Por Jefferson Luchtenberg
A chamada exibida antes da estreia já alertava: “Não, você não errou de canal”. O que se viu a seguir realmente causou estranheza, foi algo inédito! A Rede Globo desceu de seu pedestal para rir de si mesma e dos concorrentes. Esse foi o tom adotado por Tá no Ar: A TV na TV, novo programa de Marcelo Adnet e Marcius Melhem. A atração surpreendeu pela liberdade editorial e referências claras às outras emissoras e suas atrações. O programa é compacto, com 25 minutos de duração, baseado em esquetes rápidas e será exibido às quintas-feiras, na terceira linha de shows da emissora.
O que se viu na tela foi a experiência de zapear por outros canais sem sair da Globo. Até mesmo uma barra de programação, característica da TV a cabo na troca de canal e com informações sobre o programa exibido, é usada pra criar essa ilusão. O expediente já foi usado por Adnet na época do Comédia MTV. Alias, esse parece o grande trunfo do programa, a volta de Marcelo da época da emissora musical.
O programa atirou para todos os lados e acertou na graça. Desde propagandas famosas até os programas jornalísticos e seriados foram ironizados. A Friboi de Roberto Carlos virou a Fribofe, onde um garçom serve uma refeição para um deputado de cabelos impecáveis e seu amigo forte e másculo. “Mas o Deputado não era contra?”. “Mas esse rapaz é Fribofe”, responde o político com um sorriso. A extinta Sex in the City vira “Sexy Indecisa” sobre uma mulher, variações de humor e suas amigas.
Cidade Alerta e Brasil Urgente, da Record e Bandeirantes, viram “Jardim Urgente”, um programa policial sobre os crimes infantis. O âncora do programa, claramente uma mistura de Datena e Rezende, pede aos gritos a redução da maioridade penal para um ano e meio. O fenômeno infantil Galinha Pintadinha aparece na versão candomblé, a “Galinha Preta Pintadinha” com músicas sobre macumba.
Os jornalistas de opinião também foram satirizados, com colegas e emissora desautorizando a opinião sem base dada pelo profissional. Algo que lembra a trajetória de Raquel Sheherazade e o repúdio de seus colegas do SBT. Ainda entraram na roda o ícone Silvio Santos que diz estar na emissora errada e Dr. House que vira Dr. Sus, o médico de um único diagnóstico: é virose!
O cenário político também não escapou. Criança Esperança virou “Fiança Esperança” para arrecadar dinheiro para políticos condenados pelo mensalão. E durante todo o programa um ativista/crítico reclama das escolhas de Rede Globo de Televisão e seu pensamento retrógrado. Numa das falas o personagem diz que a Globo não autoriza a menção do nome das concorrentes e cita SBT, Rede TV e Bandeirantes até a transmissão ser cortada.
O elenco do programa é grande, mas nele se destaca Renata Gaspar. A moça era a única coisa boa do extinto Saturday Night Live brasileiro. No programa de Rafinha Bastos ela dava show interpretando Carminha e Nina, numa paródia de Avenida Brasil. Ela também é queridinha da publicidade e pode ser vista em diversos comerciais atualmente.
As críticas nas redes sociais foram positivas, geralmente no comparativo com TV Pirata, humorístico do final dos anos 80. Encerrando o programa foram ao ar simulações de falas de telespectadores. “Aquele Adnet era mais engraçado na MTV”, diz uma delas e a outra acrescenta: “Ainda bem que eles debocharam foi dos macumbeiros e deixaram meu Jesus em paz”, uma deixa para o rap de JC de Nazaré. A temporada de estreia segue no ar até o dia cinco de junho e recebe Fátima Bernardes para uma participação especial.
Assista ao primeiro episódio na íntegra neste link.
[…] com 16,5 de média em plena madrugada. Outro acerto em desse ano foi a primeira temporada de Tá no Ar: A TV na TV, uma das melhores coisas da TV neste ano em escala mundial. Já falamos dela […]
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