Um dos melhores e definitivamente o maior filme de super-heróis de todos os tempos
Já foi provado que os personagens da Marvel têm mais poder nas bilheterias do que os da DC Comics. Tudo bem que Batman – O Cavaleiro das Trevas ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão mundialmente, algo que nenhum longa como Homem-Aranha ou X-Men conseguiu. A Marvel resolveu, então, se tornar um estúdio. Junto dessa iniciativa, veio a ideia ambiciosa de fazer a maior reunião de super-heróis da história do cinema. Mas para que isso acontecesse, o estúdio tinha que pavimentar esse caminho.
Tudo começou com Homem de Ferro, em 2006. O longa-metragem dirigido por Jon Favreau e estrelado por Robert Downey Jr. serviu tanto para ressuscitar o estrelato deste, como conseguiu cativar a audiência com ação e doses de bom humor. Desde esta primeira película, a Marvel foi colocando pequenas pistas durante seus filmes, além das famosas cenas pós-créditos para apontar em direção à reunião de super-heróis. Em alguns longas, a inserção é um pouco forçada, contudo tudo isso serviu para um propósito – ou filme – maior.
Hulk, Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Gavião Arqueiro, Viúva Negra. Todos estes heróis do universo Marvel estão reunidos em Os Vingadores, um dos melhores filmes de super-heróis de todos os tempos. Para criar esta obra que parecia ser impossível de conceber com perfeição, foi chamado Joss Whedon, diretor pouco conhecido do público. Ele é dono das séries Firefly e Buffy – A Caça-Vampiros, além de ter escrito o roteiro do primeiro Toy Story. Pode parecer um pouco arriscado entregar um filme de tamanha grandeza para alguém como ele, mas Whedon mostra toda a sua capacidade como roteirista e diretor aqui, num trabalho fenomenal.
Como conversava com meus amigos, só havia duas alternativas para Os Vingadores: ou seria um filmaço, ou seria uma catástrofe. Porque pegar vários personagens, conseguir dar importância e profundidade à todos e ainda criar uma história coesa, que prenda a atenção do espectador e não apele para clichês, era uma tarefa árdua. Nunca se fez um filme dessa magnitude em Hollywood, por isso todo cuidado era pouco. Felizmente, Whedon transforma o projeto na primeira opção.
Tentarei falar sem dar spoilers, mas é possível que saia um segredinho ou outro no meio do texto, então esteja avisado. Pois bem, o longa começa dentro das instalações da S.H.I.E.L.D., na tentativa de compreender o cubo mágico. Eis que Loki (Tom Hiddleston) aparece e rouba o objeto. Esta primeira cena já dá o tom de ação que muita gente estava esperando e a fuga do personagem é alucinante. Com este roubo, Nick Fury (Samuel L. Jackson) não vê outra opção a não ser juntar os improváveis soldados.
O longa vai mostrando um personagem de cada vez, caminhando sem pressa para que a reunião tão sonhada por muitos nerds, geeks e afins ocorra. Há a construção de cada personagem e todos têm suas motivações para estar ali. O roteiro é bem acabado, não dando relevância em demasia pra nenhum super-herói. Claro que o Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) tem algumas das melhores falas, até porque seu personagem tem as melhores condições de fazer piadas, mas em momento algum alguém se torna o foco, descentralizando a equipe. Todos têm a mesma importância e são tratados na mesma medida, com o mesmo tempo em tela.
Deixando de lado a preocupação de que talvez esse fosse o filme do Homem de Ferro e outros heróis, outra incógnita era se o longa teria só um emaranhado de cenas de ação ou um filme com conteúdo. Não dá pra esperar um Batman – O Cavaleiro das Trevas de Os Vingadores, até porque o que Christopher Nolan faz é outra coisa completamente diferente. Os Vingadores tem uma trama bem amarrada, mas nada espetacular. O final é previsível. No entanto, o longa é realmente das relações entre seus personagens. Assim como nos quadrinhos, a relação entre eles é conturbada. É um embate de egos inflados e heroísmo excessivo. Muitas cenas contêm brigas braçais entre os protagonistas. Elas acrescentam muito ao longa, tanto em conteúdo quanto em espetáculo visual.
Uma ótima sacada de Whedon é inserir o humor. Eu ri muito mais em Os Vingadores do que ri em qualquer filme do Adam Sandler. O diretor sempre foi bom em criar situações cômicas em suas obras, e aqui ele não faz diferente. Até nos momentos de mais tensão cabe uma piadinha. Outra coisa boa é que o filme não se leva tão a sério assim. Os momentos que beiram o drama não caem na chatice e nem arrastam o longa para um caminho mais soturno. Os Vingadores é alegre, colorido e barulhento. É uma verdadeira aventura sem limites para a diversão.
Além de uma direção e um roteiro satisfatórios, a película também se dá bem devido ao elenco. Robert Downey Jr. continua inspiradíssimo como Tony Stark; Chris Hemsworth está menos arrogante como Thor; Mark Ruffalo dá o tom perfeito para Bruce Banner/Hulk por ser um ator de minúcias e contido; Chris Evans está perdido no meio do mundo moderno como o Capitão América; Scarlett Johansson aprimora a personalidade de Viúva Negra; Samuel L. Jackson continua se divertindo na pele de Nick Fury; e Tom Hiddleston entrega uma performance deliciosamente malvada e irretocável do sádico, irônico e louco Loki. Em suma, todos estão ótimos em tela e a química entre o núcleo é inegável.
Os Vingadores é um filme que prova que é possível colocar em cena diversos personagens e ainda assim conseguir dar atenção e profundidade o suficiente para cada um deles, sem deixar de lado a ação. Os fãs de quadrinhos certamente vão amar a película, especialmente por haver diversas passagens que se assemelham – e muito! – com as HQs. Mas não se preocupe. Quem só curte os longas da Marvel não irá se desapontar. Com cenas de ação épicas de tirar o fôlego, efeitos especiais embasbacantes e um 3D que consegue trabalhar perfeitamente a tridimensionalidade (a noção de profundidade, em especial), Os Vingadores é uma aventura perfeita e merece cada centavo que arrecadar por entreter com tantos méritos. O que poderia ser uma bagunça, acaba sendo o melhor filme feito em 2012 até aqui. Uma obra feita para todas as audiências.
Marvel’s The Avengers
EUA, 2012 – 142 min
Ação
Direção:
Joss Whedon
Roteiro:
Joss Whedon
Elenco:
Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Tom Hiddleston, Clark Gregg, Cobie Smulders, Stellan Skarsgård, Samuel L. Jackson, Gwyneth Paltrow, Paul Bettany