Petit Mort | Previamente Entrevista

Com sonoridade do grunge dos anos 90, trio argentino reforça seu carinho pelo Brasil

Quem crê na rivalidade entre argentinos e brasileiros, não conhece a banda Petit Mort. O trio hermano formado por Michelle Mendez (guitarra/voz), Juan Recio (baixo) e Jacques Blasetti (bateria) conquistou os fãs brasileiros em dezenas de shows feitos no país, enquanto o Brasil os seduziu e acabaram tomando-o como sua nova pátria.

A banda é a prova viva de que a música não tem fronteiras – vive agora num lugar onde se fala o português, sendo que sua língua natal é o espanhol, enquanto o nome do grupo é francês e suas músicas são, em sua maioria, em inglês. Juntos desde 2007, eles já gravaram um EP e três discos, sendo Bite the Hook lançado neste ano. A sonoridade dos caras lembra muito o grunge dos anos 90, soando como Garbage e PJ Harvey, navegando nas notas até bater de frente com Rage Against the Machine e Nirvana.

Neste mês de agosto, o trio fez uma turnê pelo Brasil para celebrar a marca de 100 shows feitos no país. Por conta disso, o Previamente preparou uma entrevista exclusiva com a banda, mais especificamente com Michelle e Juan. Confira abaixo o papo.

A banda é argentina, mas acabou se radicando brasileira. O que atraiu vocês no Brasil para terem se repatriado por aqui?

Petit Mort: Em 2013, a gente fez cinco turnês no Brasil, em 10 estados, num total de 70 shows. Gostamos demais da cena, das bandas, do país. Fizemos muitos amigos. Quando voltamos do Brasil, decidimos gravar Bite the Hook com muitas músicas que foram compostas naquelas turnês, e achamos que o disco merecia mesmo ser lançado no Brasil. Recebíamos convites o tempo todo, estávamos indo e voltando de Buenos Aires ao Brasil sem parar. Então, para fazer o lançamento, ficou mais fácil vir e morar.

No Brasil, eu vejo que o público é bem caloroso com a banda. Como é a relação de vocês com o público argentino e no exterior?

PM: Muito linda. A gente teve a oportunidade de fazer 100 shows na Europa, tocando na Holanda, Alemanha, Suíça, França, República Checa, Inglaterra e Bélgica, tentando voltar sempre àquelas cidades onde temos feito grandes amigos. Estamos em contato permanente com as bandas amigas de lá. Sempre fomos muito bem recebidos.

O que os incentivou a cantarem em inglês e não só na língua natural de vocês?

PM: A gente tem músicas em espanhol também nos nossos discos. O inglês é um idioma muito melódico, lindo pra cantar, e o espanhol é bem massa pra escrever letras com mais metáforas. Usamos o idioma que melhor fica com cada musica. A banda é nacida na Argentina, mas acho que já podemos falar que somos uma banda do mundo, sem fronteiras. A música não deve de ter limites.

Bite the Hook (Petit Mort)A capa do último álbum, Bite the Hook, é peculiar. Qual é a história por trás dela? Quem definiu que aquela foto ilustraria o disco?

PM: Du Bist e Bite the Hook têm fotos do grande artista norte americano Michael Northrup, famoso fotografo da cidade de Baltimor, nos EUA. Ele tirava as músicas de Petit no baixo e mandava pra a gente ouvir. A gente conheceu o trabalho dele e gostamos muito. O cara é muito foda. São fotos das antigas, dos anos 70. Podem conhecer o trabalho dele aqui.

A banda curte música brasileira? Tem algum artista daqui com quem vocês gostariam de trabalhar?

PM: Curtimos e muito a cena independiente atual. A gente é muito fã do Macaco Bong e os Skrotes. Ouvimos muito no carro as bandas com que temos compartilhado palco nas nossas turnês. Gostamos do som dos Hellbenders, Black Drawing Chalks, Monster Coyote, Red Boots, Mad Grinder, Medulla, Topsyturvy, Far from Alaska, Inky, Hangovers, muitas. Seria massa fazer alguma parceria com o Bruno Kayapy [ex-guitarrista do Macaco Bong]. Aqueles discos This is Rolê e Artista Igual Pedreiro são foda.

Hoje é comum vermos muitos artistas e bandas que tinham uma sonoridade bem específica, de qualidade, e que, para terem mais sucesso, acabam mudando seu som para algo mais comercial, às vezes até mesmo por imposição da gravadora. Alguma vez algum produtor chegou pra vocês e tentou transformar o som da banda em algo mais “pop”, mais “vendável”?

PM: Não tem acontecido isso com a gente. O mercado da música é um mundo mundo difícil. A nossa prioridade é fazer música pra nos divertir, sacudir o corpo, liberar a alma.

Qual é o show que vocês nunca foram, mas sempre sonharam assistir?

PM: Com certeza estamos precisando assistir um show dos grandes Red Fang.

Por último, pedimos sempre aos artistas que nos digam o que eles têm ouvido de bom recentemente. Então, peço pra vocês, quais discos, faixas e/ou bandas que mais têm escutado.

PM: Temos escutado muito o disco Gravity x, dos Truck Fighters e To Record Only Water For Ten Days, de John Frusciante.

Ouça também Bite the Hook, na íntegra, no player abaixo.

POR RODRIGO RAMOS

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