How to Get Away with Murder – 2ª temporada | Crítica

Apesar da atuação fenomenal de Viola Davis, série perde parcela de sua atração

how to get away with murder season 2 posterLá no final de 2014, a nova série da produtora executiva Shonda Rhimes e do criador Peter Nowalk (Grey’s Anatomy, Scandal) chegou com os dois pés na porta do mundo televisivo. Prometendo uma temporada mais enxuta em relação às outras produções da TV aberta, com seus 15 episódios, How to Get Away with Murder formou uma legião de fãs que toda semana era bombardeada com mais e mais mistérios. A audiência pode não ser a mesma do começo, mas a estrutura do show se mantém praticamente idêntica. Por mais que esteja cercada de termos jurídicos, a linguagem aqui é facilmente entendida por todos os públicos. HTGWM é uma série fácil de ser digerida, não apresentando grandes cenas contemplativas e nem discursos filosóficos. É um seriado feito única e exclusivamente para o entretenimento. Função que é cumprida na maioria dos casos, diga-se de passagem.

Assim como aconteceu no primeiro ano, a série perdeu muito ritmo após o winter finale. Uma vez que o mistério do tiro em Annalise (Viola Davis) havia sido revelado, os dramas se tornaram mais pessoais. O problema disto é que nem todos os personagens são interessantes. Um dos maiores erros, justamente, foi o foco excessivo na vida de alguns estagiários. O roteiro tenta vender Wes (Alfred Enoch) como um favorito, mas sempre falha. Dentre os cinco pupilos, ele é o mais irritante e que dispõe das cenas mais arrastadas. O envolvimento da mãe morta com sua chefe foi o motim dos seis episódios finais, representado abundantemente por flashbacks. Se não fosse a atuação cheia de presença de Viola Davis, seriam horas de infinito sono. Quanto mais conhecemos a protagonista, mais é possível compreender suas ações. Ela não é uma mulher rígida a toa, e nisso o roteiro acerta bastante. Tudo é bem justificado. A participação de Famke Janssen ajudou a aprofundar ainda mais, não sendo apenas uma coadjuvante de luxo. Perder o bebê parece ter sido o ponto de mudança nas atitudes de Keating. Saber que Frank (Charlie Weber) foi o responsável pelo acidente é bem interessante para a história. Primeiro, ao justificar o assassinato de Lila (Megan West) — Sam (Tom Verica) usa a informação para forçar o investigador a matar sua amante grávida. Em segundo, reforça a personalidade fria do personagem e o fantasma do passado o faz fugir. Só na terceira temporada será possível saber se o namorado de Laurel (Karla Souza) vai ficar afastado mesmo — se sim, daria um bom respiro na storyline.

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Aliás, Laurel, juntamente com Bonnie (Liza Weil), foram os destaques entre os coadjuvantes. A primeira é a estagiária mais sensata e a que apresenta o perfil de trabalho mais desejado por Annalise. O ponto fraco da personagem, além da atuação pouco impactante (mas esforçada) de Karla Souza, são seus envolvimentos amorosos. O namoro com Frank sempre foi enrolado e cheio de discussões que vão do nada para lugar nenhum, sem falar no desnecessário caso com Wes (algo passageiro, ainda bem). Sem o namorado, abre-se uma série de possibilidades para ela. Seu passado, até agora quase intocado, pode muito bem ser explorado no ano três. Logo no primeiro episódio é revelado que Bonnie matou Rebecca (Katie Findlay) para proteger a todos, e a partir daí o destaque só vai aumentando. Os abusos sexuais que sofria na infância foram usados como coringa por Anna Mae (se é que me entendem) para controlar Asher (Matt McGorry), que finalmente ficou sabendo de todos os segredos. Liza Weil não consegue dar carisma para sua personagem, mas sempre há entrega nos momentos dramáticos.

Michaela (Aja Naomi King) não teve tanto destaque nesta temporada, exceto pelo envolvimento com aquele que descobriríamos ser o assassino do caso principal na season finaleah, seus eternos chiliques continuam no mesmo lugar. Connor (Jack Falahee) não lembra em nada aquele do ano passado, e isso não é nada bom. Namorar com Oliver (Conrad Ricamora) o tornou mais sério, tirando grande parte de seu brilho. Todos seus embates com Keating foram insuportáveis. A forma como todos os cinco enfrentam a chefe é sempre irritante. Mas isso não entra em mérito de roteiro, mas sim em visão de vida – por isso que o argumento vai ficar por aqui.

O excesso de tramas paralelas deixou o caso principal desinteressante, principalmente na segunda metade. Os Hapstall não conseguiram ser empolgantes como a investigação de Lila, por exemplo. A resolução de tudo não foi extremamente previsível, mas no fim das contas ninguém se importava mais com a informação. A expectativa é que Peter Nowalk reflita sobre os erros cometidos neste ano e deixe How to Get Away with Murder ainda melhor.

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Imagens: ABC

How to Get Away with Murder — Season Two
EUA, 2015/2016 – 15 episódios
Drama

Criado por:
Peter Nowalk
Elenco:
Viola Davis, Alfred Enoch, Jack Falahee, Karla Souza, Aja Naomi King, Matt McGorry, Liza Weil, Charlie Weber, Billy Brown, Conrad Ricamora

3 STARS

Por Mikael Melo

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