Entre suspense, ficção, drama e terror, selecionamos os melhores longas que causam aquele frio na espinha e embrulho no estômago.
Com a proximidade do Dia das Bruxas (Halloween), no dia 31 de outubro (segunda-feira), o Previamente resolveu ousar. Isso mesmo. Nossa redação selecionou os 16 (ou quase) melhores filmes de horror do século XXI. O gênero é amplo e não se resume apenas a sustos e tripas penduradas. Nesta lista, há longas que você talvez não considere como horripilantes, mas certamente possuem traços característicos da categoria. Para ser perturbador e tenso, não necessariamente precisa ser classificado como suspense.
Entre gritos, tortura, tripas, sangue, maldições, almas penadas, alucinações, alienígenas, bruxas e assassinos em série, aqui está a lista (não definitiva) dos melhores filmes de horror que os primeiros 16 anos do século produziram.
Cidade dos Sonhos (Mulholland Dr., 2001)
Direção: David Lynch
Elenco: Naomi Watts, Laura Harring, Justin Theroux, Angelo Badalamenti, Ann Miller, Patrick Fischler
Mulholland Dr. não é uma obra em primeiro plano de horror. Apesar do flerte intenso com o bizarro em sua filmografia, David Lynch funciona como uma composição de estilemas distintos que se transformam em algo original. Mesmo não sendo uma obra de horror, os elementos do gênero presentes em Cidade dos Sonhos tornam o longa extremamente claustrofóbico e aterrorizante. Colocando o psicológico de uma aspirante atriz apaixonada por uma mulher que não sabe sua própria identidade — claramente o conceito de femme fatalle — como condutor da trama, David Lynch leva o espectador a viajar pelos horrores da psiquê humana. Para concluir, o longa tem um dos jump scares mais aterradores da história do cinema.
Os Outros (The Others, 2001)
Direção: Alejandro Amenábar
Elenco: Nicole Kidman, Fionnula Flanagan, Christopher Eccleston
O chileno Alejandro Amenábar dirige Nicole Kidman em uma de suas melhores atuações na história de uma mulher que vive em uma casa escura, pois seus dois filhos possuem fotossensibilidade (alergia do sol). Além disso, eles estão convencidos que na escuridão do seu lar há uma espécie de assombração. Sensível, surpreendente e de arrepiar, Os Outros é uma película que tem classe e consegue ir mais longe do que apenas uma história de terror, conseguindo ainda explorar a figura materna da personagem de Kidman, que se priva de sua individualidade e de seus desejos, mostrando o que isso pode acarretar a uma pessoa, além de ter a fé como tema. Nada como um bom filme de fantasmas à moda antiga, não é mesmo?
O Chamado (The Ring, 2002)
Direção: Gore Verbinski
Elenco: Naomi Watts, Martin Henderson, David Dorfman, Brian Cox
Um vídeo proibido de ser assistido e muitas tragédias anunciadas por uma menina que aterrorizou famílias ao sair da tv para matar suas vítimas de nada mais que puro pavor. O clássico original de O Chamado do Japão, Ringu, ganhou sua versão estadunidense em 2002 estrelada por Naomi Watts se foi considerada ainda mais aterrorizante do que seu original. O filme deu início a uma série de outras adaptações que envolviam crianças mortas buscando vingança, porém, nenhuma tão característica quanto Samara Morgan e seus cabelos pretos cobrindo o rosto. Poucos filmes conseguem deixar o público com a sensação de que não deveria estar assistindo, e o O Chamado sem dúvida o faz ao exibir seu vídeo assassino.
Jogos Mortais | Jogos Mortais II (Saw, 2004 | Saw II, 2005)
Direção: James Wan | Darren Lynn Bousman
Elenco: Cary Elwes, Leigh Whannell, Danny Glover | Donnie Wahlberg, Tobin Bell, Shawnee Smith
James Wan é um nome que o cinema não vai esquecer por muitos anos. O visionário diretor criou a franquia Jogos Mortais e marcou quase uma década de filmes com sangue, partes de corpos dilaceradas e muita tortura sob o comando de um psicopata que queria redimir suas vítimas. Destaque para o primeiro e o segundo filme da franquia, que ainda exploravam a sensação de “novo” com maestria e causavam desconforto instantâneo a quem assistiu os filmes. Depois a Lionsgate se empolgou e fez mais 5 longas que seguiam a temática e a história, mas que pouco agregavam ao conceito da trama.
O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism of Emily Rose, 2005)
Direção: Scott Derrickson
Elenco: Laura Linney, Tom Wilkinson, Jennifer Carpenter
Desde que o gênero terror descobriu as histórias de exorcismo, somos apresentados anualmente a diversas produções com a temática de cunho religioso. Porém, quando a história verídica de Anneliese Michel, uma jovem católica que acreditava ter sido possuída por, pelo menos, seis demônios, chegou aos cinemas com O Exorcismo de Emily Rose, os fãs do gênero prenderam a respiração e mergulharam em um universo de medo e pânico quase inédito. Emily Rose não surpreende apenas pela atuação brilhante de Jennifer Carpenter, mas é um dos primeiros filmes do gênero terror a unir uma história de tribunal ao seu enredo e não fugir de sua proposta inicial, deixando a narrativa ainda mais envolvente e, por que não, emocionante.
O Nevoeiro (The Mist, 2007)
Direção: Frank Darabont
Elenco: Thomas Jane, Marcia Gay Harden, Laurie Holden, Andre Braugher, Toby Jones
Adaptações de romances de Stephen King nem sempre são o suprassumo do cinema. Mas O Nevoeiro acerta em cheio. Digno de causar agonia e falta de ar em claustrofóbicos, a trama se passa 95% do tempo dentro de um supermercado cercado por um nevoeiro que traz algo mortal. É aterrorizante pensar o que está lá fora, mas aos poucos percebe-se que as maiores ameaças são as próprias pessoas — e a personagem de Marcia Gay Harden sintetiza isso, simbolizando a paranoia, o extremismo e o perigo que uma ideologia (neste caso, a religião) posta goela abaixo pode representar. A obra traz um ponto de vista negativo sobre a humanidade e o final é simplesmente devastador — além de surpreendente, com uma virada digna dos melhores episódios de The Twilight Zone/Além da Imaginação.
Deixa Ela Entrar (Låt den rätte komma in, 2008)
Direção: Tomas Alfredson
Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson
A relação entre uma vampira transformada ainda enquanto criança e um menino de 12 anos é tudo o que Crepúsculo gostaria de ser, mas passa longe. O filme sueco é cru e soturno, conseguindo não só ser grotesco e assustador, mas também trata com propriedade de assuntos como amizade, bullying, o primeiro amor (de uma maneira bem estranha) e a ingenuidade de ser criança — e a infância como um todo.
Os Estranhos (The Strangers, 2008)
Direção: Bryan Bertino
Elenco: Liv Tyler, Scott Speedman
Para quem admira um ótimo suspense, poucos vão superar as atuações de Liv Tyler e Scott Speedman em Os Estranhos. Abordando os diversos assassinatos cometidos a sangue frio nos EUA, o filme acompanha um casal em uma casa de campo que é brutalmente atacado durante a noite por três psicopatas mascarados, que aterrorizam suas vítimas (e o espectador) durante horas a fio antes de decidirem realmente começar a tortura e a violência. Em muitos momentos do filme é possível sentir e acreditar no pânico do casal em cena, devido às atuações, a direção impecável de Bryan Bertino e uma trilha sonora de arrepiar que torna as cenas mais tensas do filme algo hipnótico de se presenciar.
Cisne Negro (Black Swan, 2010)
Direção: Darren Aronofsky
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Winona Ryder
O filme que rendeu à Natalie Portman seu Oscar é um drama psicológico com toques de horror. Darren Aronofsky narra a história de Nina, uma dançarina que conquista o papel de protagonista da peça “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky, fazendo com que seu sonho se torne realidade. No entanto, a personagem vivida por Portman precisa provar que tem dentro de si as nuances que o papel exige, não só o lado angelical e doce, adjetivos que combinam com ela, mas também o lado sedutor e sombrio. Em busca de provação de sua mãe, que é ex-dançarina, do seu diretor e de si mesma, Nina entra numa jornada onde se desafia a encontrar seu lado soturno, entrando em uma espiral de alucinações. O longa é perturbador e fascinante, tudo com uma direção fantástica de Aronofsky e uma atuação brilhante de Portman.
A Pele Que Habito (La Piel Que Habito, 2011)
Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes
A Pele Que Habito tem como protagonista Robert (Antonio Banderas), um dos poucos cirurgiões plásticos a ter realizado no mundo inteiro a operação de mudança de rosto. Ele desenvolve um tipo de pele mais resistente, que poderia impedir até mesmo a picada de um mosquito da malária. O problema é que na composição do material é utilizado sangue de animais vivos e isso vai contra a bioética. Entretanto, isso não o impede de prosseguir com o experimento — como todo cientista louco que conhecemos. Para alcançar o sucesso, precisa de uma cobaia humana. Por isso, ele usa Vera (Elena Anaya), uma mulher que vive como refém em um quarto da casa do médico. Como nota-se, a ética não é o seu forte. E é com esta trama estranha que o longa de Almodóvar se torna, disparado, o melhor do diretor em uns 10 anos e motivos não faltam. A atmosfera é tensa, mantendo o espectador em inquietude. Se inicialmente o protagonista parece ser um psicopata sem escrúpulos, motivos são lhe dados para ser quem é, ainda que não justifique as insanidades cometidas. Como é de costume no cinema do cineasta, a mulher é figura central, e neste caso é cruficiada. As reviravoltas são de virar o estômago pelo grau de perturbação e o suspense é intenso e onipresente. Não há sustos, mas a película é digna do gênero de horror e suspense, prestando homenagem (voluntariamente ou não) à Hitchcock.
O Segredo da Cabana (The Cabin in the Woods, 2012)
Direção: Drew Goddard
Elenco: Kristen Connolly, Chris Hemsworth, Anna Hutchison, Fran Kranz, Richard Jenkins, Bradley Whitford
Este filme ficou dois anos na geladeira até ver a luz do dia – e só conseguiu por conta do sucesso que Joss Whedon conquistou ao lançar Os Vingadores. Drew Goddard e Whedon são parceiros da época de Buffy – A Caça Vampiros e aqui resolvem tirar sarro da fórmula dos filmes de terror. Não é um Todo Mundo em Pânico, fique tranquilo. O trash, o gore, a nudez, além dos adolescentes estereotipados do gênero estão presentes na película. A virada da obra pode deixar muita gente de nariz virado para ela, mas O Segredo da Cabana é um longa que diverte, assusta e surpreende o espectador. É criativo e bizarro, algo único e que jamais você verá igual.
Invocação do Mal | Invocação do Mal 2 (The Conjuring, 2013 | The Conjuring 2, 2016)
Direção: James Wan | James Wan
Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ron Livingston, Lily Taylor | Patrick Wilson, Vera Farmiga, Madison Wolfe, Frances O’Connor, Lauren Esposito
O principal mal dos filmes de horror é a má condução no desenvolvimento dos personagens. Costumeiramente, as figuras são bidimensionais, estereotipadas e com diálogos ruins. James Wan vem mostrando estar na contramão do gênero ao contar histórias que fazem com que o espectador realmente se importe com os personagens, independente dos sustos que podem estar por vir. Invocação do Mal dá conta de trazer o espírito (trocadilho não intencional) do gênero, sem prejudicar o desenvolvimento de seus personagens. É possível entender as motivações de Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga), o que sentem ao fazerem o que fazem, enquanto é possível afeiçoar-se pela família assombrada e tomar alguns bons sustos. É bem dirigido, atuado, sendo intenso, tenso e instigante. O segundo longa, inclusive, mantém a qualidade, provando que Wan sabe bem o que faz, seja seu orçamento curtinho ou mais gordo.
Sob a Pele (Under the Skin, 2013)
Direção: Jonathan Glazer
Elenco: Scarlett Johansson
Em seu papel mais visceral, Scarlett Johansson interpreta uma mulher que seduz homens pelas ruas da Escócia. Porém, fica evidente que ela não é apenas uma mulher logo de cara. Com uma proposta sci-fi, Sob a Pele acaba sendo um dos filmes mais horripilantes dos últimos anos. O longa-metragem tem uma linguagem única, com uma trilha sonora estridente e incômoda. É estranho, assustador, inquietante, perturbador, cativante, angustiante. É quase um teste de paciência com o espectador, que deve esperar por uma obra diferente de qualquer coisa que tenha visto recentemente. A cada ação da personagem principal, um arrepio na espinha sobe e o suor frio escorre.
The Babadook (2014)
Direção: Jennifer Kent
Elenco: Essie Davis, Noah Wiseman
Esta película consegue provar que o gênero de horror não é apenas sustos e carnificina, podendo ainda servir como metáfora para problemas da sociedade atual. O longa australiano traz uma mãe viúva que precisa lidar com o filho que tem dificuldades em se relacionar e constantemente tem acessos raivosos por influência de um monstro — o Babadook do título. O filme entrega os sustos, os arrepios e os momentos horripilantes. Como uma obra do gênero de horror, já é uma produção acima da média. No entanto, a partir do subtexto encontra-se elementos que dão profundidade à narrativa. The Babadook mostra que pode haver sim terror por trás da maternidade e que nem tudo são flores quando se tem um filho. Além disso, a experiência inteira é um estudo sobre a depressão — o monstro representa a enfermidade e, assim como a depressão, ele nunca vai embora pra valer.
Corrente do Mal (It Follows, 2014)
Direção: David Robert Mitchell
Elenco: Maika Monroe, Keir Gilchrist, Olivia Luccardi
Com trilha sonora independente e eletrônica, ambientando o filme como se fosse uma peça rara dos anos 80, Corrente do Mal tem todo o estilo cru de um John Carpenter. O vilão do filme, no entanto, é invisível, um serial killer transmitido através de um ato primordial para qualquer ser humano e que começa a se manifestar em uma das épocas mais conturbadas: a adolescência. Junte aí a fotografia inteligente e cortes seguidos por cenas perturbadoras. Se você esperar por um final redondinho, então é melhor parar por aí. It Follows não se importa em entregar uma trama com começo, meio e fim, e isso já é muito relevante quando se trata de um terror americano.
A Bruxa (The Witch, 2015)
Direção: Robert Eggers
Elenco: Anya Taylor-Joy, Ralph Ineson, Kate Dickie
O mais aclamado terror de 2016 já é um dos favoritos dos aficionados ao cinema do gênero, que não viam uma abordagem tão perturbadora do tema bruxaria desde A Bruxa de Blair (1999). A história retoma a origem da bruxaria na Europa e resgata dos primeiros livros relatos registrados no continente da essência do mal e sua influência em pessoas totalmente devotas à religião. Aberto a inúmeras interpretações e com uma trilha sonora tão importante para a história quanto seus personagens, o filme deixa sua marca no século XXI com um terror que não precisa de sangue ou sustos exagerados para ser extremamente perturbador para quem o assiste.
Outros grandes filmes de horror deste século que também merecem ser vistos:
[REC] (2007), de Jaume Balagueró e Paco Plaza
Suicide Club (2001), de Sion Sono
Sinais (Signs, 2002), de M. Night Shyamalan
O Labirinto do Fauno (El laberinto del fauno, 2006), de Guilhermo Del Toro
A Espinha do Diabo (El espinazo del diablo, 2001), de Guilhermo Del Toro
Noroi (2005), de Kôji Shiraishi
A Casa do Diabo (The House of the Devil, 2009) de Ti West
O Orfanato (El orfanato, 2007), de Juan Antonio Bayona
Extermínio (28 Days Later, 2002), de Danny Boyle
O Hospedeiro (Gwoemul, 2006), de Joon Ho Bong
Sede de Sangue (Bakjwi, 2009), de Park Chan-wook
O Homem nas Trevas (Don’t Breathe, 2016), de Fede Alvarez
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