Comediante passou por Pânico e MTV e hoje trabalha na Rede Globo
Paulinho Serra dispensa apresentações. O humorista passou por Pânico, MTV e hoje está na Rede Globo e no canal Multishow, se apresentou no último domingo (14) em Balneário Camboriú, no Cine Itáli, com seu show Paulinho Serra em Pedaços. Com a característica boina, que escondia sua maria chiquinha do personagem ex-gay, Paulinho Serra que já se disse crítico do humor que ofende os outros, prefere se zoar e faz um show quase que por completo falando da sua vida e até de órgãos reprodutores.
Conhecido por não ter papas na língua, Paulinho falou de Danilo Gentili, o filme Superpai e a política nacional.
Paulinho, como foi participar de um milagre do cinema nacional, um filme de comédia sem Leandro Hassum, Ingrid Guimarães e a Tatá Werneck?
Paulinho Serra: (Risos) Você deve estar falando do Superpai. Superpai foi incrível. Pedro Amorim tem um puta talento e é um diretor absurdo. E o Superpai… Eu e o Pedro, a gente já tem essa parceria, o segundo filme dele e o segundo filme que eu fiz. Espero estar em todos os filmes dele pro resto da vida, essa parceria ficou muito boa… O filme é bom pra cacete.
Quais são seus projetos atuais na TV?
PS: Eu tô no Multishow. Tô no ar lá no Fred e Lucy. Gravei o Prêmio Multishow de Humor como jurado. Fim do ano eu gravo o Vai Que Cola. Ainda faço o talk-show do Ferdinando – ele vai entrevistar o ex-gay. E na TV Globo, dia 6 de abril, estreia o Chapa Quente, que é um programa com o Leandro Hassum e a Ingrid Guimarães.
Muita gente diz que o Brasil está voltando para uma ditadura. Você acha que o Brasil tá passando por uma ditadura do humor, que tem que cuidar com o que fala?
PS: A paulada do Facebook e do Twitter não dói muito porque leva o Rafinha e o Danilo a apresentar dois talk-shows. Acho que rola muita hipocrisia que se reflete no humor, que se reflete na política, que se reflete no comportamento e que se reflete no comportamento das pessoas e todo mundo tem muita opinião e todo mundo quer colocar ela de maneira transgressora, todos muito reaça. Eu acho que tá tendo uma inversão de valores, porque o que o comediante fala não é uma verdade, ele deturpa uma opinião. Se eu faço o traficante gay, eu tô fazendo uma coisa que é incomum. Normalmente esse cara, que é bandido matador, não é homossexual assumido. Então a piada é exatamente isso, é você brincar com a pessoa. O Rafinha, ele não iria comer a filha da Wanessa Camargo, ele estava deturpando uma realidade absurda e as pessoas assinam embaixo e acham que é uma verdade absoluta, quando as pessoas acreditam no comediante e são enganados pelo político. Devemos prestar atenção no que o político fala e deixar pra lá o que o comediante fala, porque o comediante quer cutucar a ferida, ele quer tirar o tabu da cabeça das pessoas. É meio que a nossa função dentro do humor. Eu acredito nisso.
O Danilo tomou uma parte meio que anti-PT. Ele deixou bem claro que é contra o governo. Tu achas que o humorista pode tomar posição ideológica?
PS: Cara, a gente vive numa democracia. Cada um pode expressar o que quiser. Mas eu acho confuso colocar uma opinião tão forte. O Danilo não vive no meio da política. Na verdade, ele acha como qualquer outro brasileiro. Lá dentro existem coisas que a gente não faz ideia do que tá acontecendo. A Dilma vai sair, vai queimar a Dilma em praça pública e tal… A lista [do Petrolão] não vai desaparecer. Aquela lista de PP, PMDB, PSDB, PITU, VAITOMARNOCU, todo mundo tá lá. Então aquela lista não vai ser apagada, tá entendendo? Então as coisas estão como estão. Então não adianta querer achar que uma pessoa, mesmo que seja que o PT inteiro, vai mudar alguma coisa. A máquina tá podre. Eu já não votava há mais de 16 anos, e eu votei nessa última na Dilma e não porque eu queria a Dilma, mas é porque foi o que me restou. Eu tinha que escolher o cocô do cavalo ou o do bandido, e eu escolhi o do cavalo. Talvez o do bandido a gente nem possa chegar perto, porque eu não acredito que o Aécio, se ele estivesse aí, tudo ia ser diferente. Não acredito, eu acho uma hipocrisia. Tem que ter uma reforma política, todo mundo conversa. Eu fui pro Japão algumas vezes e reparei que a política lá é muito foda. Eles fazem plebiscito até pra tirar estatua. Então o povo governa junto com os governantes, mas infelizmente aqui no Brasil está tudo errado, a máquina tá toda podre, a gente começou errado lá com Dom Pedro que veio pra cá de castigo pô. Aí ele fez essa merda aí.
Por quê a MTV clássica acabou?
PS: Cara, é… Você compra um açougue, aí você brinca “ah, vou brincar de açougueiro”, aí você vende carne pra caralho, daí você fala que não quer mais ser açougueiro. “Ah, vou deixar esse açougue aqui, vou parar de investir nele e vou investir em outro lugar”. Os donos desse açougue eram os Civitas, donos da empresa Abril. Abril vende papel, Playboy, Superinteressante… O papel não está sendo mais vendido, ninguém mais compra Playboy. O cara vê no WhatsApp a Playboy inteira se ele quiser, ele recebe tudo na internet. Então a indústria, a empresa deles, que o mais forte era o papel, foi se perdendo. Eles pararam de investir na MTV e a MTV começou a ter uma queda brusca de investimento porque ela não surgia. E mataram a MTV antes dela morrer. Começaram a falar que ia fechar três anos antes, então o anunciante não anunciava. Então os donos falaram, quando acabar o acordo, cansamos dessa brincadeira e a gente não tem mais. Então a MTV Brasil acabou e veio essa MTV gringa, que não tem muito a ver com a nossa programação e tem pouca coisa produzida aqui. Mas foi legal enquanto durou. A MTV foi foda pra cacete. Nunca vi um lugar tão liberal, tão anárquico e tão família, só agora que tô na Globo. Amo vocês, Globo.