos jovens nos anos 90.
Quando se para pra pensar em Daria como série adolescente, mesmo sendo uma animação, é possível notar como ela diferenciava-se de muitas coisas da época e até dos dias de hoje. Primeiro é bom notar que Daria é uma garota antissocial, que mal sai de casa pra se divertir, não namora e só tem uma única amiga. Com uma protagonista assim, percebe-se que o desenho pula alguns clichês do gênero. O programa não tem foco em interesses amorosos para a personagem, ela não tenta ser aceita em nenhum grupo da escola, ninguém a zoa por ser nerd e antissocial, e sexo e drogas praticamente não são citados. Ao fugir desses temas bastante explorados, podemos até dizer que Daria é um programa mais leve, mas que trabalha aspectos que outras séries perdem a oportunidade de mexer e que são igualmente importantes. Os roteiristas se preocuparam em trazer críticas sociais, sendo uma delas à padrões de beleza (dá pra dizer que era um programa bem feminista nesse lado) e como outros programas e revistas teens influenciam jovens a darem importância para superficialidades. E por conta do desenvolvimento pessoal da protagonista, havia um foco maior na educação de Daria e do que ela pretende fazer no futuro (um tema tão importante e muitas vezes negligenciados por séries teens) e como sua personalidade cínica e arrogante poderia deixar as pessoas a sua volta infelizes já que ela tinha problema em lidar com relacionamentos e seu sarcasmo era seu mecanismo de defesa.
Buffy the Vampire Slayer (1997-2003)
Criado por: Joss Whedon
Elenco: Sarah Michelle Gellar, Nicholas Brendon, Alyson Hannigan, Anthony Head, James Marsters, Emma Caulfield, Michelle Trachtenberg, David Boreanaz
Se ser adolescente não é fácil, imagine ser adolescente e escolhida pelo destino para defender o mundo das forças do mal. Ao longo de sete temporadas, adentramos no mundo de Buffy Summers (Sarah Michelle Gellar) e podemos conhecer e nos apaixonar por cada pedacinho dele. A carismática cidade de Sunnydale, a Scooby Gang, a mitologia das Caçadoras e um punhado de elementos que uma legião de fãs não esquece até hoje. Criada por Joss Whedon (Firefly, Os Vingadores), a série definiu todas as características associadas a ele ao longo de sua carreira: referências a cultura pop, diálogos dinâmicos, episódios com temas totalmente fora do comum (o melhor episódio da série não tem diálogo por 60% do tempo) e um grupo de amigos que acolhem o espectador como um de seus membros. Buffy é uma série marcante por conseguir colocar elementos fantasiosos como metáforas para os problemas da adolescência e nos permitir ver o crescimento de seus personagens, que cada vez mais lidam com a vida adulta e ainda mais perigosos Big Bads que ameaçam destruir o mundo.
Felicity (1998-2002)
Criado por: J.J. Abrams, Matt Reeves
Elenco: Keri Russell, Scott Speedman, Scott Foley, Tangi Miller, Greg Grunberg, Amy Jo Johnson, Amanda Foreman
Essa é a história de uma garota que resolve, no último dia de aula, atravessar o país para ir estudar na mesma universidade do carinha que ela gosta sem ter trocado meia dúzia de palavras com ele. Criada por J.J. Abrams (ele mesmo!) e Matt Reeves (diretor de Cloverfield e Planeta dos Macacos: O Confronto), era uma premissa brega, podemos concordar, mas Felicity cresce quando Felicity (Keri Russell) percebe que, agora, sozinha em Nova York, vai ter que começar a tomar decisões por si mesma, se descobrir e se tornar uma mulher madura e independente sem deixar de ser jovem, apaixonada e impulsiva. Ela rala na cafeteria Dean & DeLuca para pagar as despesas da vida longe dos pais enquanto se desdobra entre as aulas do curso de Medicina, com o qual sempre sonhou, e de Artes, a paixão recém descoberta. Além de finalmente ter uma chance de conhecer Ben (Scott Speedman), e inclusive de não gostar de alguma das facetas dele, Felicity fica amiga do conselheiro da moradia, Noel (Scott Foley), que quase imediatamente se apaixona por ela. Apesar de ter mantido o tom de drama leve pela maior parte das quatro temporadas, Felicity mergulhava sem medo em histórias importantes, a mais memorável delas sendo quando Julie, melhor amiga de Felicity, foi estuprada em um encontro. A decisão foi controversa e gerou muita polêmica, mas trouxe o debate da violência contra a mulher para a tevê quando a maioria das séries nem se arriscava em falar de estupro por medo de queda de audiência. Outra das polêmicas famosas que Felicity protagonizou, essa felizmente divertida, foi o corte de cabelo que acabou com os gloriosos cachos da protagonista. O incidente virou uma piada cultural, referenciada até hoje tanto em comédias quanto em dramas. Ainda ter seu corte de cabelo lembrado quase 17 anos depois não é para qualquer um, Felicity!
Dawson’s Creek (1998-2003)
Criado por: Kevin Williamson
Elenco: James Van Der Beek, Katie Holmes, Michelle Williams, Joshua Jackson, Mary Beth Peil, Kerr Smith
Antes da explosão dos dramas adolescentes nos anos 2000, Dawson’s Creek se juntou a Barrados no Baile e My So-Called Life para finalizar os anos 90, configurando o bloco que seria chamado de Novos Clássicos. Criada para o canal The WB (hoje The CW) por Kevin Williamson, famoso pela franquia Pânico, a série já nasceu com grandes expectativas para falar do mundo jovem, algo que Williamson dominava. Dawson (James Van Der Beek), Joey (Katie Holmes), Pacey (Joshua Jackson) e Jen (Michelle Williams) ficaram conhecidos pelos diálogos rápidos sobre amizade, relacionamentos e, principalmente, sexo, em um momento no qual o tema ainda era tabu na tevê. Os triângulos (quadrados, pentágonos…) amorosos na cidadezinha de Capeside dividiam os fãs e os casais formados ainda hoje são sementes para polêmicas, enquanto algumas cenas fizeram história, como o primeiro beijo gay entre homens exibido na tevê aberta. A série inteira está recheada de referências cinematográficas e musicais, que serviram de influência para muitos dos telespectadores que cresceram assistindo a Dawson’s Creek. Ao longo das seis temporadas, mais personagens entraram para o clã, como os irmãos Jack (Kerr Smith) e Andie (Meredith Monroe) no segundo ano, e Audrey (Busy Phillips), que se juntou à história nos anos finais, centrados na experiência de Joey na universidade, em Boston. O programa foi um sucesso de crítica e de público e é considerado um dos melhores dramas adolescentes dos anos 90, principalmente porque, na maior parte do tempo, era um drama de verdade. Isto é: Dawson’s Creek era uma série divertida, mas o meme “Dawson’s Crying Face” não existe por acaso.
Freaks and Geeks (1999-2000)
Criado por: Paul Feig
Elenco: Linda Cardellini, John Francis Daley, James Franco, Samm Levine, Seth Rogen, Jason Segal, Martin Starr
Uma série que conversa com sentimentos. Dá para resumir assim Freaks & Geeks, pérola da televisão norte-americana que existiu por somente uma temporada — 18 episódios — entre 1999 e 2000, mas garantiu status cult e deixa saudades até hoje. A obra de Judd Apatow e Paul Feig mostrou como poucas aquela fase da adolescência em que nos sentimos deslocados, ainda sem saber qual é o nosso grupo. Com um núcleo de nerds e um da turma “descolada”, a série conseguiu ser engraçada e dramática sem clichês e estereótipos, mesmo com o clima clássico das cenas em escolas norte-americanas (aquelas que Stranger Things recriou em 2016). Com tramas inteligentes, ótima trilha sonora e um baita elenco cheio de atores jovens que hoje em dia são estrelas (como James Franco, Seth Rogen e Jason Segel, para dar alguns exemplos), é uma série de temporada única que merece ser apreciada.
Gilmore Girls (2000-2007)
Criado por: Amy Shermann-Palladino
Elenco: Lauren Graham, Alexis Bledel, Melissa McCarthy, Scott Patterson, Keiko Agena, Liza Weil, Yanic Truesdale, Sean Gunn, Kelly Bishop, Edward Herrmann, Jared Padalecki, Matt Czuchry, Milo Ventimiglia, Liz Torres
Café, diálogos rápidos, referências de cultura pop e amor incondicional. Essa é a receita para o relacionamento perfeito de Lorelai Gilmore (Lauren Graham) e sua filha, Rory Gilmore (Alexis Bledel). É, também, a receita para uma série que de tão apaixonante e fofa dá vontade de ligar pra sua mãe e chamá-la para dar um rolê pela cidade. Lorelai nasceu em berço de ouro, mas deu às costas ao luxo da família quando descobriu estar grávida aos 16 anos. Ela foge com a pequena Rory de uma mãe controladora e a cria sozinha. Lorelai assume o papel de mãe, pai e amiga de Rory. É uma mulher forte, simpática e com um senso de humor impecável. E não são só os olhos azuis que Rory puxou da mãe, não: ela também não precisa de um homem pra nada, é dependente de café para iniciar seu dia e sobreviver até o final do mesmo, e herdou o senso de humor e o amor por filmes, seriados e música.
A narrativa é tão leve que bingewatching tem o significado multiplicado por mil: é engolir as sete temporadas, porque você quer saber o que a Lorelai vai dizer no próximo episódio, o que a Rory vai ler amanhã, o que a Sookie vai destruir, o que a cidade mais maluca do mundo da televisão vai inventar agora. Pra quem assistiu lá em 2000 e lá vai bola é uma bela nostalgia. Pra quem não assistiu ainda, dá pra correr pra Netflix. Pra todos que querem a continuação, uma boa notícia: sexta-feira sai o revival e a gente vai poder ver tudo de novo.
Smallville (2001-2011)
Criado por: Alfred Gough, Miles Millar
Elenco: Tom Welling, Michael Rosenbaum, Allison Mack, Kristin Kreuk, John Glover, Erica Durance, Annette O’Toole, John Schneider, Sam Jones III
Poucos podem admitir, mas Smallville era uma ótima ideia. Até hoje, a série foi a única versão live-action do Superman capaz de conseguir trabalha-lo com mais complexidade (até porque foram 10 temporadas, então houve tempo) e fazer o espectador criar empatia pelo personagem de Clark Kent, o que é difícil e principalmente os filmes depois da era Christophe Reeve não tiveram a capacidade de alcançar nos cinemas. Trazer Kal-El na adolescência e frequentando o colégio é um truque de gênio, pois o roteiro da série cria um paralelo entre a puberdade e a descoberta de seus poderes, entregando resoluções divertidas (e algumas questionáveis), seja ele descobrindo sua visão de calor quando posto sob pressão por uma professora substituta até o fato de ser desajeitado e ter uma fraqueza nos joelhos porque viu a garota bonita — mas na verdade, isso ocorre devido ao colar de kryptonita que ela usa no pescoço. Ainda no âmbito da juventude, o famigerado “vilão da semana” é sempre um dos chamados de “aberrações do meteoro” (meteor freaks), que são pessoas infectadas pelos meteoritos que caíram em Smallville, e surgem como uma alegoria sobre as mudanças que ocorrem na puberdade — mas com uma abordagem mais bizarra, obviamente. Smalville serviu como uma grande metáfora da transição entre a juventude e a vida adulta — e, inclusive, perdeu todo seu encanto e qualidade a partir do momento em que deixou a escola de lado, na quinta temporada. Porém, enquanto se manteve fiel à sua proposta inicial, Smallville entregou ótimos momentos.
The O.C. (2003-2007)
Criado por: Josh Schwartz
Elenco: Ben McKenzie, Adam Brody, Peter Gallagher, Kelly Rowan, Rachel Bilson, Melinda Clarke, Mischa Barton, Tate Donovan, Alan Dale, Autumn Reeser, Chris Carmack
The O.C. foi um marco na TV. Todo mundo renega a quarta e última temporada devido aos fatos que levaram à ela, mas o consenso é de que a série poderia ter vivido por mais tempo. Ainda que não tenha tido essa oportunidade, foi o suficiente para marcar toda uma geração. A trama parte de um plot relativamente simples e que tinha de tudo para cair nos maiores clichês possíveis: um adolescente, Ryan Atwood, tem uma família disfuncional, de verdade — o irmão está preso e a mãe o abandona para ficar com o padrasto, que não o suporta. Sozinho e recém liberado da cadeia após roubar um carro com o irmão, ele acaba ficando aos cuidados do seu advogado, Sandy Cohen. Eventualmente, Ryan, forasteiro, pobre e sem ter pra onde ir, acaba ficando com a família Cohen. Ele se torna o melhor amigo do filho do casal Sandy e Kirsten, Seth, que é introvertido, gosta de games, música indie e não tem a habilidade de se relacionar socialmente. No fim das contas, a dupla é extremamente deslocada no ambiente escolar e no círculo social do local, o que não impede que eles se apaixonem, respectivamente, por Marissa, que tem namorado (ops!), e Summer, uma das garotas mais populares e superficiais do colégio.
A série tem uma trama que beira a uma temporada de Malhação, mas ela possui personalidade. A cada final de episódio, o nível de estresse vai lá no alto porque, costumeiramente, alguma desgraça acontece, em menor ou maior escala. Os dramas são constantes, mas eles são bem orquestrados e (quase) nunca parecem fora de tom. Josh Schwartz consegue dosar aqui os exageros de uma forma que ele não obteve sucesso a longo prazo em Gossip Girl, por exemplo. The O.C. soube tratar de temas recorrentes para esse tipo de produção com sobriedade, diferente de outras semelhantes à ela, e sem afastar o espectador por tocar neles. Há discussões sociais com o contraste da vida de privilégios e a vida humilde, alcoolismo, depressão, o mundo de aparências imposto pela sociedade, homossexualidade, vícios, adoção, além de ser excelente ao retratar o primeiro amor da adolescência e o poder da amizade. Tudo isso embalado com um visual de dar inveja — Orange County é linda de morrer — e uma trilha sonora impecável, contando com o melhor do indie rock — The Killers, Jet, Interpol, Keane, Jem, Death Cab For Cutie, Phantom Planet, Rooney, entre outras bandas, devem muito à série. Além de ser celeiro de bons atores (Adam Brody, Ben McKenzie, Olivia Wilde, Chris Pratt), The O.C. contou com personagens tridimensionais, sendo possível relacionar-se com eles ainda que não tivesse a mesma quantia monetária no banco que os Cohen. Podem culpar a série de ter se perdido na reta final, porém não de ser desprovida de fortes emoções, causando aquela nostalgia poderosa ao ouvir as primeiras notas de “California” ou “Dice”.
One Tree Hill (2003-2012)
Criado por: Mark Schwahn
Elenco: Bethany Joy Lenz, Sophia Bush, James Lafferty, Lee Norris, Paul Johansson, Chad Michael Murray
A série que foi ao ar pela primeira vez em setembro de 2003 conta a história de Nathan e Lucas, adolescentes meio-irmãos, com todos os clichês possíveis dos problemas da idade para jovens americanos. Os conflitos familiares e as interações sociais dominadas por intrigas no ambiente escolar trazem uma carga emocional com tramas amarradas e desfechos impactantes que tornaram a série icônica. A profundidade que os personagens absorveram durante a trama ocasionou a mudança do tema “teen” para uma série dramática adulta, como vida profissional, casamento, adoção, entre outros na sua quinta temporada. One Tree Hill teve nove temporadas, com seu último episódio em abril de 2012. Apesar de não contar com uma grande audiência, deixou aos fãs fiéis a saudade de uma história que dificilmente caía de qualidade.
Veronica Mars (2004-2007)
Criado por: Rob Thomas
Elenco: Kristen Bell, Percy Daggs III, Jason Dohring, Fracis Capra, Enrico Colantoni
Séries adolescentes são sensacionais, como essa lista comprova. Mas poucas conseguem ser tão viciantes e inteligentes como Veronica Mars foi. Como se não bastasse ter uma protagonista bad ass, a série ainda tinha mistérios excelentes e as resoluções perfeitas. O roteiro não ficava para trás: diálogos espertos cheios de referências pop intercalavam com a melhor relação pai e filha da televisão. Veronica, a nossa heroína sarcástica, era tudo o que gostaríamos de ser na adolescência. Apesar de engraçada, os momentos emocionantes tocavam fundo na ferida. Afinal, como esquecer o momento em que a nossa detetive teen descobre que Keith Mars era mesmo seu pai? Ou quando ela pega o elevador com o assassino de sua amiga? São cenas como essas que fazem o espectador querer rever a série novamente e lamentar seu cancelamento precoce. Pelo menos fomos agraciados com um ótimo filme que prova que, mesmo sete anos depois, Kristen Bell ainda consegue nos fazer vibrar como Veronica.
Friday Night Lights (2006-2011)
Criado por: Peter Berg
Elenco: Kyle Chandler, Connie Britton, Aimee Teegarden, Brad Leland, Taylor Kitsch, Jesse Plemons
Friday Night Lights é sobre os altos e baixos de um time de futebol americano que fica na pequena cidade de Dillon, no Texas. O futebol é uma religião para os habitantes da cidade. Mas, quando o quarterback Jason Street (Scott Porter) é permanentemente ferido no primeiro jogo da temporada, o novo treinador, Eric Taylor (Kyle Chandler) tem que restabelecer o equilíbrio de todo o time e reajustar os planos para a temporada. As coisas não giram apenas em torno dessa tragédia. Você pode pensar que é apenas uma série sobre futebol, mas o esporte é apenas um pretexto para a série nos mostrar a vida de várias pessoas e jogadores, dentro e fora do campo. O que torna a série tão grande é que os personagens são trazidos à vida, mostrando seus relacionamentos e crescimento, isso tudo lindamente escrito. Os roteiristas dão aos personagens muitos detalhes e as grandes cenas funcionam porque estes são engrandecidos, mesmo nas pequenas cenas, fazendo com que possamos sentir suas emoções, ver seus maneirismos, suas expressões, sua interações uns com os outros, isso com uma bela e impressionante espontaneidade. Há uma razão para ela ser tão aclamada pela crítica. Há uma razão pela qual os fãs são tão apaixonados. Se você não entende o motivo, por favor, dê uma chance para a série e assista alguns episódios.
Gossip Girl (2007-2012)
Criado por: Stephanie Savage, Josh Schwartz
Elenco: Blake Lively, Leighton Meester, Penn Badgley, Chace Crawford, Ed Westwick, Kelly Rutherford, Matthew Settle, Taylor Momsen, Jessica Szohr
Depois do término de The O.C., Josh Schwartz decidiu permanecer no mundo adolescente por mais um tempo, adaptando a obra literária de Cecily von Ziegesar para a telinha, no canal The CW. A trama tem certo paralelo com o trabalho anterior do criador. A narrativa se passa no meio da classe alta em Nova York (Upper East Side, mais especificamente), cheia das pompas e julgamentos, e eis que surgem os bolsistas pobres para estudar no mesmo colégio que eles. Deslocados, os irmãos Dan e Jenny tentam achar o seu lugar, mas acabam se envolvendo nas tretas criadas por gente rica e mimada que tem tudo e precisa encontrar problemas para se incomodar. Obviamente, Dan se apaixona pela mais problemática e popular de todas — Serena. As confusões, mentiras e traições são as mais diversas e tudo faz bastante sentido, especialmente o comportamento deles, enquanto ainda são adolescentes — e a série realmente só faz sentido até aí, até o início da terceira temporada, porque depois desanda por completo. Contudo, Gossip Girl conseguiu ditar moda, lançar tendência musicais (assim como fez The O.C.), trabalhou com um humor afiado e condizente com a faixa etária dos personagens (Scream Queens bem que queria ser descolado como Gossip Girl, porém não teve êxito), trouxe personagens marcantes, ainda que extremamente arrogantes e detestáveis, como Blair e Chuck, o casal que amamos e odiamos. E o melhor: tem a voz de Kristen Bell com as melhores tiradas como a Gossip Girl do título, que alimenta as desavenças e boatos dos personagens com publicações em seu blog.
Skins (2007-2013)
Criado por: Jaime Brittain, Bryan Elsley
Elenco: Kaya Scodelario, Hannah Murray, Nicholas Hoult, Joe Dempsie, Mike Bailey, April Pearson, Lily Loveless, Will Merrick, Freya Mavor, Jack O’Connell, Dev Patel
Sexo, drogas & eletrônica, essa é a vida de um grupo de jovens na cidade de Bristol, na Inglaterra. Criada por Bryan Elsley e Jamie Brittain, Skins foi uma série atípica: nunca tentou fazer com que o público se identificasse completamente com seus personagens fora da curva, como era comum com outras atrações adolescentes. Eles se envolviam com coisas realmente bizarras: arrombamentos, tráfico internacional e até assassinatos, mas até essas situações estavam sempre se cruzando com as amizades, amores e inseguranças tão presentes nessa fase. Apesar de muitos dos meninos terem personalidades extremamente cômicas, a série está recheada de momentos sublimes de honestidade diante da depressão, da morte, do abandono e da diferença, e o tratamento dado aos personagens LGBT foi super aclamado pela crítica e pelo público. Durante os seis primeiros anos em que foi exibida, Skins trocou todo seu elenco duas vezes, a escola sendo o ponto de ligação entre eles. A última temporada se dedicou a fechar as histórias de alguns personagens das três gerações. Com um elenco forte, nomes como Nicholas Hoult, Dev Patel, Kaya Scodelario e Jack O’Connell consolidaram suas carreiras nos Estados Unidos depois de participarem do programa, que ainda ganhou um remake americano. Nunca ficou muito claro se Skins era uma série para adolescentes ou para adultos, mas com uma visão bem menos romântica dos anos rebeldes, acabou virando um grande sucesso entre os dois, fosse por servir de inspiração, lembrança ou saudade de um tempo que nunca foi.
Glee (2009-2015)
Criado por: Ian Brennan, Brad Falchuk, Ryan Murphy
Elenco: Lea Michele, Jane Lynch, Matthew Morrison, Chris Colfer, Cory Monteith, Kevin McHale, Naya Rivera, Jenna Ushkowitz, Amber Riley, Mark Salling, Heather Morris, Chord Overstreet, Darren Criss, Harry Shum Jr., Jayma Mays, Dianna Agron
Ah, Glee… A série que muitos amam odiar. A série que muitos viciados não conseguiram nem finalizar. O musical revolucionário que trazia à tona temas relevantes que terminou como uma série qualquer. É inegável que o seriado Glee marcou a adolescência (e até mesmo início da fase adulta) de toda uma geração, especialmente os “underdogs”. Quem nunca se sentiu excluído na escola? Glee trata sobre isso. Ela celebra os excluídos. Pessoas gays, gordas, negras, estrangeiras, deficientes, ou até mesmo umas duas ou três dessas categorias na mesma pessoa estão na série. Provavelmente este foi o motivo de seu sucesso inicial. Inclusão. Glee embalava esta pauta em meio a números musicais dos diversos tipos: de música pop do topo das paradas, passando por hits de musicais da Broadway e chegando até mesmo ao rock n roll. As canções, além de serem para vários gostos, muitas vezes traziam uma visão ou interpretação única que diferia da original e a tornava interessante. E esse foi o ponto alto de Glee por muito tempo.
Com o decorrer do tempo, Glee pautou diversos temas relevantes. Tratou de temas como transexualidade, casais abertamente gays, gravidez na adolescência e TOC, nem sempre com o tato que deveria, mas atingindo um público que se identificava profundamente com a série por conta de todas estas abordagens. O problema principal de Glee foi seu declínio gradual. Com exceção de a segunda temporada, as seguintes seguiram em declínio em termos de qualidade. Roteiros rasos, falhas de continuidade, apresentações sem graça e preferência por certos membros do elenco em detrimento de outros sem motivo aparente foram alguns dos motivos que fizeram alguns dos fãs mais fervorosos da série a largarem-na antes de seu fim. Uma pena, pois a premissa do seriado sempre foi maravilhosa. Glee, se conseguisse segurar a peteca, facilmente duraria mais tempo com a legião de fãs que criou (e depois decepcionou). Ainda assim, os três primeiros anos da série valem o tempo investido.
My Mad Fat Diary (2013-2015)
Criado por: Rae Earl
Elenco: Sharon Rooney, Jodie Comer, Ciara Baxendale, Dan Cohen, Claire Rushbrook, Nico Mirallegro, Jordan Murphy, Ian Hart
Uma série teen com protagonista problemática não é novidade, mas a sensibilidade do roteiro faz My Mad Fat Diary se destacar. A produção britânica conta os pensamentos e desafios de Rae, uma adolescente acima do peso que passou por uma internação psiquiátrica depois de ter tentado suicídio. Ambientada em 1996, com a trilha sonora e referências da época, a série nos faz sentir na pele as angústias de uma jovem com pouca autoestima. Mais do que isso, nos faz amar Rae, as situações engraçadas que passa e suas divertidas piadas. Ela nos faz vibrar com suas conquistas e comemorar cada passo de sua recuperação. Também nos deixa irritada com o jeito grosseiro de seu médico e nos faz chorar compulsivamente com a despedida de uma amiga. My Mad Fat Diary nos faz sentir novamente como é ser adolescente de uma forma sensível, profunda e divertida. E por isso merece ser assistida.
Faking It (2014-2016)
Criado por: Carter Covington, Dana Goodman, Julia Lea Wolov
Elenco: Rita Volk, Katie Stevens, Gregg Sulkin, Bailey De Young, Michael J. Willett
A MTV começou a se redimir pelas bombas que lançou nos últimos anos com Awkward, mas foi só em Faking It que a gente foi capaz de perdoar certos seriados por aí. A chave foi transformar o clichê em representatividade. A gente tá bem acostumado com aquela fórmula garoto-é-best-da-mina-mas-é-apaixonado-por-ela, mas ninguém ainda tinha mostrado na televisão que essa fórmula é a mais comum também no mundo LGBTQ. Normalmente, os primeiros sentimentos a mais que uma menina sente por outra é pela melhor amiga. E é exatamente isso que a série explora.
Amy e Karma são amigas desde sempre e nem um pouco populares – e isso é um problema para Karma. Elas acabam sendo confundidas com um casal de lésbicas e Karma vê nisso a oportunidade de se tornar popular. Então, elas começam a fingir que são um casal… Até que Amy começa a ter sentimentos de verdade pela melhor amiga. O seriado não só explora o caminho de descobrimento da sexualidade de Amy, como também trata alguns assuntos que a gente não vê por aí, como a intersexualidade, que é uma diferença entre a anatomia interior e a aparência. Essa é a primeira vez que vemos a intersexualidade sendo tratada em um seriado tão seriamente. Faking It prometia ser o paraíso das representações e estava no caminho de se tornar a série adolescente mais educativa da TV, mas alguns errinhos levaram ao cancelamento. Mesmo assim, vale a pena conferir, seja pelos olhos verdes apaixonados de Amy, seja pelo talento musical de Karma e a dinâmica das duas, que é simplesmente apaixonante.
The Get Down (2016-)
Criado por: Stephen Adly Guirgis, Baz Luhrmann
Elenco: Justice Smith, Shameik Moore, Herizen F. Guardiola, Skylan Brooks, Tremaine Brown Jr., Jimmy Smits, Giancarlo Esposito
Se a caótica Nova York dos anos 70 foi o berço de revolução musical com a criação do disco, do grunge, do punk e do movimento hip hop, não trata-se de um dado ao acaso e nem nasceu “do nada”. As experiências de vida e influências culturais daqueles envolvidos tiveram um peso preponderante nisso. E talvez seja aí que The Get Down mais se destaca. A influência da poesia na vida dos personagens, do ritmo da vida, a cena urbana, as vontades, as aspirações, as dificuldades, os sonhos, tudo isso confluindo na forma como os personagens fazem arte plástica, musical e cênica na série, com ritmo negro, adolescente e rebelde. Com um ritmo incessante e sempre acompanhada de alguma música importante da época (o custo alto de produção — US$120 milhões — se deu principal pela quantidade de direitos autorais paga), a série consegue ir além de outras tramas adolescentes de seu tempo — especialmente as da tríade teen “CW-MTV-ABC Family” –, lotadas de clichês e tropes repetitivos (triângulos amorosos, sustentação de roteiro em “ship”, interpretação dramática exagerada e plots simplistas).
Um conto de fadas sobre todos os conflitos da aceitação de seus pares e da aceitação da “So-White-Manhatan”, de orgulho da cultura conflitando com o choque cultural da época. E é exatamente aí que The Get Down consegue sua principal magia como série teen. O potencial de inspirar pela história outros adolescentes pela arte e pela História da cultura que hoje se compartilha e se consome, e, no final das contas, curtir aquele momento. Lotada de referências, inspirações e ritmo da cultura negra americana de então e de outras referências culturais dos anos 70, a série original da Netflix ultrapassa o próprio universo teen e da pieguice saudosista, sendo uma obrigação a todos os amantes da cultura negra.
Outras séries teen que você pode dar uma chance e conhecê-las: Blossom (1990-1995), Beverly Hills 90210 (1990-2000), Party of Five (1994-2000), That 70’s Show (1998-2006), Undeclared (2001-2003), Everwood (2002-2006), Misfits (2009-2013), Awkward (2011-2016), Teen Wolf (2011-), Modern Family (2009-), Shameless (2011-).
Faltou barrado no baile.
A minha preferida ficou de fora. Aonde tudo começou sobre drama adolescente.
Faltou Pretty Little Liars ,Riverdale e Skam.
a série que realmente teve grande influência e faz parte da cultura pop americana é thats 70 show