Mesmo com o término da Fase 2 do seu Universo Cinematográfico, a Marvel ainda não consegue arrumar seu maior defeito
O poder de produção e comércio de blockbusters pela Marvel se tornou cada vez mais notório e indiscutível. Com o passar dos anos e dos títulos lançados sobre o seu vasto universo fictício de super-heróis, a temática originalmente “nerd” passou a participar da cultura pop agregando milhões de fãs aos adoradores de longa data.
Inicialmente, as produções da Marvel eram à prova de críticas, uma vez que a novidade acabava limitando as comparações e os enredos tratavam basicamente de apresentar os heróis aos leigos, atrair milhões aos cinemas com uma linguagem simples e bem colocada para o meio, evitando somente a desconstrução do universo original, aliando a fidelidade dos fãs de HQs aos filmes também.
No entanto, após a primeira fase de produções cinematográficas, o público (antigo e novo) passou a ir ao cinema buscando algo mais, e claro, em filmes de heróis. Depois de apresentar o personagem principal, com sua personalidade e poderes, o que se deve oferecer para manter a qualidade e o interesse dos espectadores? Isso mesmo, o vilão.
A importância de um vilão em qualquer trama que tenha por base “protagonista contra antagonista” é crucial. Some essa premissa ao fato de que uma produtora que nos oferece Homem de Ferro e Guardiões da Galáxia é a mesma que nos oferece um falso Mandarim e o recente Jaqueta Amarela. É justamente essa balança que pesa tanto para um lado e tão pouco para outro, que criou a brecha na fortaleza de qualidades da Marvel Studios.
No princípio, esse descaso com os vilões poderia ser até observado como uma falha isolada em uma ou outra obra lançada, mas a perspectiva mudou quando os fãs mais fervorosos das grandes histórias dos quadrinhos viram o Mandarim, personagem referência para muitos, como um mero ator, inutilizado nas telas para dar espaço ao Killian (personagem tão impactante que me fez pesquisar o seu nome).
A partir daí, a fragilidade na construção dos opositores dos heróis passou a ser mais evidente, sendo que nem mesmo o Ultron, super vilão do último Vingadores, conseguiu agradar muita gente, parte da culpa sendo da própria trama que forçava as atitudes do personagem para encaminhar mais uma gigante cena de ação. Em seguida, a mais nova prova do tendão de Aquiles da Marvel se apresenta. O Jaqueta Amarela, antagonista do recém apresentado ao mundo cinematográfico Homem-Formiga. Nesse caso, a falha é tão grande que mesmo a produção e o desenvolvimento do filme sendo absurdamente bem trabalhados, o personagem de Corey Stoll não emplaca e acaba vítima de uma personalidade rasa e de motivações e atitudes sem explicações convincentes, tirando desnecessariamente a cereja do bolo de um dos grandes filmes de 2015.
Resta ao público imaginar os planos futuros da produtora, que no próximo ano, ironicamente, verá a sua rival DC Comics lançar um filme protagonizado por um grupo de vilões, que inclui Coringa e Arlequina. Se é de um adversário que a Marvel precisa para elevar o nível dos seus personagens, esperamos que a DC mostre qualidade e inspire um grande Thanos ou qualquer outro vilão que venha a nascer na telona.