David Bowie morre aos 69 anos

Segundo comunicado oficial, o cantor lutava há 18 meses contra um câncer e faleceu neste domingo (10)

Transgressor. Revolucionário. Gênio. Metamorfose ambulante. O brilhante David Bowie faleceu neste domingo, 10 de janeiro, aos 69 anos. De acordo com nota emitida na página oficial do cantor no Facebook, ele morreu depois de uma luta de 18 meses contra um câncer, sem mais especificações. O texto ainda pede que as pessoas respeitem a privacidade da família neste momento de luto.

Um de seus filhos, o diretor Duncan Jones, também se manifestou nas redes sociais. Em uma postagem na sua página no Twitter, confirmando a triste notícia de que seu pai havia falecido, anunciando que ficará offline por um tempo por conta da perda.

David Robert Jones nos deixa dois dias após o lançamento de seu 26º álbum de estúdio, intitulado Blackstar, ou , como definiu o próprio cantor. O disco veio no dia em que ele completou 69 anos de idade. Seu trabalho de inéditas anterior, The Next Day, foi lançado em 2013, após um hiato de 10 anos em sua carreira musical. O álbum, inclusive, foi considerado o segundo melhor daquele ano pelo Previamente. Ambos foram produzidos por Tony Visconti, companheiro de longa data de Bowie, com quem realizou Space Oddity, “Heroes”, entre outros álbuns clássicos da icônica discografia. Depois da morte do amigo, o produtor disse que “sua morte não foi diferente de sua vida – uma peça de Arte”. “Ele fez Blackstar para nós, seu presente de despedida. Eu sabia por um ano que essa seria a maneira que iria acontecer. Eu não estava, no entanto, preparado para isso”.

O último videoclipe de Bowie, “Lazarus”, foi lançado no último dia 7. Tanto o vídeo quanto a música remetem diretamente à fase enferma do cantor, que passa boa parte do clipe agonizando em uma cama, finalizando-o entrando de volta no armário, sorrateiramente, como uma espécie de adeus.

O camaleão da música influenciou gerações de artistas, inserindo o rock na cultura, mostrando como uma canção, em poucos minutos, pode trazer tanto significado, emocionar e mudar tudo. Bowie provou que a música é uma das mais belas formas de expressão e de arte que existem e revolucionou o meio musical com sua obra vasta, que transitou entre o rock, o glam rock, o pop, o blues, a música eletrônica, o teatral, transcendendo os gêneros nos quais se arriscava, costumeiramente acertando, especialmente nos anos 70 e 80, sua melhor fase – se é que existiu uma fase que não fosse no mínimo sensacional. Tudo isso sem perder a originalidade e jamais se repetindo, não vivendo somente das glórias do passado, como provou nos dois ótimos discos lançados nos últimos três anos.

Além de cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista, Bowie também arriscou-se como ator. Destacam-se suas participações em O Homem Que Caiu na Terra (1976), Fome de Viver (1983), Labirinto (1986), A Última Tentação de Cristo (1988) e, por último, em O Grande Truque (2006).

Em 2015, foi lançado o musical off-Broadway intitulado Lazarus, no qual Bowie foi co-responsável pelo roteiro, baseado na história do livro de Walter Tevis e que foi transformado no longa-metragem O Homem Que Caiu na Terra, estrelado pelo cantor.

Durante sua carreira, ele recebeu dois prêmios Grammy (sendo um deles honorário em reconhecimento pela carreira), além de ter vendido mais de 140 milhões de discos no mundo inteiro. No Reino Unido, ele foi premiado em nove oportunidades com nove certificados de Platina, 11 de Ouro e oito de Prata, enquanto nos Estados Unidos colecionou cinco de Platina e sete de Ouro. Seu nome foi posto no Rock and Roll Hall of Fame em 1996. Com 26 discos, ele nos deixou faixas extraordinárias como os clássicos “Starman”, “Modern Love”, “Heroes”, “Changes”, “Under Pressure”, “Life on Mars?”, “Space Oddity”, “This is Not America”, “Ziggy Stardust”, até as mais recentes “Blackstar”, “Lazarus”, “The Next Day” e “The Stars (Are Out Tonight)”. Enfim, o homem das estrelas retorna à sua casa.

Por Rodrigo Ramos

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