Mortal Kombat X | Crítica

Com falhas bobas e história fantástica, Mortal Kombat X é o melhor jogo da série

Não dá pra começar de outra forma: os primeiros trinta minutos de Mortal Kombat X, lançado no último dia 16 aqui no Brasil, são muito frustrantes. Eu os passei transitando de menu a menu nas configurações, DESESPERADO para me deparar com a devastadora realidade: não tem como mudar o áudio para inglês, a não ser que eu mude a região do meu Xbox One. Eu fiquei bem triste.

Mas vamos ao jogo: Mortal Kombat X, exclusivo para PC e consoles da nova geração, até o momento é melhor que qualquer outro Mortal Kombat. Simples assim. E isso pode ser visto logo nas primeiras horas, sem muito esforço ou necessidade de ser um mestre dos jogos de luta. Sua dinâmica, fluidez e variedade de modos agradarão desde os grandes jogadores e fãs dos fighters até aquele tio chato que resolveu testá-lo pela primeira vez. Separei esta análise em alguns tópicos breves para facilitar a abordagem das facetas do maravilhoso novo título.

História

Antes de jogar o modo história, a primeira coisa que você precisa saber é que, se não for fã da saga e não ter jogado o último jogo (MK9), suas chances de entender o que está se passando serão bem pequenas… Pequenas como o próprio modo história. Nele, você será atropelado por um caminhão de acontecimentos que se passam, ao contar somente as cutscenes, em pouco mais de duas horas. Não é tempo suficiente para aprofundar-se nos novos personagens ou nos antigos, ou então esclarecer todas as dúvidas deixadas pelo último jogo, mas independentemente disso é diversão garantida. Não é à toa que youtubers estão upando o modo em todo lugar para as pessoas assistirem como um filme. Sim, ele é REALMENTE divertido e te faz querer ver o que acontecerá em seguida.

Mortal Kombat X (2)

Não quero estragar o final de quem ainda não jogou ou não acabou esbarrando em spoiler na internet, mas a última cena é fantástica, e te deixa desde já clamando pela continuação da saga. Como de costume, utilizaram atores reais para a captura de movimentos dos personagens e o resultado é esplendoroso. Desta vez, os “motivos” das brigas do modo – a parte onde você, de fato, joga – continuam um pouco bestas, como no jogo anterior, mas nada que de fato atrapalhe a diversão.

Nova geração de personagens é interessante, mas deixa o elenco um pouco confuso

É no mínimo estranho, após presenciar tantos laços afetivos no Story Mode do jogo, amigos e parentes se digladiando e arrancando membros nas lutas normais. Ok, é Mortal Kombat, não dá para ter piedade e aquele mimimi, mas mesmo assim a lista de personagens jogáveis é um pouco estranha. Temos muitos pais e filhos, coisa que não havia sido vista em nenhum outro título da série. Quer dizer, é meio desconfortável ver a mãe arrancando os braços e a cabeça da filha depois de um diálogo do tipo “Você quer aquela promoçãoooo????”.

Fora isso, os novos personagens são bastante interessantes e promissores. Takeda é altamente piegas, com um uniforme estranho e pseudo-sabres de luz, mas é justamente o tipo de personagem que agradará e muito o público. Jackie, filha de Jax, não mostra muito de sua personalidade na história, mas já dá para ver que será uma boa substituta para o pai em futuros jogos da franquia. Cassie Cage, apesar de ser bastante carismática e ter me “comprado” 100% ao final do Story Mode, ainda não é boa o suficiente para ocupar o espaço de dois dos personagens mais icônicos da série – Johnny e Sonya – que agora, bem, estão ficando velhos. Mas esta é uma preocupação que, por enquanto, podemos deixar para depois.

Jogabilidade

Variações. Provavelmente a melhor adição ao jogo em muito, muito tempo. Masterizar um personagem em Mortal Kombat nunca foi uma tarefa muito fácil, mas agora está ainda mais desafiador e interessante. Mileena, minha personagem favorita, mostrou já nas primeiras partidas que tem estilos de jogo completamente diferentes. Enquanto uma das variações (Ravager) é focada no combate corpo-a-corpo, combos e agarrões, uma outra (Ethereal) consiste em desaparecer e se teletransportar para alterar o posicionamento e montar estratégias interessantes na luta.

Mortal Kombat X (3)

Os golpes e especiais estão bastante fluídos e, do último jogo pra cá, a melhoria e balanceamento dos personagens foi considerável (apesar de um choro rotineiro aqui ou ali pedindo para nerfarem tal personagem). Novamente uso o exemplo de Mileena, que no último jogo da franquia era ridiculamente ruim em relação a outros personagens. As variações ajudam a preencher lacunas na jogabilidade e garantem muito mais estratégias nas lutas, dependendo de qual tipo você for usar.

Destaque também para os diversos modos single player e multiplayer, que devem render inúmeras horas de jogo. Além das tradicionais Arcade Towers, Mortal Kombat X também traz as Living Towers, três torres diferentes que mudam seus oponentes e suas regras esporadicamente.

Fatalities, Brutalities, Faction Kills e Quitalities (sim)

Como era de se esperar, os fatalities não desapontam. De fato, estão ainda melhores e mais sanguinários nesta nova geração dos consoles. Como de praxe, existe um ou outro movimento finalizador que é bastante, digamos, trash (Kotal Kahn em seu segundo fatality “esmaga” o oponente da forma mais IDIOTA possível). Palmas para a Netherrealm por ter seguido a tendência do momento (vamos fingir que estamos em 2013) e ter adicionado um interessante e sanguinário “selfietality”, movimento de Cassie Cage que é, de longe, um dos mais bem bolados que já vi na franquia.

Diferentemente dos fatalities, os brutalities exigem uma situação específica na luta para serem executados, e não ativam uma cutscene ou o famoso “Finish Him”, onde o oponente fica rodopiando e esperando sua morte trágica. Ao invés disso, um movimento rápido o detona ali mesmo, no meio da luta, dando muito mais satisfação e realismo, em minha opinião. São mais complicados de se aplicar e por isso geram uma sensação de recompensa maior melhor ao acabar com o oponente. O mais interessante ainda é que existem MUITOS brutalities no jogo. Cada personagem tem em média cinco.

Em MKX você deve escolher uma das cinco facções disponíveis inicialmente para se juntar. Além de garantir menus exclusivos da facção e bônus nas chamadas Faction Wars, cada uma das opções ainda disponibiliza a todos os personagens as Faction Kills, uma espécie de fatality em que seu personagem não ataca diretamente. Alguns são mais interessantes que outros, mas é uma alternativa excelente para quem está cansado dos tradicionais finalizadores em todas as lutas.

Mortal Kombat X (4)

Já os quitalities… Bem, agora, se seu oponente dá ragequit no meio de uma batalha online, ele tem a cabeça explodida e você ganha instantaneamente. Quitality. Ê.

A famigerada dublagem. Pitty, pasmem, não é o principal problema aqui.

Volto a comentar a parte mais decepcionante do jogo, mas não, não vai ter mimimi de Pitty, já que aparentemente 78% da população da internet já se deu o trabalho de crucifica-la.

O assunto é sério, e preocupante. A dublagem de Pitty não tem NADA A VER com a Cassie, isso é um fato (apesar de tê-la achado, digamos, menos pior no jogo do que ao ver os vídeos). A dublagem da cantora é somente a ponta do iceberg, que é um projeto bastante porco. Ela acaba não chegando nem perto de ser a pior das dublagens, mesmo com todo o amadorismo das falas, principalmente naquelas dentro das lutas (sem mencionar que mantiveram os gritos e gemidos da voz original, que não tem nada a ver com a Pitty, e que pode irritar bastante).

Quan Chi e Kung Jin, porém, aí sim machucarão seus tímpanos, e mais ainda se você já ouviu suas vozes originais. Enquanto o primeiro está aparentemente asmático, o segundo passa a história do início ao fim com uma batata na boca. E nem é tanto exagero. Talvez até seja, mas está todo mundo exagerando nos xingamentos por aí quando o assunto é esse, então me isento de culpa.

A questão é que o trabalho de dublagem no geral é no máximo, e eu digo no máximo, mediano. Você esbarra em diálogos bem elaborados com vozes muito boas ao mesmo tempo em que ouve falas que mais parecem um dubsmash de algum fã, sem mencionar as traduções literais e bastante estúpidas que te assombrarão durante algumas introduções.

Como nem tudo tem só seu lado ruim, fiquei muito contente com a qualidade da dublagem de alguns personagens como Ferra/Torr, que trouxe todo o carisma e violência da pequena Ferra para nossa língua de um jeito bem interessante, além de D’vorah, dublada pela veterana Raquel Marinho, grande destaque do projeto.

Mortal Kombat X (5)

O veredito

Mortal Kombat X cativa em praticamente todos seus aspectos e, apesar dos pesares, me decepcionou bem pouco. É um dos melhores jogos de luta que já joguei, provavelmente estando em meu top 5. A grande “surpresa” fica por conta do fato de terem deixado erros tão estúpidos passarem, e se não fossem pequeníssimos detalhes e tropeços aqui e ali, definitivamente seria ainda mais elogiado e agraciado.

Fora isso, recomendo-o fortemente. Um clássico para fãs e não fãs de jogos de luta, com ou sem dublagem ruim.

Para informações e novidades atualizadas do Mortal Kombat X, sugiro o site Kamidogu (http://www.kamidogu.com/), um dos mais completos e atualizados e também o Twitter do criador da série Ed Boon (@noobde).

Por João Marcelino

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