Once Upon a Time | Primeiras impressões

Once Upon a Time – 1×01: Pilot
EUA, 2011 – 43 min
Aventura

Direção:
Mark Mylod
Elenco:
Ginnifer Goodwin, Jennifer Morrison, Lana Parrilla, Josh Dallas, Jared S. Gilmore, Raphael Sbarge, Jamie Dornan, Robert Carlyle

O ano é 2007. Foi quando Amy Adams (indicada três vezes para o Oscar) começou a ser realmente conhecida por Hollywood e o mundo inteiro. Ela interpretou uma princesa de um mundo de faz de conta em Encantada. Apesar de ser um filme da Disney, ele brincava com o próprio acervo de longas-metragens do estúdio. Uma princesa fora das fábulas, inserida no mundo real. É uma verdadeira brincadeira e que deu certo. Encantada é uma película divertida, mantendo o equilíbrio entre a fantasia e a sátira. Essa mistura de contos de fada com a selva de pedra em que vivemos só deu certo porque foi encarada com bom humor. Agora tentem imaginar isso sendo levado a sério.

Once Upon a Time seria uma visão muito mais séria deste caso, o que torna difícil de ser levada a sério. Eu me pergunto: quem foi o “gênio” que teve esta ideia? Sempre há visões de como tornar qualquer coisa mais sombria nesses tempos, especialmente após Batman – O Cavaleiro das Trevas, mas fazer com que Branca de Neve realmente se torne um drama real dentro do contexto em que vivemos hoje? É até criativo, mas é uma criatividade ruim. E sim, você não leu errado, a série é acerca da Branca de Neve.

O episódio piloto começa com o Príncipe Encantado (Josh Dallas) indo ao encontro de Branca de Neve (Ginnifer Goodwin) dentro da floresta. Ela está dentro de um caixão, morta e com os sete anões ao redor dela. Ele lhe dá um beijo e ela retorna à vida. Branca se casa com o príncipe e está grávida. A Rainha Má (Lana Parrilla) então coloca um feitiço fazendo com que eles se transportem para uma nova realidade (a do mundo real), onde eles se esquecem por completo que fazem parte de um conto de fadas.

Henry (Jared S. Gilmore) é um garotinho que viaja vários quilômetros para encontrar Emma Swan (Jennifer Morrison), mulher que lhe deu para adoção após seu nascimento. Ao encontrar sua mãe biológica, ele alega que ela faz parte de um conto de fadas e que precisa da ajuda dela para colocar todas as coisas no lugar. Emma tem um dom de saber quando a pessoa está falando a verdade ou mentindo, então percebe sinceridade no garoto. Ela vai levá-lo para casa e precisa lidar com os pais adotivos dele, além de outra fuga do mesmo.

Este é um resumo preciso do que acontece neste piloto. É complicado avaliá-lo, pois em muitos momentos eu me senti envergonhado de estar assistindo-o. Primeiramente porque o episódio abre com um cavalo branco e um príncipe encantado e todo aquele clichê especificado acima no texto. Só com este início já é possível dar algumas risadas. As atuações caricatas do elenco no conto de fada transformam Once Upon a Time numa comédia involuntária. É impossível levar a sério. Leia o resumo da história descrita logo acima em voz alta e perceba o quão absurdo soa.

Já no mundo real, as insinuações ao conto de fadas também são impagáveis. Cidra de maçã? Sério? São piadas prontas para divertir o espectador. Além disso, a trama é feita de forma forçada e chata. A insistência do garoto em dizer que Emma é de um mundo de fantasia é irritante, e a cara de “não sei o que estou fazendo aqui” de Jennifer Morrison é ainda mais brochante.  O pior é que o elenco não é ruim. A própria Morrison, desde que saiu de House, não emplacou mais nada decente, mas ela é uma boa atriz. Uma pena vê-la sendo desperdiçada em algo assim. Há até Robert Carlyle no elenco, passando vergonha como qualquer outro por aqui com olhares e bocas dispensáveis.

Nem neste, nem em outro mundo Once Upon a Time é feito para ser levado a sério. Se seguisse algo nos moldes de Encantada, acredito que seria mais interessante. De verdade. Se risse de si próprio, a série ganharia muito mais. No entanto, a intenção é realmente fazer com que o espectador leve tudo isso a sério, como se fosse um drama com personagens densos e uma trama sombria. Apesar de a intenção ser essa, o tiro sai pela culatra e a vergonha alheia é o sentimento que reina neste piloto de qualidade altamente questionável.

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