Desprovido de originalidade e um bom roteiro, animação é uma forma de ganhar dinheiro fácil e sujo
Em um mundo onde há obras-primas como é o caso de Divertida Mente, com a Pixar em plena forma, é difícil compreender como pode haver tanto amor por animações desprovidas de originalidade, que reciclam a mesma fórmula em toda santa continuação, sendo os roteiristas preguiçosos na hora de escrever um roteiro, sendo este finalizado rapidamente para os cofres dos estúdios encherem de dinheiro fácil e sujo ao trapacearem contando a mesma história o mais rápido possível nas telonas.
Há um grande amor pelos tais minions, que apareceram pela primeira vez em Meu Malvado Favorito, lançado em 2010. A trama era sobre Gru, um vilão que queria ter o posto de maior vilão do planeta e, para isso, adota três crianças para usá-las em seu plano maquiavélico. Os bichinhos amarelos estavam ali como ajudantes do protagonista, mas acabaram ganhando a atenção do público por terem um visual adorável e agirem como crianças. Três anos depois, Meu Malvado Favorito 2 deu um pouco mais de atenção a eles, mas a trama mantinha basicamente a mesma estrutura, com os mesmos recursos no roteiro. Sem surpresas e uma continuação aquém da original. Vendo o potencial comercial dos amarelinhos, surgiu a ideia (nada surpreendente) de fazer um filme solo das criaturas. Então nasceu Minions, que vem na mesma pegada de Os Pinguins de Madagascar. Coadjuvantes que ganharam a atenção do público e o estúdio resolveu apostar em um filme solo, contando a origem deles. Tanto em Minions quanto em Os Pinguins de Madagascar, o erro é ser relaxado e não trazer absolutamente nada de novo aos personagens e às franquias as quais pertencem.
Minions, que estreou na quinta-feira passada no Brasil e chega nos cinemas estadunidenses somente no dia 10 de julho, conta exatamente o que você já viu no trailer, de forma mais objetiva e até mesmo divertida. Por séculos as criaturas amarelas buscaram um líder malvado para seguir, até que se viram sem nenhum. Então três deles – Bob, Stuart e Kevin – decidiriam ir atrás de alguém que fosse malvado para liderá-los. Eles conhecem Scarlet Overkill (dublada em português por Adriana Esteves e em inglês por Sandra Bullock), a maior vilã existente no planeta. Os amarelinhos vão ao encontro dela para servir e precisam provar que são capazes de serem capangas da moça. E é isso. Literalmente, é só isso. Temos 91 minutos, que parecem uma eternidade, para contar essa história. Claro, há o confronto entre a vilã e os minions, mas isso já estava estipulado pelo o que vinha sido divulgado sobre o longa-metragem.
A película insiste em repetir as piadas dos longas anteriores, mas com um espaço muito maior para os amarelinhos, por motivos óbvios, uma vez que o holofote mira em cima deles. O problema é que com 15 minutos de metragem a poltrona já começa a ficar desconfortável, o refrigerante e a pipoca não têm o mesmo gosto e a vontade de olhar as notificações do celular são maiores do que olhar pra tela. Tudo isso porque cansa vê-los fazerem as mesmas coisas dos filmes anteriores, só que desta vez por muito mais tempo. A obra se baseia numa premissa que caberia muito melhor num curta, como foi um dos trailers de divulgação da produção, com objetividade e menos bobeira. Minions trata o espectador como se ele tivesse a mentalidade de uma criança de cinco anos de idade. Tenho certeza que para os pequenos deve ser uma diversão e tanto assistir os seres amarelos brigando, falando nada com nada, vestindo roupas diferentes e fazendo trapalhadas. No entanto, quem almeja algum tipo de conteúdo, pode passar reto e nem se indispor de ficar uma hora e meio dentro de uma sala, com ingresso caríssimo, desejando que o filme termine logo.
Minions prova que há estúdios que apenas almejam o dinheiro, sem se preocupar com a qualidade de bons personagens, tramas e mensagens positivas. Talvez eu seja muito exigente ao querer que todo mundo faça como a Pixar, mas, após assistir Divertida Mente uma semana antes desse, é impossível aceitar uma película que exige tão pouco de si mesma e reduza o intelecto dos seus espectadores, lhe dando apenas aquilo que ele já consumiu duas vezes previamente, mas que mal teve tempo de digerir. É claro, depois de Jurassic World, a moda é reciclar ideias. Mas se O Mundo dos Dinossauros funciona é porque sua base de origem veio às telas há mais de 20 anos, misturando nostalgia na medida certa e reciclando seu enredo para uma nova geração, Minions vai na contramão, pois somente há cinco anos estreava nas telonas e, na preguiça pura ou falta de criatividade somada à gana pelo dinheiro fácil, a Universal Pictures e a Illumination Entertainment entregam um filme vazio, nada original, bobo, entediante e que tira os méritos da franquia Meu Malvado Favorito, que tem lá suas qualidades.
Minions
EUA, 2015 – 91 min
Animação | Infantil
Direção:
Kyle Balda, Pierre Coffin
Roteiro:
Brian Lynch
Elenco:
Pierre Coffin, Sandra Bullock, Jon Hamm, Michael Keaton, Allison Janney, Steve Coogan, Jennifer Saunders, Geoffrey Rush, Steve Carell
Por Rodrigo Ramos